Jorge
Carvalho do Nascimento
Em
maio de 2024 publiquei nas redes de internet uma resenha do livro CULTURA
EMPRESARIAL: REFLEXÕES.VIVÊNCIAS E APRENDIZADOS, que tem como autor o
empresário Juliano César Faria Souto. Esta noite ele toma posse como membro da
Academia Brasileira Rotária de Letras – ABROL Sergipe.
Naquela
ocasião listei os empresários que atualmente considero ter maior erudição em
Sergipe. Relaciono aqui, novamente os quatro que entendo mais qualificados
intelectualmente: Juliano César Faria Souto, João Augusto Gama da Silva, Jorge
Santana e Wagner Bravo.
É
claro que existem outros. Há inclusive muitos outros empresários que são também
autores de livros. Porém, como não converso frequentemente com esses outros
sobre hábitos de leitura e ideias sobre a vida, não sei avaliar os padrões de
erudição de cada um.
Cito
os que eu já tive oportunidade de ouvir sobre cultura, leituras, literatura,
ensaios, romances, cinema e outros temas. Sobre Juliano, Gama, Jorge e Wagner
posso afirmar que são quatro homens eruditos. Por isto, a mim nunca surpreendeu
a veia literária de Juliano César nem o seu trabalho como autor de crônicas,
artigos e o seu recente livro que acabei de citar.
Juliano
César toma posse hoje como membro da Academia Brasileira Rotária de Letras
porque é um importante intelectual rotariano, entusiasta do associativismo,
líder de corporações representativas da sua atividade empresarial, um homem
envolvido com muitas causas sociais, um mecenas que tem o que dizer sobre as
distintas formas de organização da sociedade.
Contribui
para o debate também publicando frequentemente textos em jornais, blogs e
outros espaços virtuais que a internet disponibiliza. Aprendeu com o seu
pai, o já falecido empresário Raymundo Juliano, a importância de escrever
textos curtos. Com a experiência que somente a vida possibilita, Raimundo
sentenciava sempre: “não há nenhuma ideia que não se possa resumir em um texto
de no máximo uma página”.
Juliano
César gosta de tratar de questões que normalmente passam ao largo das
lideranças empresariais. Isto faz com que ele seja, em Sergipe, um empresário
com muita sensibilidade, observando as relações entre os negócios e as demandas
sociais.
Ao
ter o privilégio de fazer o discurso de recepção desta noite, em nome da
Academia, quero que todos nós nos transportemos imaginariamente para o ano 384,
antes do nascimento de Cristo. Viajemos até a cidade de Atenas, na Grécia
antiga. Façamos um passeio pelos subúrbios atenienses e vislumbremos Platão.
O
filósofo estabeleceu a primeira instituição que recebeu o nome de Academia. A
sua escola reuniu sábios interessados em aprender sempre mais. Ali se consagrou
a dialética de Sócrates, buscando o conhecimento por intermédio do debate,
através do questionamento.
Era
a negação da Escola de Isócrates que buscava o saber pela mera repetição do
conhecido. Platão reunia seus discípulos em um jardim de oliveiras que no
passado pertencera a Akademus, o herói grego que revelou aos gêmeos divinos
Castor e Pólux o lugar onde Teseu havia escondido Helena de Troia. Por isto,
Academia foi o primeiro nome dado à Escola de Atenas.
Foi
sob a inspiração platônica que os franceses criaram em 1570 a sua primeira
academia, a Academia do Palácio, que funcionou com muitas fragilidades e não
chegou a exercer grande influência. Somente a partir de 1635 a Academia
Francesa recebeu todos os reconhecimentos e passou a exercer um efetivo
protagonismo, depois da proteção do Cardeal Richelieu, durante o reinado de
Luís XIII. A Academia Francesa consagrou a ideia de imortalidade, fixou o
simbólico número de 40 cadeiras, embora esta não seja clausula pétrea no
funcionamento das academias.
