Jorge
Carvalho do Nascimento*
O
jornalista Luiz Daniel Baronto chamou a atenção, em depoimento ao autor deste
texto, para uma característica do colunismo social em Sergipe que vigorou até o
final da década de 60 do século XX: o amadorismo. Praticamente as formas de
remunerar o trabalho de quem escrevia coluna social eram simbólicas. Alguns
jornalistas trabalhavam voluntariamente, assumindo a responsabilidade por esse
tipo de atividade.
De
acordo com Baronto, “naquele tempo nem passava pela cabeça de um colunista da
época ganhar qualquer coisa escrevendo. Nós não tínhamos nem carteira
profissional assinada. Nem éramos pagos para fazer a coluna social. Nós fazíamos
por diletantismo, gostávamos de fazer, mas não ganhávamos nada”.
A
coluna social somente se transformaria em um negócio rentável a partir da
década de 1970. Alguns jornalistas tiveram competência para negociar com os
donos de jornal e fazer com que se elevassem os resultados econômicos da
atividade, seja através da remuneração que recebiam ou empresariando a compra e
venda de espaços publicitários em face do desempenho da coluna.
Deste
modo, a coluna social ganhou maior importância e os colunistas sociais passaram
a ter projeção cada vez mais proeminente. Foi a geração de colunistas que atuou
a partir da década de 1970 que passou a comprar espaços no jornal e vender os
mesmos espaços para os patrocinadores da coluna.
Contudo,
seja o colunismo social rentável ou não, a atividade sempre dividiu opiniões e
tocou sensibilidades. Normalmente, as pessoas pertencentes ao chamado grupo do
high Society, os conhecidos colunáveis consideram da maior importância a
publicação desse gênero especializado do jornalismo.
Normalmente
são críticos ferrenhos da coluna social aqueles que normalmente não frequentam
tal espaço. Para Luiz Daniel Baronto, os que não são citados consideram bobagem
a publicação daquilo que para a coluna social é notícia. Entendem que não tem
nenhuma importância o registro de “aniversários, casamentos batizados e coisas
desta natureza”.
Segundo
ele, a coluna social não pode ficar restrita apenas a esse tipo de registro. É
necessário que ela contenha também a anotação de outros fatos. “A coluna não
pode ser apenas a observação de quem foi à festa com quem. Se for assim, a
coluna se reduz a uma coisa muito pequena”.
Diferente
da posição de alguns outros colunistas, Baronto afirma que continua a haver
espaço para a publicação de coluna social. “A grande prova que há espaço é a
jornalista Thais Bezerra. Ela publica um caderno semanal, num período em que
não é mais importante a movimentação dos clubes sociais”.
Até
o final da década de 1970, os clubes sociais eram o espaço no qual efetivamente
ocorriam as atividades que chamavam a atenção dos grupos da elite e mereciam
referência e amplos comentários. Daniel Baronto traçou um quadro da vida nos
clubes sociais da cidade de Aracaju na década de 1960.
Segundo
o colunista, naquele período havia “a Associação Atlética de Sergipe, com a boate
Segredo, além das festas normais de carnaval e réveillon; tinha o Iate Clube de
Aracaju, com a boate Catavento; e, tinha três clubes mais simples: o Vasco, o
Cotinguiba e um clubezinho que eu gostava, onde havia uma banda fantástica, que
era o Clube dos Militares”.
Este
último clube funcionava na rua São Cristóvão e, de acordo com Luiz Daniel
Baronto, era uma banda que chamava a atenção. O jornalista esclarece que era
frequente naquele espaço: “Eu gostava de ir lá, não como colunista, porque eu
não teria sobre quem falar ali. Eu ia porque eu gostava. Era uma banda muito
boa, muito animada”.
Os
clubes sociais da cidade de Aracaju viveram o seu declínio no início do século
XXI. Intérprete da vida social, mesmo sem exercer nenhuma atividade na mídia,
Luiz Daniel Baronto acompanhou a decadência. “Você viu a Associação Atlética no
que deu. O Iate hoje está todo fatiado para sobreviver. E também o que acontece
com o clube é que você vai ver sempre as mesmas pessoas. E as vezes as pessoas
não querem isto. É como condomínio quando faz festa”.
Sob
o contexto da saga dos clubes sociais, o Clube dos Médicos de Aracaju, que fez
muito sucesso na Praia de Atalaia durante mais de 10 anos, é um bom exemplo e
também foi citado nos comentários feitos por Luiz Daniel Baronto. “O que menos
você via era médico, porque eles não aguentavam mais. O Clube dos Médicos era
muito bom. Era uma casa que pertenceu ao empresário Marinho Tavares. Os médicos
compraram e fizeram um clube muito bom.
*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.
Parabéns pelo excelente artigo!
ResponderExcluirDaniel, de certa forma, analisou e criticou o colunismo social ao declarar que, no início, o faziam por diletantismo. Exatamente, eram pessoas do mesmo meio e não tinham necessidade de dinheiro, pois já o tinham. Esses foram os que melhor escreveram, pois daquele contexto entendiam.
ResponderExcluir