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JACKSON BARRETO: TEMPO E CONTRATEMPO

                                               Eduardo Cabral
 

 

 

Eduardo de Cabral Menezes*

 

 

Sempre fui dado a leitura de biografias. Assim é que que li com supremo agrado as biografias de Getúlio Vargas, John Fitzgerald Kennedy, JK O Artista do Impossível, Chatô o Rei do Brasil, Churchill e Mauá o Empresário do Império, escritas, respectivamente, por Lira Neto, Bill O. Reilly, Claudio Bojunga, Fernando Moraes, Lord Roy Jenkins e Jorge Caldeira, além das de Nelson Mandela e Martin Luther King, da lavra deles próprios.

São obras que, dentre outras de igual porte, possibilitam ao leitor conhecer de perto e avaliar em profundidade a figura do seu personagem. Esse interesse por tal tipo de literatura ainda mais se avultava quando me deparava com a história de um homem público e, mais de perto, de um político.

Em passado não muito remoto tivemos em Sergipe, como figuras polarizadoras da nossa política, os senhores Leandro Maciel e Leite Neto. Pelejando em campos opostos, tais líderes destacaram-se por muito tempo como condutores da opinião pública. Seus admiradores poderiam enaltecê-los ou até venerá-los, do mesmo modo como seus adversários poderiam vergastá-los ou até odiá-los. Só não se conseguia era ficar indiferentes a tais chefes populares.

Modernamente não tem sido diferente. Sem querer citar nomes para não correr o risco de ferir suscetibilidades, posso afirmar que uma dessas figuras públicas que catalisaram a atenção das massas em torno de si foi Jackson Barreto. Exaltado por uns, anatematizado por outros, o que se não pode negar é que Jackson, desde já, pode ser considerado um dos mais representativos chefes políticos do Estado de Sergipe.

Seu valor não poderá ser-lhe retardado a jamais. Figura típica do self-made-man, Jackson, sem contar com recursos financeiros de monta, já que proveio de família pobre, conseguiu graças unicamente aos seus esforços pessoais galgar os mais importantes postos nas esferas municipal, estadual e federal, culminando com a ascensão ao Governo do Estado, sempre cercado de uma aura de popularidade que soube como ninguém conquistar como fruto de sua proximidade com o povo.

Não estaria longe da verdade se dissesse aqui que para até onde lhe permite o peso da amizade que o liga ao biografado, o perspicaz biógrafo procura se distanciar de qualquer visão mais favorável aos fatos por ele narrados mencionando, é certo, as significativas vitorias alcançadas por aquele, mas, também. descrevendo suas sofridas derrotas ao longo de sua movimentada carreira.

Pode-se dizer que fê-lo com a necessária isenção. Mas afinal, e como dizia Samuel Johnston, "ninguém pode escrever a vida de um homem a não ser que tenha comido, bebido e convivido com ele". É obra de fôlego, que se lê com prazer. Ao cabo de sua leitura, não sei se devo parabenizar mais a pessoa de Jackson, de cuja amizade tenho a honra de privar, ou se a Jorge Carvalho, profícuo autor, de quem me confesso ardoroso admirador.

 

 

*Eduardo de Cabral Menezes é Professor emérito da Universidade Federal de Sergipe, Ex-Procurador Geral da Justiça do Estado de Sergipe, Ex-Secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de Aracaju.

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