Jorge
Carvalho do Nascimento
Ninguém
duvida que a inauguração, em 1994, do Campus da Universidade Tiradentes no
Conjunto Augusto Franco foi um grande indutor do desenvolvimento urbano daquela
região, possibilitando a criação do bairro Farolândia, agora um privilegiado
espaço residencial da cidade de Aracaju.
Ao
criar um Campus Universitário na área do Conjunto Augusto Franco, a Unit,
realizou o sonho sonhado por um dos mais importantes dentre os prefeitos de
Aracaju, Godofredo Diniz Gonçalves, que por duas vezes chefiou o poder
executivo da capital do Estado de Sergipe.
No
dia 10 de julho de 1965, quando exercia o seu segundo mandato na Prefeitura,
Godofredo anunciou as tratativas que vinha mantendo com o Ministério da Marinha
para a construção da Cidade Oceânica, na região denominada Costa Funda, nos
arredores do Farol da Atalaia Velha. Prefeito de Aracaju em dois mandatos,
Godofredo sempre teve consciência de que a cidade de Aracaju se expandiria em
direção à Praia de Atalaia e investiu nesse sonho.
No
seu primeiro mandato como prefeito de Aracaju, entre 1935 e 1941, Godofredo
promoveu uma série de melhorias e instalou alguns equipamentos urbanos na
chamada região da Barreta, onde se concentravam as casas das famílias que desde
aquela época desenvolveram o hábito de veranear na Atalaia.
No
seu segundo mandato, entre 1963 e 1967, Godofredo continuou investindo em
melhorias na região da Atalaia e anunciou as tratativas para construção da
Cidade Oceânica com a qual sonhou. Nascido em 1898, Godofredo morreu em 1994,
sem conhecer o extraordinário processo de desenvolvimento urbano que marca a
paisagem dos arredores do velho Farol no primeiro quartel deste século XXI.
Os
terrenos daquela área eram de domínio da União e Godofredo Diniz pretendia que
eles fossem doados ao município para loteá-los e vende-los a preços módicos,
que seriam pagos parceladamente pela população de baixa renda da cidade de
Aracaju. A Farolândia é hoje, como se sabe, um bairro de classe média alta, com
habitações cujas preços se distanciam cada vez mais do alcance da população de
baixa renda.
No
planejamento elaborado por Godofredo e sua equipe, publicado na edição do dia
10 de julho de 1965 do jornal Gazeta de Sergipe, seriam 25 mil lotes. O
prefeito Godofredo Diniz anunciou também a criação da Companhia Melhoramentos
de Aracaju – Ciamar que teria a responsabilidade de implantação e gestão do
projeto.
Godofredo
Diniz não teve ao longo do seu segundo mandato o tempo necessário a execução do
seu projeto e a Cidade Oceânica jamais saiu do papel e dos sonhos de um
prefeito muito arrojado para o seu tempo. Mas, indiscutivelmente as marcas
deixadas por ele na vida da cidade são indeléveis.
No
seu segundo mandato, determinou ao diretor de obras da Prefeitura, o arquiteto
Rubens Chaves, a construção da Galeria de Artes Álvaro Santos, no Parque
Teófilo Dantas, como espaço destinado aos artistas plásticos aracajuanos. Além
de espaço de exposições, a Galeria se transformou em local de realização de
seminários e debates que abrigou as discussões dos jovens intelectuais
sergipanos das décadas de 60, 70 e 80 do século XX.
Por
influência do empresário Irineu Fontes, Godofredo Diniz investiu na implantação
da primeira antena repetidora de TV do Estado de Sergipe, instalando a sua
torre no Morro do Urubu e criando as condições para que os aracajuanos
recebessem o sinal de transmissão da TV Jornal do Comércio, da cidade do
Recife, a primeira emissora de TV que teve o seu sinal captado por receptores
de televisão em Aracaju.
Godofredo
Diniz foi também jornalista, empresário e corretor de imóveis. Exerceu mandato
de deputado estadual, em 1935, até assumir o cargo de prefeito. Foi deputado
federal de 1947 a 1951 e de 1953 a 1954. Em 1934, Godofredo participou do grupo
de líderes que fundou o Rotary Club de Aracaju.
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