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A MEMÓRIA-MONUMENTO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE


  

 

Jorge Carvalho do Nascimento*

 

 

Os escritores José Anderson Nascimento e Sayonara Viana organizaram juntos o livro JUSTIÇA, MEMÓRIA E CIDADANIA: 130 ANOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE, publicado em 2020 pela editora Tavares & Tavares, sob os auspícios do Tribunal de Justiça sergipano.

São 208 páginas em policromia, encadernadas com capa dura, contendo um bom ensaio de História do Poder Judiciário ilustrado com rica iconografia. O texto de apresentação é assinado pelo desembargador Edson Ulisses de Melo, à época presidente do Tribunal. São seis capítulos que mostram a trajetória do poder, desde que foi implantado como Tribunal de Relação.

No primeiro capítulo, o texto de José Anderson Nascimento faz um esboço histórico da justiça no Brasil. Presidente da Academia Sergipana de Letras, o juiz de Direito aposentado Anderson Nascimento é historiador e, também professor já gozando a aposentação do Departamento de Direito da Universidade Federal de Sergipe.

A Capitania de Sergipe D’El Rey, as Ouvidorias e a Formação do Poder Judiciário é o objeto estudado pelo autor no segundo capítulo do livro. Ali, o historiador Anderson Nascimento demonstra o contexto vivido pelos sergipanos desde a divisão do Brasil em capitanias hereditárias.

 Um importante registro memorialístico marca o capítulo 3, denominado Galeria dos Presidentes do Tribunal de Justiça de Sergipe – 1892 a 2022. Estão registrados os nomes e as fotos dos 52 desembargadores que chefiaram o Poder Judiciário sergipano em 130 anos de história.

Ainda no rumo do memorialismo institucional, o quarto capítulos cataloga nomes e dados biográficos dos 98 operadores do Direito que, em Sergipe, foram investidos nos cargos de desembargadores e desembargadoras do Tribunal de Justiça sergipano. Também foram listados os nomes e as respectivas comarcas dos 101 profissionais da atividade jurídica investidos na carreira de juízes e juízas de Direito.

O capítulo 5 é dedicado a análise dos órgãos da estrutura do Tribunal que surgiram ao longo de 130 anos, como a Corregedoria-Geral da Justiça, a Ouvidoria-Geral do Tribunal, os Juizados Especiais, a Escola Judicial, a Escola da Magistratura, a Escola de Administração Judiciária, a Coordenadoria da Infância e da Juventude, o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, a Coordenadoria da Mulher, o Arquivo Geral do Judiciário e a Biblioteca Central Desembargador Gervásio Prata.

O capítulo 6, com a assinatura de Sayonara Viana, estuda o Memorial do Poder Judiciário de Sergipe. Sayonara é bacharela em Ciências Econômicas e licenciada em História pela Universidade Tiradentes, além de possuir bacharelado em Museologia pela Universidade Federal de Sergipe.

Os dois organizadores do trabalho edificaram com a publicação, mais do que uma memória uma espécie de história-monumento que possui desde o nascedouro o status obrigatório de obra de referência a todos que queiram não apenas compreender o processo histórico de organização do Poder Judiciário em Sergipe, mas, também analisar a trajetória das suas juízas e dos seus juízes, das desembargadoras e dos desembargadores.

O trabalho é muito bom. Doravante, aos estudiosos, será inescapável o diálogo referencial com os dois autores.

 

 

*Jornalista, doutor em Educação pela PUC de São Paulo, professor aposentado do Departamento de História, do Mestrado em História e do Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Federal de Sergipe. membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.

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