O
Brasil assumiu o modelo francês em 1897, quando Afonso Celso Junior, Medeiros e
Albuquerque, José Veríssimo e Machado de Assis fundaram a Academia Brasileira
de Letras. Todavia, a Casa de Machado de Assis não foi a primeira Academia
literária brasileira.
Em
1724, o historiador Rocha Pita fundou a Academia dos Esquecidos, a nossa
primeira instituição de tal natureza, sob o patrocínio do vice-rei Dom Vasco
Fernandes César de Meneses e a participação do Frei Jaboatão, dentre os sete
membros do Silogeu. A Academia funcionou por apenas um ano e foi fechada pelas
autoridades de Lisboa.
Uma
nova tentativa ocorreu em 1759, quando o intelectual José Mascarenhas Pereira
Pacheco Coelho Melo fundou, sob os auspícios do Conselho do Ultramar na Bahia,
do qual era membro, a Academia dos Renascidos. A iniciativa foi desastrosa. A
Academia foi dissolvida no mesmo ano e o seu fundador permaneceu preso durante
17 anos na Fortaleza de Santa Cruz de Inhatomirim, em Santa Catarina, e na
Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro.
A
mais antiga instituição dessa natureza ainda em atividade no Brasil é a
Academia Cearense de Letras, fundada em 1894, três anos antes da criação da
chamada Casa de Machado de Assis.
Em
Sergipe, a Academia de Letras foi criada em 1929, 32 anos após a fundação da
Academia Brasileira. A Academia Sergipana de Letras foi organizada pelos
membros da Hora Literária, uma associação de intelectuais estabelecida em 1919,
liderada pelo poeta Antônio Garcia Rosa e pelo escritor José Augusto da Rocha
Lima, dentre outros.
O
funcionamento das academias de letras permitiu também que fossem organizadas
academias com especialização nos mais diversificados ramos do conhecimento.
Artes, ciências, matemática, história, física, letras jurídicas, educação e
outras.
A
instituição na qual o companheiro Juliano César de Faria Souto ingressa hoje é
a Academia Brasileira Rotária de Letras – ABROL Sergipe. Aqui, cultuamos a
memória dos líderes que ajudaram a fazer a História do Rotary no Brasil.
Aqueles que se dedicaram ao serviço voluntário, disseminando a compreensão, a
tolerância, a paz, o pensamento e as práticas de rotarianos e rotarianas. A
nossa Academia foi fundada em 05 de outubro de 2011 e instalada no Rio de
Janeiro, em sessão solene realizada no dia 21 de novembro de 2012.
A
ABROL Sergipe foi inaugurada em 18 de outubro de 2019. Tais dados revelam a
importância da sensibilidade do acadêmico João Macedo, presidente da Academia
Brasileira Rotária de Letras – ABROL Sergipe, quando tomou a iniciativa de
criar esta instituição sergipana, convocando para que se perfilassem ao seu
lado importantes associados do Rotary sergipano.
Não
posso deixar de reconhecer nesta solenidade o relevante papel que vem
desempenhando, para fortalecer e ampliar a área de atuação da ABROL, o médico
sergipano Geraldo Leite, que vive no Estado da Bahia e é presidente nacional da
Academia Brasileira Rotária de Letras.
A
grande novidade da Academia Brasileira de Letras, e da maior parte das
academias instaladas neste país, além da adoção do modelo francês e da
preocupação com a imortalidade foi o fato de assumir a condição de associação
voluntária, sem a chancela do Estado brasileiro.
Quando
viajou para a América do Norte em 1831, ainda sob o desencanto das
consequências da Revolução do seu país no final do século XVIII, o filósofo
francês Alexis de Tocquevile chamou a atenção para a necessidade de compreender
um dos mais importantes fundamentos da democracia norte-americana: o das
associações livres, das associações voluntárias ou sociedades de ideias.
