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Mostrando postagens de dezembro, 2025

EVERALDO, ALOÍSIO E OS PROFESSORES LEIGOS

                                                  José Aloísio de Campos   Jorge Carvalho do Nascimento     A reforma do ensino estabelecida em 1971 pela lei 5.692 extinguiu os cursos primário e ginasial e pôs fim aos exames de admissão ao ginásio, uma das mais perversas dentre as muitas formas de seletividade que a educação brasileira conhecia. Até o início da vigência da lei 5.692/71 estava estabelecida a obrigatoriedade de, no mínimo, quatro anos de escolarização, correspondentes ao ensino primário, para todos os brasileiros. Com a nova legislação, aos quatro anos do ensino primário foram somados mais quatro que no regime anterior diziam respeito ao curso ginasial. A lei 5.692 extinguiu os exames de admissão e criou o ensino de primeiro grau, com oito anos de duração, obrigatório para todos os brasileiros, ampliando em quatro anos o tempo mínimo ...

EVERALDO, MARIA DA GLÓRIA E O ATHENEU

                           Jorge Carvalho do Nascimento     A escolha da professora Maria da Glória Costa Monteiro, em 1975, para dirigir o Atheneu Sergipense foi elogiada por muitos sergipanos, mas também foi uma fonte permanente de críticas que Everaldo Aragão Prado recebeu como secretário da educação. Como Everaldo, Maria da Glória não era afeita ao diálogo com as lideranças políticas e tomava medidas muito rigorosas que terminavam se transformando em fontes de problemas políticos que desgastavam a imagem de Everaldo como gestor público. Era frequente o noticiário a respeito de decisões que a diretora do Atheneu tomava e que eram vistas como exageradas por pais de alunos e por parlamentares. O jornal Gazeta de Sergipe noticiava quase diariamente conflitos entre a direção do Atheneu, estudantes, professores e pais de alunos. Na edição do dia quatro de maio de 1977, o jornal denunciou o excesso de rigor da ...

O JOÃO MACHADO DE JOSEVANDA

  Jorge Carvalho do Nascimento     A produção de um estudo capaz de apanhar as memórias dos que se opuseram, em Sergipe, à última ditadura militar ainda não considerou adequadamente aqueles que no ponto de partida apoiaram o golpe militar de 1964, mas depois fizeram uma inflexão e assumiram uma posição de críticos em face das agressões ao texto constitucional, das prisões ilegais, da tortura e de toda sorte de perseguições registradas contra os adversários do regime. Em todo Brasil existem estudos que cuidaram da posição de importantes líderes políticos e de intelectuais que no primeiro momento aplaudiram os generais golpistas, mas, logo em seguida, entenderam que aquele não era o caminho mais adequado. Acabei de ler O HOMEM E SEU TEMPO, biografia de João Machado Rollemberg Mendonça, agora com 98 anos de idade. O livro foi escrito pela historiadora Josevanda Mendonça Franco, numa edição da Gráfica Editora J. Andrade. Em 290 páginas resultante de uma pesquisa cuidadosa, Jo...

EVERALDO, A POLÍTICA E JACKSON BARRETO

                                                Jackson Barreto     Jorge Carvalho do Nascimento     Uma das maiores dificuldades que Everaldo Aragão Prado enfrentou na gestão da política educacional sergipana foi a sua notória limitação em dialogar com os líderes da vida política do Estado de Sergipe, principalmente com aqueles que esboçavam posições opostas às suas. No parlamento, um dos maiores críticos da gestão de Everaldo foi o deputado estadual oposicionista Jackson Barreto de Lima, do Movimento Democrático Brasileiro – MDB. Eram várias as motivações que Jackson encontrava para criticar as ações ou a inação de Everaldo. Irônico, em abril de 1977, Jackson discursou na tribuna da Assembleia Legislativa “dizendo que as últimas atitudes assumidas pelo Secretário da Educação, Everaldo Aragão, configuravam um estado de insanidade mental”. Tal discu...

AVE CESAR! AVE GILVÂNIA!

                                                  Gilvânia Guimarães   Jorge Carvalho do Nascimento     Normalmente eu uso meus espaços na internet escrevendo textos sobre temas da História, de um modo geral, da História da Educação, da História dos Costumes, da História Política do Brasil. Não tenho o hábito de polemizar nem de falar da política contemporânea, seja para elogiar ou para criticar. Mas, hoje vou me permitir abrir uma exceção e farei dois comentários em face de decisões tomadas pelo governador Fábio Mitidieri que me agradaram como cidadão e como estudioso da política educacional e da História da Educação. A história já deu provas suficientes de que o governador Mitidieri acertou ao tomar posse em 2023 e nomear para o cargo de secretário da educação o seu vice-governador, José Macedo Sobral, o Zezinho Sobral. Nascido no município sergip...

