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PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - LVI

                                                         Maria Franco

 

 

Jorge Carvalho do Nascimento*

 

 

A jornalista Maria Franco colou grau em Publicidade pela Universidade Tiradentes no ano de 1996. À época trabalhava na TV Sergipe, onde ingressara em 1994 e permaneceu durante cinco anos. Foram três anos na área de Marketing e dois anos no Jornalismo. Transferiu-se para o Jornalismo a convite do jornalista gaúcho Roberto Appel que, indicado nacionalmente pelo jornalismo da Rede Globo dirigiu a área na TV Sergipe.

Em 1996, Appel sugeriu a Maria Franco que após colar grau em Publicidade fosse estudar Jornalismo. Naquele mesmo ano resolveu fazer um teste de câmera com ela. A convenceu a fazer matrícula, ainda em 1996, num curso técnico de radialista que estava se iniciando na cidade de Itabuna, sul do Estado da Bahia.

A cada 15 dias Maria Franco se deslocava em ônibus de Aracaju até a Itabuna, num percurso de 632 quilômetros. Passava o final de semana estudando e retornava na noite de domingo. Obteve certificação e fez o registro de radialista na Delegacia Regional do Trabalho, o que lhe permitiu assumir o posto de apresentadora do programa Estação Agrícola.

Foi assim que começou a sua carreira de apresentadora de televisão em Sergipe. O programa tinha audiência insignificante nas pesquisas realizadas até Maria Franco assumir a posição de apresentadora, não chegando sequer a um por cento. Ia ao ar as seis da manhã, aos domingos, e em poucos meses chegou a 58 por cento da audiência daquele horário.

Segundo Maria Franco, os resultados comerciais foram animadores. “O programa nunca teve patrocinador e passou a ter seis patrocinadores. Era um público muito específico de agricultores, principalmente pessoas idosas. Foi aí que eu me apaixonei pelo Jornalismo e entendi que aquilo era pra mim”.

Por esta razão, ao colar grau em Publicidade Maria já estava matriculada no curso de Jornalismo da mesma Universidade Tiradentes onde obteve a primeira graduação. Aproveitou muitas disciplinas do primeiro curso e precisou de apenas mais dois anos e meio para obter o novo diploma.

Ela explica que ao sair da TV, em 2002, foi convidada por João Alves Neto, diretor do jornal Correio de Sergipe, para trabalhar como colunista social. Diz que até então não havia cogitado aquela possibilidade profissional. Era algo que nunca passara pela sua cabeça. À época ela foi substituir o jornalista Roberto Lessa.

Depois de cinco meses mantendo uma página que publicava aos sábados, Maria Franco assumiu a edição do caderno VIDA VIP, publicado aos domingos. Convidou dois colegas dos quais se aproximara durante o curso de Jornalismo na Universidade Tiradentes, Ana Paula Caldas e Leonardo Lotti, para colaborar com ela na produção do caderno dominical. Eles trabalharam no projeto durante oito anos. Maria diz que sempre trabalhou com a colaboração de colegas.

“Eu sempre trabalhei assim, eu nunca trabalhei sozinha, eu sempre gostei de trabalhar em equipe. Unidos a gente consegue ser melhor, a gente fica mais forte. Eu sempre trabalhei com pessoas muito competentes, com a mesma energia. Hoje trabalho com Dhiego Smith que já está há cinco anos comigo”.

A proposta do caderno VID VIP, segundo Maria Franco, foi a de propor um novo olhar para o colunismo social. Colocar o foco nas coisas que de acordo com a sua opinião exaltam as pessoas que devem ser exaltadas. Tudo aquilo que agrega, estimula e faz bem, as coisas boas, leves que distraem.

“Quando você abre a coluna social você quer ver o belo, o que está bombando, o que as pessoas fizeram de bom. Este foi o grande diferencial do meu trabalho e eu acho que é o grande diferencial até hoje. Eu influenciei positivamente. Eu acho que as pessoas passaram a entender que isso era o bom, era o legal”.

De acordo com Maria Franco, os primeiros passos no colunismo social não foram fáceis. Foi necessário identificar fontes, formar um grupo de referências que buscava para captar as notícias da elite econômica, social e política. Até chegar ao caderno VIDA VIP, foi necessário percorrer um caminho de dificuldades e percalços.

“Eu tenho todos os arquivos, desde o primeiro até hoje. Eu vejo a evolução desde o primeiro caderno. Era pobrezinho, com poucas coisas. Depois, ele vai avançando, tomando forma e criando personalidade até se tornar o que é hoje o caderno VIDA VIP. O caderno foi crescendo e eu fui crescendo junto”.

Sob o seu entendimento, coluna social é Jornalismo e Jornalismo é prazer. É o prazer de conhecer pessoas, de estar bem informada, de influenciar as pessoas, de viver o dia da profissão, sempre diferente, nunca igual. É a responsabilidade de usar o espaço da mídia para produzir um retrato da sociedade.

 

 

*Jornalista,    professor,   doutor   em   Educação, membro   da   Academia   Sergipana  de  Letras  e presidente da Academia Sergipana de Educação.
 

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