José
Anderson Nascimento*
JACKSON
BARRETO: TEMPO E CONTRATEMPO é um livro-homenagem, escrito pelo professor,
historiógrafo e acadêmico Jorge Carvalho do Nascimento , em que mostra a
trajetória de vida do seu biografado desde a juventude, com o seu ativismo na
política estudantil, reprimido pelo Movimento Militar de 1964, mas que não se
abateu na luta pelos princípios democráticos.
Depois,
conquistou o cargo de vereador à Câmara Municipal de Aracaju, seguidamente o de
Deputado Estadual na Assembleia Legislativa de Sergipe, que lhe serviu de
plataforma para eleger-se a mandatos na Câmara dos Deputados, Vice-Governador e
Governador do Estado de Sergipe.
Na
Introdução, o autor utiliza conceitos científicos para justificar a sua escrita
no campo biográfico, referindo-se a DARNTON e à reflexão de Maria Thetis Nunes,
professora e historiógrafa sergipana muito referenciada nacional e
internacionalmente, que, segundo ele, não escrevia sobre fato do qual participara
(p. 23).
Apesar
dessa advertência, o autor se propôs a escrever sobre um personagem de grande
representatividade no cenário político brasileiro desde a segunda metade do
século vinte e das duas primeiras décadas do século vinte e um, quando viveu em
momentos decisivos da democracia nacional, especialmente no exercício dos seus
quatro mandatos de deputado federal, sob a égide de momentos repressivos, mas,
sempre, trabalhando na construção de uma democracia que primasse pela cidadania
e pela dignidade da pessoa humana.
O
autor, nas suas considerações preliminares ressalta que: “O estudo biográfico
sobre Jackson Barreto de Lima ajuda a compreender a História contemporânea de
Sergipe. No trabalho podemos entender as relações políticas sergipanas durante
a segunda metade do século XX e as primeiras décadas do século XXI, a política
estudantil e o processo que fez emergir importantes lideranças na vida pública
do Estado”. (p. 26)
Ao
longo das 486 páginas, divididas em dez capítulos e um epílogo, o autor nos
brinda com uma análise criteriosa dos episódios vividos por Jackson Barreto de
Lima e sobre as suas propostas parlamentares e as suas realizações no exercício
do cargo de governador, merecendo destaque a sua atuação no plano educacional
do Estado.
Nessa
narrativa, Jorge Carvalho do Nascimento, numa versão jornalística dos fatos
históricos, debruça-se em fatos como notícias, privilegiando episódios
marcantes da vida política de Sergipe e do Brasil, em que o biografado atuou
com descortínio, coragem, perseverança e determinação.
O
autor, no desenrolar da sua escrita, não se descuidou de analisar a caminhada
da família do biografado e da sua caminhada de Santa Rosa de Lima para Aracaju
e das dificuldades enfrentadas por seus pais, o comerciante Etelvino Alves de
Lima e a servidora pública estadual Neuzice Barreto de Lima, para cuidarem da
sua prole na capital, diante das opressões políticas sofridas, por pertencerem
às camadas do Partido Social Democrático, presidido, na época, pelo Deputado
Federal Francisco Leite Neto.
Além
disso, ele analisa o perfil político de D. Neuzice que, ao lado do seu cunhado
Filadelfo Alves de Lima, projetou-se como líder pessedista em Santa Rosa de
Lima, engajando-se na campanha partidária para eleger o agropecuarista Arnaldo Rollemberg
Garcez ao governo do Estado, e o professor Manoel Cabral Machado ao parlamento
estadual.
Essa
foi a porta de entrada da família Barreto de Lima para a militância partidária,
com o realça Jorge Carvalho do Nascimento. Além de D. Neuzice estava o seu
filho Jugurta Barreto de Lima ativista político e fluente orador, que
conquistou, por concurso público, os cargos de Promotor e depois de Procurador
de Justiça.
Para
o autor, o seu biografado recebeu de sua mãe do seu irmão uma forte dosagem de
estímulo de coragem para defender os mais carentes e os hipossuficientes
organizacionais, tarefa que o fez caminhar pelas idas e vindas da política
sergipana.
Da
política estudantil para a política partidária, Jackson Barreto de Lima, na
visão do autor, envereda-se pelo Partido Comunista Brasileiro, ainda na
clandestinidade. Depois, com a criação em Sergipe do Movimento Democrático
Brasileiro, então dirigido mpor José Carlos Teixeira, o biografado filia-se a
agremiação partidária, que congregou participantes dos movimentos esquerdistas
e centro esquerdistas, que tinham como suporte o empresário e dirigente
classista Oviedo Teixeira, pai do Deputado José Carlos Teixeira e os seus
filhos Luís e Tarcísio Teixeira, empresários da indústria de construção civil,
entre outras lideranças que não aderiram ao Movimento Militar de 1964.
Com
o propósito de opor-se ao governo civil-militar, o MDB, sob a liderança nacional
do Deputado Federal Ulisses Guimarães, lutou pelo direito de votar para
Presidente, pela instituição de uma Assembleia Constituinte, até à
estabilização da moeda. De igual modo, foi o partido político que apoiou os
programas sociais até à missão de recuperar o país da pior recessão de sua
história e que teve como partícipe o então Deputado Federal Jackson Barreto de
Lima, homenageado com o livro em comento, cujo autor analisa e avalia
cientificamente a sua presença na História Política de Sergipe.
O
livro JACKSON BARRETO: TEMPO E CONTRATEMPO, de autoria do escritor Jorge
Carvalho do Nascimento, é o resultado de um estudo criterioso sobre a vida e a
obra do político sergipano que representou os seus coestaduanos no parlamento e
no executivo, sempre defendendo a sobrevivência da democracia e da estabilidade
política. Por isso, recomendamos a sua leitura.
*Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe. Jornalista, cronista, historiógrafo. Preside a Academia Sergipana de Letras. Fundou a Cadeira 36 da Academia Sergipana de Educação e a Cadeira 33 da Academia Estanciana de Letras. É sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e da Associação Sergipana de Imprensa. Grau 33 da Loja Capitular Cotinguiba.
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