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TEMPO AUSPICIOSO

 

 

 

Jorge Carvalho do Nascimento*

 

 

O ano de 2021 marca os 60 anos de instalação da Faculdade de Medicina de Sergipe, da Empresa Distribuidora de Energia Elétrica, do Instituto de Previdência, da modernização do ensino superior de Química, da realização do primeiro curso de pós-graduação sobre Desenvolvimento Econômico e Planejamento.

Como se fora pouco, o ex-governador udenista sergipano Leandro Maciel foi nomeado presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool, pelo presidente Jânio Quadros; o escritor sergipano Raimundo Souza Dantas foi designado assessor do gabinete do Presidente da República; o jovem advogado e jornalista Gilton Garcia foi assumiu a assessoria do ministro da Justiça, Pedroso Horta; e o sergipano Geonísio Barroso foi nomeado presidente da Petrobras.

Eram conquistas que o governador Luiz Garcia ostentava com muito orgulho, ao lado de outras sobejamente conhecidas, como a construção do Hotel Palace de Aracaju, a Estação Rodoviária Governador Luiz Garcia, o Centro de Reabilitação Ninota Garcia, a criação da secretaria da Educação, Cultura e Saúde e da secretaria da Agricultura, além do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Sergipe – Condese (Secretaria do Planejamento).

Estávamos vivendo o auge do segundo governo da União Democrática Nacional – UDN em Sergipe. O primeiro governador fora Leandro Maciel, sucedido por Luiz Garcia. A sucessão deste último estava já colocada em disputa no interior do partido, numa luta intestina que colocou de um lado a liderança de Leandro Maciel contra o deputado federal João de Seixas Dórea. Ambos desejavam a vaga de candidato a governador. Tal competição levaria Dórea a abrir uma dissidência e liderar a aliança PSD-PR, desapeando a União Democrática Nacional do Executivo Sergipano.

O fato é que Luiz Garcia fez uma gestão desenvolvimentista que marcou a História de Sergipe. História que é tema do livro LUIZ GARCIA: UM GOVERNANTE INOVADOR, organizado pelo advogado, jornalista, professor universitário, ex-deputado estadual e federal por Sergipe e ex-governador do Estado do Amapá, Gilton Garcia, filho de Luiz Garcia.

O livro foi publicado pela Editora Diário Oficial de Sergipe – Edise, no ano que registramos o vigésimo aniversário da morte do líder político Luiz Garcia, advogado, jornalista e professor universitário. O trabalho é prefaciado pelo atual governante sergipano, Belivaldo Chagas, e tem como apresentação uma entrevista concedida por Luiz Garcia ao jornalista Osmário Santos, além de um texto denso do próprio Gilton Garcia.

Com 218 páginas, o trabalho é ilustrado por uma rica iconografia. São fotos que apresentam Luiz Garcia em diferentes momentos ao lado de intelectuais e líderes influentes da vida de Sergipe e do Brasil como Dom Luciano Duarte, Junot Silveira, José Garcia Neto, João Machado Rollemberg Mendonça, Antônio Torres Junior, Antônio Garcia Filho, Dionísio Machado, Dom José Vicente Távora, José Rosa de Oliveira Neto, Pascoal Maynard, Dom Armando Lombardi, Luiz Carlos Fontes de Alencar, Jânio Quadros, Juracy Magalhães, Quintanilha Ribeiro, Leandro Maciel, Dinarte Mariz, Cid Sampaio, Magalhães Pinto, Napoleão Dórea, Seabra Fagundes, Célio Borja, Aliomar Baleeiro, Raimundo Faoro e muitos outros.

Os artigos que produzem o perfil de Luiz Garcia são assinados por 12 autores convidados por Gilton Garcia: Albano Franco, Carlos Pinna, João Machado Rollemberg, Jorge Carvalho, Anderson Nascimento, José Francisco da Rocha, Luiz Eduardo Costa, Marcos Melo, Moacyr Motta, Murilo Mellins, Raimundo Luiz e Wellington Mangueira.

Além disto, ao final do livro, foram acrescidos 25 pequenos comentários feitos por Antônio Samarone, Artêmio Barreto, Bemvindo Sales de Campos, Carlos Cruz, Eduardo de Cabral Menezes, Edvaldo Nogueira, Estácio Bahia Guimaraes, Francisco Rollemberg, Fernando Collor, Hugo Costa, Inácio Krauss, Bernardo Cabral, José Augusto Vieira, José Sarney, Lauro Fontes, Luciano Bispo, Luiz Antônio Barreto, Luiz Augusto Carvalho Ribeiro, Pascoal Nabuco, Marco Maciel, Maria Mendonça, Osório Ramos e Pires Wynne.

Presente dentre os autores convidados para assinar artigos específicos sobre o trabalho de Luiz Garcia, produzi um texto que tem como título LUIZ GARCIA E A EDUCAÇÃO DESENVOLVIMENTISTA. Destaco a criação da Secretaria da Educação e Cultura, em 1959 e a nomeação do seu irmão, o aplaudido médico e professor Antônio Garcia Filho que organizou e implantou a pasta, além da criação da Faculdade de Medicina de Sergipe.

Luiz Garcia ao governar Sergipe estabeleceu um ambiente de esperança e entusiasmo, principalmente entre os seus correligionários da UDN, contagiando boa parte das camadas médias sergipanas que se tornaram esperançosas quanto a um venturoso futuro a ser possibilitado pelo desenvolvimento econômico planejado com racionalidade. Vale a pena ler o trabalho organizado por Gilton Garcia.

 

 

*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.

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