Este
foi o espírito que presidiu o surgimento das academias no Brasil sob o regime
republicano. Este foi o espírito que orientou a fundação do Rotary
International. Por isto, as academias brasileiras estabeleceram um primado da
vida social, da vida intelectual sobre a estrutura da política, sobre a
ossatura do Estado. Aqui, são os intelectuais que se reúnem voluntariamente
para agir na sua esfera de competência sem esperar que a mão do Estado os
conduza.
As
observações feitas por Tocqueville chamaram a atenção de outros intelectuais,
que viveram no final do século XIX e início do século XX, destacando o papel
das associações de voluntários. Registro as reflexões publicadas pelo filósofo
norte-americano William James e pelo sociólogo alemão Max Weber.
Eles
inspiraram a ação de homens como Paul Harris, Robert Baden-Powell e Melvin
Jones. Entre 1905 e 1917 esses três líderes legaram à sociedade importantes
associações de voluntários, como o Lions, o movimento de escoteiros e o Rotary
International. A primeira das três organizações foi o Rotary Club de Chicago,
marco de implantação do rotarismo no mundo, que, neste próximo dia 23 de
fevereiro, completará 120 anos de atividades ininterruptas.
O
Rotary Club de Chicago organizou a primeira convenção de Rotary em agosto de
1910, quando já existiam nos Estados Unidos da América 16 clubes de Rotary em
funcionamento. Isto ensejou a instalação da Associação Nacional de Rotary
Clubs. Dois anos depois, em 1912, a entidade foi transformada em Associação
International de Rotary Clubs ou simplesmente Rotary International, denominação
adotada em 1922.
O
rotarismo chegou ao Brasil em 28 de fevereiro de 1923, com a fundação do Rotary
Club do Rio de Janeiro. Já se passaram 90 anos desde que, em 04 de dezembro de
1934, foi instalado o Rotary Club de Aracaju e, em 17 de abril de 1967, foi
criado o Rotary Club de Aracaju-Norte, ao qual o nosso novel acadêmico, Juliano
César, é associado.
A
entrada de Juliano César na ABROL engrandece a todos nós rotarianos. O novo
acadêmico é, na sua essência, o mesmo menino curioso que nasceu em Estância no
dia 27 de fevereiro de 1964, filho do também rotariano Raimundo Juliano Souto
dos Santos, estanciano como o filho. Suelen Fontes Faria Souto é o nome da sua
mãe.
Aqui,
abraçando Juliano César nesta festa, estão a economista e empresária Riane
Mendonça Silveira Souto, sua esposa; suas filhas, as médicas Fernanda e Maria
Júlia, e a odontóloga Maria Luísa; as suas irmãs, Ana Sueli e Cinthia; e, a
mulher que foi a grande companheira do seu pai Raimundo, depois que este ficou
viúvo de Suelen, a empresária Ana Maria, que todos nós aprendemos a admirar e
aplaudir.
Raimundo
Juliano, seu pai, é o patrono da cadeira 27 desta Academia. Cadeira que tem
como fundadora a Acadêmica Maria Helena Santana Cruz, atualmente presidente do
nosso Rotary Club de Aracaju-Norte. Juliano César chega hoje como fundador da
cadeira 31 da ABROL Sergipe, da qual é patrono o imortal jornalista rotariano
João Oliva Alves.
Desde
a meninice Juliano César manifestou dois tipos de interesse: a atividade
intelectual e, certamente pelo convívio estreito com o pai, o interesse por
comprar e vender mercadorias. As peraltices infantis foram poucas. O gosto
pelos estudos sempre foi uma característica mais marcante do seu comportamento
durante a infância, a adolescência e a juventude.
As
brincadeiras da infância eram sempre ligadas a práticas da cultura. Gostava das
coisas da vida rural e colecionava bois de barro; montava quebra cabeças com
muita facilidade; era habilidoso com o jogo de pega varetas. Contudo, a vida ao
ar livre sempre entusiasmou o jovem Juliano César, como o hábito de frequentar
a praia do Hawaizinho, em Aracaju, nos finais de semana.
