Jorge
Carvalho do Nascimento*
Dom
José Thomaz Gomes da Silva, primeiro bispo da Diocese de Aracaju, foi nomeado
pelo Papa Pio X, para assumir tal responsabilidade eclesiástica, no dia 12 de
maio de 1911. Empossado em 04 de dezembro do mesmo ano, exerceu o governo episcopal
até 1948, quando foi sucedido por Dom Fernando Gomes dos Santos.
O
prelado nasceu em Alexandria, Estado do Rio Grande do Norte, no dia 04 de
agosto de 1873 e morreu em Aracaju, no dia 31 de outubro de 1948. No ano em que
ele veio ao mundo, o Sítio Outeiro, onde nasceu, era parte do território do
município de Martins, no Alto Oeste Potiguar. Seu pai, Tomaz Gomes da Silva,
era professor e juiz de Direito. Ana Constança da Silva, dona de casa, era a
sua mãe.
Ao
concluir os estudos de primeiras letras, mudou-se para a Cidade da Paraíba,
posteriormente denominada João Pessoa, a fim de fazer os exames preparatórios
no Liceu Paraibano. José Thomaz estudou Humanidades e Filosofia no Seminário
Episcopal de Olinda, em Pernambuco, onde foi admitido no dia 05 de setembro de
1891.
José
Thomaz recebeu a primeira batina em 1892. Em 1894, o Papa Leão XIII criou a
Diocese da Paraíba e o Seminário Episcopal da mesma Diocese, para onde o futuro
bispo de Aracaju se transferiu. O clérigo José Thomaz recebeu as ordens menores
no dia 28 de outubro de 1894 e, um ano depois, em 1895, ingressou no
subdiaconato. A partir de primeiro de novembro do mesmo ano de 1895, José
Thomaz fez-se diácono e, no dia 15 de novembro de 1896, ordenou-se sacerdote.
João
Augusto Gama da Silva, sobrinho-neto do bispo, acaba de organizar uma bonita
edição do livro VITA MUTATUR, NON TOLLITUR (A Vida é Alterada, Não é
Tirada) contendo o texto da homenagem fúnebre prestada por Dom Mário de Miranda
Vilas-Boas ao primeiro bispo de Aracaju.
A
convite do organizador, tive a honra de assinar as orelhas da publicação que
traz uma elucidativa Nota Introdutória de autoria do padre Gilvan Rodrigues dos
Santos que também é professor, escritor e advogado e integra a Associação
Sergipana de Imprensa e o Movimento da Apoio Cultural – MAC da Academia
Sergipana de Letras.
Há
no livro um pequeno depoimento de Átila Ramos e o próprio João Augusto Gama da
Silva, organizador da publicação, escreve um texto de Apresentação. O trabalho
é uma edição comemorativa ao sesquicentenário de nascimento de Dom José Thomaz
Gomes da Silva.
Em
formato de pocket book, a bem cuidada publicação tem 48 páginas e design
de Adilma Menezes que lidera a equipe da Criação Editora. A atualização da
grafia e a revisão do texto tiveram como responsável o padre Gilvan Rodrigues
dos Santos. A GrafMarques fez a impressão.
O
padre Gilvan ensina em sua Nota Introdutória que o título do livro remete à “oração
latina do prefácio da Santa Missa pelos fiéis defuntos, sobre a esperança da
Ressurreição em Cristo. Esse deve ser o legado da Igreja e o depoimento da vida
dos cristãos” – afirma o sacerdote.
Criado
em uma casa na qual a presença de Dom José era permanente, João Augusto Gama da
Silva informa que “A cada momento ele era lembrado, citado. Parecia que mesmo
morto, Dom José vivia entre nós, no seio da sua família. Família que ele adotou
como pai vicário, no lugar de seu irmão mais novo falecido precocemente”.
Gama
lembra que o episcopado do primeiro bispo de Aracaju durou 37 anos. Dom José
Thomaz foi um bispo que tinha o hábito de acolher a todos que o procuravam,
pobres e ricos, e que manteve boas relações de amizade com muitos pastores
evangélicos, num tempo em que era muito difícil qualquer referência ao
ecumenismo.
O
organizador do livro revela que conheceu, nos anos em que era estudante de
Direito, um pernambucano, diretor de uma indústria têxtil de São Cristóvão. Seu
pai, à época já falecido, fora pastor evangélico no Recife e, com certa
frequência, vinha à Aracaju e mantinha com Dom José Thomaz uma relação
civilizada. “Visitava o Bispo sergipano e sempre faziam refeições juntos”.
Ao
chegar a Aracaju, Dom José Thomaz assumiu uma Diocese nova, desmembrada da
Arquidiocese de Salvador. Havia todo um trabalho a ser realizado. E Dom José o
fez. Diz João Augusto Gama: “Destaco duas realizações imensas, que por si só
justificam seu Apostolado. A criação do Seminário Coração de Jesus, sua vida,
atraindo jovens vocacionados para a vida religiosa de todo o Nordeste. Dou como
exemplo a ordenação do Padre Avelar Brandão Vilela, de Alagoas, aqui ordenado,
sagrado Bispo por Dom José Thomaz e depois Cardeal Primaz do Brasil, em
Salvador.
A
criação do semanário A Cruzada foi outra realização importante. Era a palavra
da Igreja Católica chegando em todo o Estado de Sergipe”.
*Jornalista, doutor em Educação, professor aposentado da Universidade Federal de Sergipe. É membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.
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