Jorge
Carvalho do Nascimento*
A
jornalista Maria Franco possui o entendimento de que na sociedade
contemporânea, das comunicações instantâneas possibilitadas pela rede mundial
de computadores, cada pessoa é o colunista social de si. Por isto, o jornalista
que se dedica profissionalmente a coluna social deve ter agora um outro perfil,
diferente daquilo que foram os colunistas que viveram o século XX.
“Hoje,
todo mundo se autopromove, se auto divulga, seja a verdade ou não, seja uma
invenção de você mesmo, seja você maquiando o que realmente você é. Todo mundo
está fazendo isto. A gente que é colunista social tem que aprender a continuar
influenciando as pessoas de uma outra forma, de uma forma menos direta”.
Afinal,
sob o seu entendimento, o jornalista que faz coluna social tem liberdade, ele
opina, é um jornalismo opinativo. O colunista social tem liberdade de opinar.
Neste modelo de sociedade que temos agora, de acordo com Maria Franco, não há
lugar para emergir uma nova geração de colunistas sociais.
“Os
que já estão atuando, ocupam lugar no mercado, vão continuar exercendo este
papel porque possuem uma credibilidade conquistada ao longo de muitos anos de
trabalho. Não tem mais espaço para o surgimento de novos colunistas sociais.
Quem já tem credibilidade ainda consegue influenciar. Vai ser muito difícil
surgirem novos colunistas”.
Assim,
Maria Franco vê os seus contemporâneos como sendo a última geração de
jornalistas que se dedicam profissionalmente ao colunismo social. Considera que
não há muito sentido no surgimento de novos colunistas e por isto entende que
esta é uma atividade profissional em extinção.
Ela própria nunca pensou em trabalhar como
colunista social e muito menos na mídia impressa. “Minha história era imagem. Nunca
acreditei que tivesse habilidade para escrever na mídia impressa. Me surpreendi
com tudo o que eu fui capaz de fazer, com a trajetória da minha vida”.
Depois
de 20 anos de Jornalismo, Maria Franco tem a sua trajetória profissional
marcada pela atividade de colunista social, onde ocupa um importante espaço. É
respeitada e admirada pelo seu trabalho de colunista, mesmo entendendo que
atualmente a coluna social não tem a mesma importância que já teve no passado.
“A
gente tem o papel de dar credibilidade ao que já se sabe, mostrar uma visão que
ainda não se viu, glamourizar aquilo que passou despercebido e que o colunista
tem competência e credibilidade para fazer. O papel da gente neste momento é
este. De forma delicada, chamar a atenção e exaltar os fatos que são positivos
para a sociedade”.
Como
o colunismo social, sob a compreensão de Maria Franco todo o Jornalismo vive
contemporaneamente uma forte crise. O Jornalismo está se reinventando porque
anteriormente o jornalista tinha muita dificuldade para ir buscar a notícia. Atualmente,
pouco importa onde o fato acontece. Em tempo real ele é filmado e imediatamente
ganha o mundo através das plataformas de internet.
“Maria
afirma haver “uma dificuldade tremenda de notícias quentes. É muito difícil
trabalhar com o Jornalismo se não existir notícia quente, se for aquela noticia
batida. É cansativo. Hoje, ninguém tem mais tempo a perder. Por isto que as
notícias atualmente chegam rápido, com pouco conteúdo”.
Para
ela, o novo papel do jornalista impõe distintos modos de adaptação a realidade
do mundo contemporâneo. Impõe dar notícia de uma forma competente, séria. E
também produzir artigos de fundo que ficam armazenados em blogs e podcasts para
aqueles que estão interessados em se aprofundar a respeito de determinado acontecimento.
Diz
Maria Franco que os bons jornalistas sempre terão espaço, mesmo neste novo
mundo. “Os grandes profissionais, os bons profissionais, os que amam o que
fazem, os que fazem com responsabilidade sempre terão espaço garantido, mesmo
neste novo mundo. Os bons possuem credibilidade, criatividade, amor a profissão
e se reinventam, buscando o novo. Em todas as profissões”.
Ela
chama a atenção para o poder da inteligência artificial, a capacidade que
adquiriram os robôs de executar tarefas inteligentes que eram exclusivamente
humanas. Revela que o seu caderno VIDA VIP é produzido por uma equipe que se
preocupa com este tipo de problema, buscando pautar as questões contemporâneas
compatíveis com o perfil do seu leitor.
“Eu
não me preocupo muito com essas coisas mais sérias de Política e Economia. Eu
busco a leveza. Eu falo daquilo que eu entendo, das coisas que me são
familiares. Falo da aspiração das pessoas, falo de comportamento, falo de
cultura, falo de coisas simples e factuais, mas que ao mesmo tempo são muito
importantes”.
*Jornalista,
professor, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia
Sergipana de Educação.
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