O
espaço da praia foi importante para o lazer nos anos da juventude e de vida
boêmia, quando frequentou espaços como o Pastel do Seu Ari, junto ao Bar do
Manequito e ao Bar do Joel; o Bar do Gordo, na Coroa do Meio; o Bar do China;
os churros da Praça Camerino; a Atalaia Nova; os carnavais do Vasco, da
Associação Atlética, do Iate Clube e do Cotinguiba Experiências efêmeras de
lazer vividas no tempo certo, com a idade adequada.
Nunca
foi muito bom com esportes e não aprendeu a jogar futebol. Talvez por ter sido
educado ao lado de duas irmãs. O seu convívio sempre se deu em meio a um
matriarcado. Mesmo depois do casamento, o universo da sua casa foi o da sua
mulher e das três filhas do casal.
A
sua mãe, Suelen, era, como se costumava designar à época, alta funcionária dos
Correios. O pai, desde sempre, foi comerciante. Raimundo Juliano trouxe a
família de Estância para Aracaju em 1971, quando Juliano César estava
completando sete anos de idade. Durante 11 anos, até 1982, Juliano César foi
aluno do Colégio do Salvador, em Aracaju. Ingressou naquela instituição escolar
no primeiro ano do primeiro grau e ali permaneceu até a conclusão do terceiro
ano do ensino de segundo grau.
Quando
concluiu o ensino de segundo grau já estava trabalhando, envolvido com os
negócios do seu pai. Isto o levou a prestar concurso vestibular para o curso de
Administração noturno da Universidade Federal de Sergipe. “Da minha turma do
Colégio do Salvador, em torno de uns 30 colegas, o único que fez administração
fui eu. Naquela época, fazer administração noturno era pra quem não conseguiria
os pontos para passar em medicina, engenharia, direito, esses cursos mais
tradicionais”.
No
concurso vestibular para o curso que escolheu, Juliano César obteve a primeira
colocação. Contudo, os compromissos profissionais criaram embaraços para a
obtenção do diploma de bacharel. A graduação foi abandonada depois de cinco
anos de estudos. Foi uma fase na qual os compromissos com o mundo do trabalho e
com a responsabilidade dos negócios levaram Juliano César a se desinteressar
pelos estudos regulares de graduação na universidade.
“Achei
que estava perdendo meu tempo. A única coisa boa do curso de Administração era
sair toda noite de casa e ir pra farra depois da aula, no Bar do Caldinho, na
rua de Estância. Achava ruim porque eu havia perdido completamente meus
vínculos de amizade. Eu tive que construir um novo conjunto de relacionamentos
porque os amigos que eu tinha estavam frequentando os cursos prestigiados do
período diurno”.
Durante
os cinco anos nos quais frequentou o curso de Administração, Juliano César
somente se encantou com o trabalho do professor Roberto Rodrigues, responsável
pela disciplina Contabilidade. “Era um contador bem conhecido que me ensinou o
que eu sei de contabilidade até hoje. Aprendi com ele e na prática do dia a dia
do trabalho na empresa. Gostei tanto que em todo lugar que eu chego alguém me
pergunta se eu sou contador”.
Juliano
somente retomou o ensino superior e o entusiasmo pelo curso de Administração
mais tarde, com as suas atividades empresariais já estabilizadas. Colou grau
como bacharel em Administração, no ano de 2007, pela Faculdade de Administração
de Brasília. Foi a fase na qual novamente voltou a levar os estudos como coisa
séria e importante. Imediatamente após a colação de grau, fez matrícula num
curso MBA em Gestão Empresarial oferecido pela Fundação Getúlio Vargas, em São
Paulo, que concluiu dois anos depois.
