Jorge
Carvalho do Nascimento*
Rosivaldo
do Nascimento é professor universitário, empresário e um criativo e inquieto intelectual
com especial gosto pela poesia. Acabei de ler da sua autoria FLAGRANTES: POEMAS
EM BUSCA DE UM ALVO. Sergipano nascido na cidade de Salgado, o autor é
vanguardista e participou de diversificadas agitações no campo da poesia, ao
lado de poetas reconhecidos como Maruze Reis, Iara Vieira, Ronaldson, Araripe
Coutinho e tantos outros.
O
livro de Rosivaldo tem contracapa assinada por Joselito Miranda de Souza, além
de apresentação, prefácio e comentários de Taylane Cruz, César Romero, Agnis Juliete
Rezende do Nascimento e Ewerton Santana do Nascimento. Utilizando a tecnologia
de internet das coisas, Rosivaldo premia o leitor com surpresas que são descobertas
em um QR Code que existe ao final de cada poema.
Publicado
pela Editora Artner Comunicação, contém 42 poemas que nos revelam um Rosivaldo
pouco conhecido. Um quase memorial do indivíduo autor que vai se mostrando
enquanto nos fala de alguns amores sutis e outros arrebatadores, como em Pólen:
Aproveita
dentro de tua pequenez
agride o mundo
- aos que não sabem amar –
Com teu amor.
Ou
quando se abre aos dilemas existenciais, tal a abordagem do poema La Se Vai a
Vida:
La se vai a vida
caindo das mãos
do remo
no mar.
O
livro traz uma coletânea de amores que se abrem e nos levam a refletir sobre
nossos medos, a brevidade da vida e da lascívia das viagens que cruzam o espaço
urbano de diferentes cidades ou simplesmente passeiam pela fertilidade da imaginação.
Chamaram muito a minha atenção os poemas Cuba Libre, Cacique Serigy e Aracaju.
Há
no trabalho de Rosivaldo, em alguns momentos, uma ludicidade ancorada na
infância, vista nos poemas Bolinhas de Sabão e Fantasmas.
Enfim,
a vida vai se sucedendo e desfilando aos nossos olhos, quase numa linha
cronológica de sabor marcadamente existencialista. A ludicidade de Rosivaldo flerta
sempre com uma tragédia quase imperceptível. Personagens que vão crescendo, ganhando
o mundo, maturando e buscando a inexorabilidade da morte. De si e do outro.
Tudo
flui e surpreende na poesia de Rosivaldo. Até o momento no qual o poeta se
despede, sem esconder a angústia que habita os poemas e que aparece como fio
condutor que dá sentido ao livro, em Compartilhar:
O poeta
É o ser mais egoísta
Do mundo
Escreve
Escreve
Escreve
E não divide com ninguém
Seus
sentimentos.
Ler
poemas me ajuda a fazer com que decolem as angústias. Fantasmas que voam,
viajam e sempre retornam ao porto do qual partiram para lançar âncoras firmes,
até que resolvam empreender novos voos. Os Flagrantes de Rosivaldo ajudam a
traçar a rota da viagem.
Recomendo.
*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.
Comentários
Postar um comentário