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PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - XXXII

                                              Anderson Nascimento

 

 

Jorge Carvalho do Nascimento*

 

 

José Anderson Nascimento estreou como colunista social no dia primeiro de dezembro de 1963, quando o jornal Gazeta de Sergipe circulou pela primeira vez com oito páginas que marcaram diariamente a sua edição a partir daquela data. No novo formato do jornal apareceu a coluna social assinada por Anderson: Background.

De acordo com depoimento do próprio Anderson, sua aproximação com a Gazeta de Sergipe foi possibilitada pelo fato de ele haver trabalhado no Gabinete do então prefeito de Aracaju, Godofredo Diniz, juntamente com o jornalista Nino Porto, que atuava como repórter da Gazeta.

Nino era também jornalista no Gabinete do chefe do Poder Executivo municipal. O repórter era muito ligado ao jornalista Pascoal Maynard, redator-chefe da Gazeta de Sergipe. Acompanhando Nino, Anderson começou a conviver com a equipe do jornal, sempre no final da noite, no horário de fechamento da edição de cada dia.

Nesses encontros, Anderson passou a conviver com jornalistas como Pascoal Maynard, José Rosa de Oliveira Neto, Antônio Lopes, Renato Chagas e outros nomes influentes da mídia impressa naquele período. Anderson era jovem e todo esse grupo com o qual conviveu era formado por pessoas já maduras e experientes.

José Rosa de Oliveira Neto era a figura mais influente do Conselho Editorial da Gazeta e assumiu a responsabilidade pela estruturação do novo formato do jornal que dobraria o seu número de páginas, passando de quatro para oito páginas diárias. José Rosa era responsável pela orientação técnica e sempre muito ouvido pelo diretor geral, Orlando Dantas, no que dizia respeito a linha editorial.

Como Orlando Dantas, José Rosa era em Sergipe um dos líderes do Partido Socialista Brasileiro – PSB, pelo qual o diretor geral exercera mandato, representando Sergipe e ocupando uma cadeira na Câmara Federal. Partiu de José Rosa o convite para que na inauguração do novo formato do periódico, Anderson estreasse também como colunista, assinando uma coluna social.

O novo formato circulou com vários colunistas e jornalistas responsáveis por seções permanentes do prestigiado diário. A coluna Sétima Arte era assinada por Ivan Valença. Mesmo sem que Orlando Dantas assinasse, toda a população do Estado de Sergipe sabia ser responsabilidade sua o editorial. A coluna Pessoas & Fatos foi entregue a Jurandyr Cavalcante, um jornalista que também era odontólogo. A sua coluna se destinava a divulgação de atividades empresariais e outros assuntos de interesse da economia local.

Além desta coluna, havia uma outra voltada para o mesmo tema: Economia & Finanças, assinada por Francisco Rosa Santos. O jornalista Jurandir Santos era responsável pelo noticiário esportivo do jornal. Havia uma coluna intitulada Pronto Socorro, assinada pelo jornalista José Alberto. O jornal dava voz também aos interesses dos trabalhadores, por intermédio da coluna Vida Sindical, dirigida por Carlos Alberto. O jornalista Juarez Ribeiro mantinha a coluna Reclamações do Povo.

A Gazeta de Sergipe manteve a partir de primeiro de dezembro de 1963 duas colunas voltadas aos temas do chamado high Society. Sociedade, assinada por Olympio Seixas e Background, por José Anderson Nascimento. Anderson era frequentador do high Society, presente sempre nas festas, nos clubes e em outros espaços da alta sociedade.

Ademais, Anderson Nascimento era um frequentador assíduo dos dois mais importantes palácios da cidade de Aracaju. O Palácio Inácio Barbosa, sede do governo municipal, e o Palácio Olympio Campos, endereço do Gabinete do Governador do Estado de Sergipe, João de Seixas Dórea.

A sua família mantinha ligações com o governador sergipano e Anderson era assessor do prefeito da capital do Estado. Portanto, os dois ambientes eram espaços presentes na vida do jovem colunista e também locais pelos quais passavam as pessoas mais representativas de Sergipe.

A coluna Background publicava notas de eventos sociais, de festas, de mulheres glamourosas, mas também abria espaço para fatos da política de Sergipe. Da mesma maneira, havia muitos registros da vida cultural e registros de interesse para a compreensão da economia local. Anderson manteve a coluna, como ele mesmo afirma, “até a chegada do movimento militar. Até 1964”.

Para Anderson Nascimento, a coluna social “se destaca pela movimentação das pessoas. Seria uma linha de avaliação do comportamento daquelas pessoas dentro do seu segmento”. Sob a sua ótica, atualmente houve mudanças significativas no papel que a coluna social cumpre.

Afirma que tudo é muito diferente da época em que ele escrevia. “Funcionava mais como registro de acontecimentos sociais do high Society e também de registros políticos que eram consorciados com esses eventos”. Muitos políticos eram figuras proeminentes da alta sociedade

 

 

*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.
 

Comentários

  1. Olha, que maravilha. Dr. Anderson é um ser de muita luz. Que honra ter um amigo assim. Todo o meu respeito e admiração!

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