O
acadêmico que hoje toma posse na ABROL Sergipe é rotariano desde o dia 25 de
junho de 2006, sempre associado representativo do Rotary Club de Aracaju-Norte,
onde tem como padrinho o rotariano Joseluci Prudente. São mais de 18 anos de
dedicação a esta que é a maior associação de trabalho voluntário do nosso
planeta, com mais de um milhão e 200 mil associados em todo o mundo.
Deste
modo, ser rotariano é uma das formas que Juliano César encontrou de contribuir
para com a sociedade, para além das suas atividades de empresário e de líder
das corporações e do associativismo empresarial.
Defensor
do liberalismo econômico, o líder empresarial Juliano César define a si mesmo
politicamente com o perfil de social-democrata e elenca sempre na sua pauta de
preocupações com o futuro o modelo de sociedade que a nossa geração será capaz
de legar aos adultos do amanhã.
Para
ele, a obtenção de bons resultados financeiros na empresa somente vale a pena
se houver o estímulo à sustentabilidade ambiental e ao funcionamento de uma
cadeia de negócios na qual os trabalhadores e pequenos empreendedores locais
forem participantes ativos que comungam de tais resultados. A isto ele chama de
capitalismo consciente.
Entende
que a preocupação dos rotarianos deve envolver a elevação da qualidade de vida
dos distintos grupos sociais. Exemplifica como bons resultados de esforços
empreendidos em tal direção a rede de escolas Rotary ou iniciativas
empresariais como a rede de escolas mantida pelo banco Bradesco. E o bom
trabalho de entidades como as do sistema S – Sesc, Senac, Sesi, Senai, Sebrae e
outras tantas.
Valoriza
o trabalho dos clubes de Rotary que ajudam a manter instituições como o SAME; o
Lar dos Idosos Padre Leon Gregório, em Nossa Senhora da Glória; a contribuição
oferecida à APAE com os equipamentos PedaSuit que são importantes para a
reabilitação de portadores de problemas neurológicos e várias disfunções
motoras; projetos como o das Mãos Solidárias que promovem a doação de próteses
mecânicas que possibilitam a recuperação de algumas funções dos dedos a pessoas
que perderam a mão ou mesmo o antebraço.
Diz
Juliano César que a porta do mundo do trabalho lhe foi aberta pelo pai,
Raimundo Juliano. Aos 14 anos de idade, em 1978, Juliano César já tinha
carteira profissional assinada na Distribuidora de Bebidas Raimundo Juliano, a
DISBERJ, empresa fundada pelo seu pai. Ao assinar a carteira profissional ele
já não era mais o filho do dono, mas sim um trabalhador que recebia salários e
cumpria determinações na empresa, com todas as responsabilidades laborais.
Foi
o mundo empresarial que o levou a tomar gosto pelas associações voluntárias.
Quando completou 18 anos de idade, o seu pai, Raimundo Juliano, lhe deu a
responsabilidade de representar a empresa participando das atividades do Clube
de Diretores Lojistas - CDL. Se aproximou dos principais comerciantes do Estado
de Sergipe e teve possibilidade de compreender melhor o universo do qual havia
começado a participar.
As
associações voluntárias marcam, portanto, a vida de Juliano César. “Desde os 18
anos eu participo de associação. O primeiro cargo que eu tive foi na diretoria
do CDL. Convivi com Caetano, João Lima, aquelas lideranças todas. Meu pai
querendo me introduzir nesse meio. Ele sempre me disse o seguinte: ‘Você é um
empresário. Precisa ser bem relacionado e prestar serviços à sociedade, além
das suas atividades empresariais. Você deve participar das entidades, deve
ingressar no Rotary, no Lions Club, no CDL, na Associação Comercial’”.
Para
Juliano César, a participação nas associações pode ter dois objetivos: o de se
relacionar com os iguais e o de galgar posições de liderança e dirigente das
instituições. Juliano entende ser mais adequado ingressar nas instituições para
contribuir e não para galgar postos de direção, não para usar aquilo como
instrumento político.
