Jorge
Carvalho do Nascimento*
José
Fernandes de Lima foi reitor da Universidade Federal de Sergipe no período de
1996 a 2004.Doutor em Física pela Universidade de São Paulo, Lima é um alagoano
que migrou para Sergipe depois que ingressou na carreira docente da UFS e até
se eleger para a reitoria tinha uma posição destacada como professor universitário,
mas era pouco conhecido fora dos limites do campus.
A
eleição de José Fernandes de Lima surpreendeu a sociedade sergipana, mas, a
partir daquela posição de liderança na UFS ele se projetou nacionalmente como
importante gestor público e influente intelectual da Educação brasileira.
Agora, o próprio Lima nos ajuda a compreender o sucesso do seu trabalho como reitor
da Universidade Federal de Sergipe, com o lançamento do livro PENSAR E FAZER A
UNIVERSIDADE PÚBLICA. UFS 1996-2004.
Em
363 páginas publicadas pela Criação Editora, José Fernandes de Lima descreve os
mais importantes avanços do seu período como reitor, além de expressar sua
devoção pelo desenvolvimento de Sergipe. Destaca o desempenho da sua equipe de
trabalho e agradece aos que contribuíram para o sucesso da sua gestão, sem
esconder as pedras que teve necessidade de transpor.
Convidou
para assinar as orelhas o professor José Paulino da Silva, ex-vice reitor da
UFS e principal padrinho da trajetória política de Lima na sua bem sucedida
caminhada em direção ao cargo de principal gestor da instituição universitária
federal. Paulino era candidato a reitor e convidou José Fernandes para compor a
sua chapa como vice.
Já
professor aposentado, Paulino foi surpreendido com a decisão do ministro da
Educação Paulo Renato Costa Souza, durante o governo do presidente Fernando
Henrique Cardoso, que transformou em privativos daqueles professores que
estivessem atividade na carreira os cargos de reitor e vice-reitor.
Tal
fato transformou Lima em candidato a reitor. É esta trajetória e os fatos mais
importantes que se seguiram que o autor revela em três capítulos prefaciados pelo
fundador e reitor da Universidade Tiradentes, Jouberto Uchoa de Mendonça, com
quem o autor do livro construiu uma boa parceria de trabalho, a partir da perspectiva
de cada uma das instituições universitárias de Sergipe.
No
primeiro capítulo são rememorados episódios vividos durante o período da
reitoria na UFS, tendo como base os recortes de jornais e as suas anotações memorialísticas.
Coisas surpreendentes e já esquecidas, como a cerrada oposição liderada pelo
Sintese (o sindicato dos profissionais de Educação da rede pública sergipana) contra
o Programa de Qualificação Docente – PQD.
O
PQD possibilitou que cerca de cinco mil professores das redes públicas estadual
e municipal prestassem concurso vestibular e cursassem licenciaturas em
diversas áreas obtendo a licenciatura correspondente a sua área de estudos. Isto
viabilizou a implantação, à época do ensino de segundo grau, o atual ensino
médio, nos 75 municípios sergipanos, importante contribuição ao desenvolvimento
de Sergipe e aos filhos das famílias mais pobres residentes em diversos
municípios e em seus povoados. Antes disto, apenas 16 municípios sergipanos ofereciam
ensino de segundo grau.
O
PQD foi possível pelo papel de liderança exercido pelo então reitor José
Fernandes de Lima e também pelo então secretário de Estado da Educação, Luiz
Antônio Barreto. A oposição do Sintese ao PQD, em face dos seus interesses
corporativos imediatos, era tão forte que o sindicato chegou a requerer mandado
de segurança junto a uma das varas da Justiça Federal em Sergipe, tentando
impedir a realização do concurso vestibular para o programa.
A
leitura deste mesmo primeiro capítulo nos mostra ter sido sob a gestão de Lima
que a UFS instalou em seu campus de São Cristóvão, pela primeira vez, a rede
internet. Além disto, criou o Museu de Xingó, a Rádio UFS e a Editora UFS. Sem
contar a extraordinária expansão das matrículas e a criação de novos e
importantes cursos.
O
segundo capítulo do livro do professor Lima reproduz entrevistas, artigos e
notas divulgados pela mídia impressa sergipana entre 1996 e 2004, a respeito do
ensino superior. No último capítulo, José Fernandes de Lima discute questões contemporâneas
acerca do ensino superior brasileiro.
Depois
da reitoria da Universidade Federal de Sergipe, Lima exerceu o cargo de diretor
de programas da Fundação CAPES, entre os anos de 2004 e 2006. Convocado pelo
governador Marcelo Deda, entre 2007 e 2010 José Fernandes de Lima foi secretário
da Educação do Estado de Sergipe.
De
2008 a 2016, Lima foi membro do Conselho Nacional de Educação, tendo exercido a
presidência do colegiado no período de 2012 a 2014. Agora, aposentado, José
Fernandes de Lima é membro fundador da Academia Sergipana de Educação e
presidente da Associação Sergipana de Ciência.
O
livro é um importante registro necessário à História da Educação em Sergipe. A
leitura nos permite aplaudir o autor e verificar que cresceu o débito de José
Fernandes de Lima para com os sergipanos. Ele agora nos deve um registro
memorialístico que dê conta de registrar com igual vigor os anos em que exerceu
a gestão do ensino público estadual. Tenho certeza que Lima não se furtará a
mais esse encargo.
Jornalista,
professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e
presidente da Academia Sergipana de Educação.
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