Jorge
Carvalho do Nascimento*
Viúvo de Ana
Maria Selmi Dei Guimarães desde junho de 1981, Archimedes era pai de cinco
filhas, todas baianas. Era uma família muito unida que desfrutou de vida social
equilibrada. As meninas tiveram uma juventude saudável e farta, tanto em
Salvador como em Belo Horizonte.
Quando
Arquimedes retornou a Salvador, em
Vivendo outra
vez em Salvador, Archimedes era um provedor que não deixava faltar nenhum amparo
econômico e viajava frequentemente a Belo Horizonte para conviver com a mulher
e com as filhas.
Antonieta, a
primeira filha de Archimedes, nasceu em Salvador, nos idos de 1927, e teve como
padrinho o professor Anísio Teixeira, amigo do engenheiro. Poucos dias após a
chegada da menina ao mundo, Archimedes enviou uma foto da criança a Anísio, que
se encontrava em viagem de estudos nos Estados Unidos da América. O pedagogo
baiano agradeceu: “Recebi o retrato de sua filhinha e o felicito vivamente,
assim como à sua senhora, pelo esplêndido baby”. Antonieta morreu em 1973, aos
46 anos de idade.
A segunda filha,
Graziela, chegou um ano depois, no dia 13 de junho de 1928.
Iolanda, a
terceira, nasceu em novembro de 1929 e casou com o médico Dauro Manso Cabral,
um mineiro nascido em 1923. O casal morava à rua Carangola, no bairro Santo Antônio.
Eloísa, que as
irmãs tratavam carinhosamente como Luluca, nasceu no dia 15 de junho de 1942,
quando Mafalda já contava com 10 anos de idade, e durante toda a vida se
orgulhou da sua cor branca. Em 1960, aos 18 anos de idade, conseguiu uma bolsa
de estudos com a ajuda do pai e permaneceu durante um ano aprimorando os seus
conhecimentos da língua inglesa, nos Estados Unidos da América.
Em 1971, Heloísa
ingressou na Petrobrás, onde trabalhou durante 10 anos, até a sua
aposentadoria, em 1981, em face da sua doença mental. Colou grau e casou-se, em
1972, com o mineiro Delani Elísio Prado, seu colega no curso de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais, um ano mais novo que ela.
Logo após o
matrimônio, o casal mudou-se para Itajubá, onde Delani e Heloísa exerciam o seu
trabalho como advogados. Ela advogou, ajudando o marido, até os 33 anos de
idade, em 1975, quando foram viver em Belo Horizonte, na residência dos pais
dela.
Heloísa começou
a reclamar de crises de insônia e à noite costumava deixar o marido na cama,
transferindo-se para o quarto da mãe, que também passou a atuar como
apaziguadora dos desentendimentos da filha com o marido. Sob a representação de
Heloísa, a sua mãe era responsável pela alegria da casa, transmitia carinho e
afeto ao marido e a todos os filhos.
Até mudar-se
para a casa do seu pai, ela aparentara ser uma pessoa dócil, mas pouco a pouco
começaram a surgir sintomas de agressividade, que desfizeram a aura de mulher
perfeita que a família construíra em torno da filha caçula. Durante três
décadas Heloísa fora, aos olhos da família, aquela menina capaz de tudo fazer
com perfeição. Era erudita, meiga, educada, dedicada a trabalhos manuais,
culinários, costura, manicure, cabeleireira, poliglota, fluente em Inglês,
Francês, Alemão, Espanhol, Japonês e Italiano. Gostava de música e aprendera,
como autodidata a tocar piano, acordeon e violino.
*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da
Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.
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