“Toda
a minha participação é um atributo necessário para servir à coletividade. Você
precisa se inteirar do que está acontecendo ao seu redor. Tudo tem influência
direta ou indireta no seu negócio, na sua vida como cidadão. A minha
participação não é partidária. Eu tenho as minhas crenças no empreendedorismo e
na livre iniciativa como motores da sociedade, mas eu também digo que isto só é
possível se houver sensibilidade social por parte do empresário”.
Juliano
defende com insistência que o empreendedorismo e o liberalismo jamais se
sustentarão a longo prazo se não houver igualdade de condições e melhor
participação de todos os colaboradores das atividades da empresa.
Juliano
César reafirma com entusiasmo que teve na figura do seu pai, Raimundo, um bom
preceptor. Para Juliano, ele foi uma ausência presente porque sabia delegar,
estava presente nos momentos em que o seu apoio era fundamental. Sabia se fazer
ausente para desenvolver a autoconfiança naqueles aos quais atribuía
responsabilidades de comando. Um homem que soube preparar a geração seguinte
para fazer a sucessão dos negócios sem traumas.
“Ele
delegava as tarefas, mas continuava com o senso de responsabilidade. Ele criou
um processo de sucessão com coparticipação. Nem os problemas de saúde que ele
teve no final na sua vida aqui na terra o tiraram dos negócios. A última
conversa que eu tive com o meu pai, no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo,
num sábado à tarde, durante o período da COVID 19 foi sobre negócios. Uma
habilidade que ele possuía naturalmente. Ele formou a geração seguinte sabendo
apoiar os seus sucessores sem lhes tirar a autonomia que estavam conquistando”.
A
lista dos melhores amigos de Juliano César é seleta, encabeçada pelo pai,
Raimundo Juliano. Dentre os poucos citados figuram o experiente Raimundo
Vaqueiro, funcionário da fazenda da família que faleceu durante o período da
COVID 19 e com quem Juliano César gostava muito de prosear.
Na
relação dos melhores amigos costuma incluir também o engenheiro e empresário
Jorge Santana. “Jorge é um homem consciente, um grande empresário, militante de
esquerda. Eu sou um social-democrata. Eu e Jorge somos grandes amigos e
companheiros na área do associativismo empresarial”.
Juliano
diz ter aprendido com Raimundo Vaqueiro que “ninguém gosta do que não conhece”.
A partir de Raimundo Vaqueiro entendeu que a convivência quotidiana com o seu
pai, Raimundo Juliano, desde os nove anos de idade fez com que ele aprendesse a
gostar do convívio com o ambiente empresarial, do diálogo com os colaboradores
da empresa, do gerenciamento dos negócios.
Juliano
César recorda com afeto de amigos, colegas e professores cujo convívio se
iniciou nos bancos do Colégio do Salvador, fazendo referência a Marco Antônio
Camilo, Adelaide Moura, Vera Simone, Célio, Rose, Luiz Alberto Menezes, João
Vicente, Luiz Rabelo e Augusto César de Carvalho, destacados dentre os colegas.
Do grupo de professores cita sempre os nomes de Sérgio Galindo, Ariquitiba,
Lilibeth, João Andrade, Jandira e Marco Antônio.
É
este o homem que agora empossamos. A quem recebemos de braços abertos e com
muito entusiasmo.
Seja
muito bem-vindo, confrade Juliano César. Ter você entre nós é extremamente
importante. Sabemos que você vem para amplificar as nossas energias, para
cultuar a nossa memória, para imortalizar o rotarismo.
*Discurso
pronunciado por Jorge Carvalho do Nascimento durante a solenidade de posse de
Juliano César Faria Souto na Cadeira 31 da Academia Brasileira Rotária de
Letras – ABROL Sergipe.
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