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REMÉDIO PARA LULA


 

Por Nilson Socorro*

O governo federal anda às turras com o funcionalismo em campanha salarial. Até agora, a proposta é de reajuste zero em 2024, mas, para encher os olhos, promete elevação generosa de benefícios que não se incorporam a remuneração salarial e não tem reflexos para os proventos na aposentadoria. Pela proposta, o auxílio alimentação passará de R$ 658,00 para R$ 1.000,00, a contrapartida dos planos de saúde de R$ 144,00 para R$ 215,00 e o auxílio creche de R$ 312,00 para R$ 484,90. Estima o governo que esses aumentos representam 51,06% de reajuste nos benefícios.

A frustração do funcionalismo com o posicionamento do governo federal tem motivado a paralisação de alguns setores. É o caso da educação com o fechamento de universidades e institutos federais. Eles, já de forma explícita, como os demais segmentos, não aceitaram o reajuste zero em 2024, percentual que faz parte da proposta governamental de reestruturação das carreiras, com a concessão de 19,03% de reajuste salarial no quadriênio 2023/2026. Em 2023 já foi aplicado o reajuste linear de 9%, agora zero por cento em 2024, 4,5% em 2025 e igual percentual em 2026%.

A proposta governamental de 2024, sem qualquer reajuste, se é recebida com frustração pelos servidores ativos, não é com o mesmo sentimento recepcionada pelos servidores aposentados. Para esses, o reajuste que é zero somado a zero, pois, sequer têm benefício como auxílio alimentação, chega a ser humilhante, ou melhor, ultrajante mesmo. E esses, que já no poente de suas existências depois de dedicar a vida profissional ao serviço público, não estão só sem perspectivas salariais, estão também órfãos de sindicatos e outros defensores. E para o governo estão invisíveis, pois, para eles não fez qualquer aceno em 2024.

Me motiva a iniciativa de realizar esta manifestação a pretensão não só de me associar aos colegas frustrados com o reajuste zero, mas, principalmente, para propor reparação com os aposentados e pensionistas. Como eles não incorporam na aposentadoria os benefícios como o vale refeição, seus representantes, entre eles, sindicalistas e parlamentares, poderiam aproveitar o momento para propor ao governo que com os aposentados fizesse justiça, estendendo benefícios, a exemplo do Auxílio Alimentação.

 

Ah, é certo que dirão de imediato os que a ideia vão se opor:  mas, o vale refeição, legalmente só se justifica para os trabalhadores que na ativa, no intervalo intrajornada, fazem a refeição fora de casa. Tem pertinência o argumento negativo, como pertinência tem também o fato de que quando se aposenta, o servidor passa aplicar parte substancial de seus proventos em despesas com saúde, incluindo gastos com a aquisição de medicamentos, e esses não são cobertos pelos planos de saúde.

Pronto, no meu entendimento, não precisa estender o Auxílio Refeição para os aposentados e pensionistas. Basta criar o Auxílio Medicamento. A princípio e no começo, não precisa ser tão generoso como o prometido auxílio alimentação de R$ 1 mil. Certamente, eles ficariam muito satisfeitos até com o benefício em torno de R$ 658,00, que é o valor atual do Auxílio Alimentação.

Disse isso, outro dia, a uma autoridade federal que surpreso me indagou:  por que já não me fez essa sugestão? Pronto, tá feita! E se for criado, o Auxílio Medicamento para os aposentados, tenho certeza, será um bom remédio para diminuir em muito as dores de cabeça do presidente Lula. Notadamente, os incômodos pelas seguidas quedas de popularidade. Os velhinhos que ontem fizeram subir serviço público, vão hoje fazer subir é o ibope do Presidente. Despache essa receita, Lula.

 

       Nilson Socorro é servidor público federal ativo.

       Publicado no dia 25.04.2024, no Blog do jornalista Cláudio Nunes, na Infonet.

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