EVERALDO, NILO JAGUAR E O BATISTÃO

                                                  Nilo Jaguar   Jorge Carvalho do Nascimento     Se os primeiros meses do trabalho de Everaldo Aragão Prado como secretário da educação e cultura do estado de Sergipe foram vistos com muita simpatia, em face do seu perfil de técnico competente, algumas decisões administrativas tomadas por ele fizeram com que surgissem grupos de críticos que se colocaram como opositores do seu trabalho. Os críticos afirmavam sempre que Everaldo tomava decisões sem ouvir ninguém e impunha o seu entendimento sem aceitar nenhum tipo de ponderação daqueles que divergiam do seu modo de decidir e possuíam propostas contrárias às suas. Particularmente duas questões fizeram com que ele enfrentasse tensões muito dificultosas: a designação da professora Maria da Glória Costa Monteiro para dirigir o Colégio Estadual Atheneu Sergip...

A POLÍTICA CULTURAL DE JOSÉ LEITE, EVERALDO ARAGÃO E LUIZ ANTÔNIO – PARTE 2

                                                  José Anderson Nascimento   Jorge Carvalho do Nascimento     O Programa de Edição de Obras de Grandes Vultos Sergipanos e de Álbuns, Discos e Outras Publicações da Cultura Popular de Sergipe representou um impulso significativo nas atividades da política cultural entre os anos de 1975 e 1979. Tal programa possibilitou a publicação, dentre outros, dos seguintes livros: HISTÓRIA DE SERGIPE, de Felisbelo Freire; ESTUDOS SOBRE A POESIA POPULAR DO BRASIL, de Sílvio Romero; A LÍNGUA NACIONAL, de João Ribeiro; REALIDADES E ILUSÕES NO BRASIL, de Sílvio Romero; ESTUDOS DE DIREITO – Vols I e II, de Tobias Barreto; ESTUDOS ALEMÃES, de Tobias Barreto; CRÍTICA DE RELIGIÃO, de Tobias Barreto; DIAS E NOITES, de Tobias Barreto; DEPOIMENTOS, de Tobias Barreto; CRÍTICA LITERÁRIA, de Tobias Barreto; MONOGRAFIAS EM ALEMÃ...

O MAIS FRANCÊS DOS ABRASILEIRADOS – BERNARD CHARLOT

                                                      Bernard Charlot   Jorge Carvalho do Nascimento     Em 1983 eu era aluno do Mestrado em Educação no Programa Educação: História, Política e Sociedade da Pontifícia Universidade Católica – PUC de São Paulo. Fiz a minha primeira matrícula como mestrando no segundo semestre de 1982 e estava deslumbrado com as descobertas que vinha operando. Na PUC, à época, existia um vigoroso e saudável embate teórico entre duas importantes correntes do pensamento educacional brasileiro, ambas comprometidas com o combate ao pensamento pedagógico tecnocrático que dominara a Pedagogia brasileira durante a ditadura militar, naquele período vivendo os seus extertores. Além do Programa no qual eu havia feito matrícula, também era muito forte o Mestrado em Educação: Supervisão e Currículo. As duas principais lid...

A POLÍTICA CULTURAL DE JOSÉ LEITE, EVERALDO ARAGÃO E LUIZ ANTÔNIO – PARTE 1

                                                    Antônio Garcia Filho   Jorge Carvalho do Nascimento     O secretário da educação e cultura, Everaldo Aragão Prado, e o governador José Rollemberg Leite combinaram entregar a Luiz Antônio Barreto a gestão da política cultural do estado de Sergipe. Foi com este objetivo que Luiz assumiu a condição de chefe da Assessoria para Assuntos Culturais da Secretaria da Educação e Cultura. Desde o primeiro ano do governo, a ação cultural do poder executivo sergipano ampliou-se por todas as áreas, especialmente no folclore, na música, nas letras e na documentação. Ao lado de Luiz Antônio Barreto, cuidando da normatização das atividades culturais estavam Antônio Garcia Filho, presidente do Conselho Estadual de Cultura, e José Anderson Nascimento, secretário geral do mesmo colegiado. De resto, é importante c...

O MEU FILME DE VERÔNICA

                                                  Verônica Maria Menezes Nunes   Jorge Carvalho do Nascimento     A minha memória mais remota me remete ao ano de 1969, na sala de aula do Atheneu, estudando com o hoje engenheiro civil Antônio Fernando Nunes. No filme que passa na minha retina surgem, ainda no Atheneu, Vera Marta que mais tarde se estabeleceu profissionalmente como professora de educação física. José Correia Nunes Filho, o Zelito, depois bacharel em direito, advogado e oficial de justiça, também é personagem quando estudante do Atheneu, sempre bem humorado e fazendo amigos. Sílvia Helena, Lauro Henrique e Geraldo Luiz, os outros irmãos de Verônica, aparecem em imagens difusas e desfocadas. Nunca estabeleci com eles uma relação de amizade mais permanente como consegui fazer com os três que citei inicialmente. O foco em Verônica Maria M...