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Mostrando postagens de maio, 2025

O CHOQUE

  Jorge Carvalho do Nascimento     Aos 42 anos de idade, Vilson ainda estava em plena forma, com sua atividade hormonal fervilhando. Buliçoso, inteligente, bom papo, era uma espécie de come quieto. De mansinho, vivia assediando as mulheres com inteligência. Sensível e sonso, fingia não ter interesse pela fornicação, buscando sempre se apresentar como aquele bom amigo com o qual as pessoas podem se abrir. Professor da Universidade Federal do Vale do Japaratuba – Univaj, passava os dias na sua sala recebendo alunos, alunas, colegas professores e colegas professoras. Com fama de homem equilibrado e estudioso, experiente em pesquisa e na gestão universitária, Vilson já havia passado por diferentes posições no serviço público federal, estadual e municipal, em Japaratuba, Aracaju, Capela, Viçosa (Minas Gerais), Natal (Rio Grande do Norte), Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Era economista conceituado e com boa reputação como autor de projetos acadêmicos, sempre aprovados por...

VITA BREVIS – AGORA, NILZO LIMA

                                                         Jorge Carvalho do Nascimento     Na semana que acaba de se encerrar uma amiga que acompanha minhas publicações nas redes sociais comentou comigo que os meus textos viraram um obituário permanente. No primeiro momento eu fiquei chocado com o comentário. Logo depois, relaxei e me dei conta que, de fato, eu sou um sexagenário. Não tem como negar, vai ficar pior. Ter mais de 60 anos de idade significa perder amigos. A gente perde amigos porque a idade tende a nos fazer intolerantes, intolerantes angustiados. O calor das ideias e do temperamento que nos evolvia em discussões juvenis são trocados pela racionalidade que busca uma harmonia que nos faz enfadonhos. A nossa conversa fica cada vez mais chata, mais repetitiva. Com sua impulsividade e seus hormônios fervilhantes, os mais jove...

GILVAN ROCHA E A MEMÓRIA POLÍTICA SILENCIADA - III

    Jorge Carvalho do Nascimento     Ginecologista e cancerologista nascido na cidade de Propriá em 1932, João Gilvan Rocha saiu da sua bem frequentada clínica para a candidatura ao Senado, sem nunca haver disputado anteriormente qualquer eleição e foi enfrentar o chefe político mais tradicional de Sergipe, Leandro Maciel. Professor da Universidade Federal de Sergipe e médico formado pela Universidade Federal da Bahia, Gilvan era muito querido pela elite de Sergipe, mantinha o melhor consultório privado de Ginecologia do Estado, no Hospital Santa Izabel, e era também conhecido por algumas incursões que costumava fazer periodicamente na área artística. No dia 07 de junho de 2008 entrevistei o engenheiro civil Luiz Antônio Mesquita Teixeira que atuava nos bastidores do MDB, ao lado dos seus irmãos, José Carlos e Tarcísio, e do seu pai, Oviedo Teixeira. O discurso de Luiz Antônio ajudou a esclarecer muito a respeito da imagem que tinha de Gilvan Rocha a sociedade sergip...

GILVAN ROCHA E A MEMÓRIA POLÍTICA SILENCIADA - II

    Jorge Carvalho do Nascimento     Indiscutivelmente, a televisão foi preponderante no resultado das eleições realizadas em 1974, quando a ditadura militar celebrou o décimo ano governando o Brasil. A oposição, sabemos, conquistou 16 das 22 cadeiras em disputa para o Senado Federal. A eleição em Sergipe do médico Gilvan Rocha como senador foi marco na história política do Estado. Entendê-la requer que se lance um olhar mais acurado sobre o papel da TV naquela campanha. Uma das consequências da eleição do senador Gilvan Rocha e mais 15 senadores emedebistas nas eleições de 1974 foi a edição, em 1977, do chamado Pacote de Abril. Para evitar um novo resultado adverso em 1978, o presidente Ernesto Geisel, com o seu Pacote, criou a figura do “senador biônico”. O chamado Pacote de abril estava contido na Emenda Constitucional número oito e em seis decretos-lei. O artigo 13 da Constituição Federal foi alterado, estabelecendo que do Colégio Eleitoral encarregado de eleger ...

GILVAN ROCHA E A MEMÓRIA POLÍTICA SILENCIADA

      Jorge Carvalho do Nascimento     Silenciosamente, sem que ninguém tenha até agora registrado, o ano de 2025 marca os 50 anos do início do mandato como senador da República do médico, artista plástico, chargista e membro da Academia Sergipana de Letras, João Gilvan Rocha. Simplesmente Gilvan Rocha, o surpreendente vitorioso das eleições parlamentares de 1974 em Sergipe, derrotou um dos mais importantes dentre os “caciques” da vida pública sergipana, o ex-governador e ex-senador, antigo líder da UDN, Leandro Maciel. Gilvan foi eleito em 1974, o ano em que a ditadura militar brasileira completou 10 anos. Tudo, aparentemente corria bem para os ditadores que se aboletaram no poder depois da deposição do presidente João Goulart em 1964. Mas, aquele ano de 1974 não terminou bem para eles. O governo conheceu um retumbante desastre eleitoral. Nas eleições de 15 de novembro, o Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, partido de oposição, conquistou 16 das 22 cadeira...