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O CAMPO ESTÁ MADURO

A MATURIDADE DA PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA

    Jorge Carvalho do Nascimento     Na década de 80 do século XX eu era professor do Departamento de Filosofia e História da Universidade Federal de Sergipe. Dentre as disciplinas que estavam sob a minha responsabilidade, Introdução à Filosofia era obrigatória para todos os estudantes que ingressavam nos cursos de Licenciatura da UFS. Numa das turmas estava um aluno franzino, curioso, inquieto e perguntador. Questionava tudo. Eu, não obstante ser mais velho que ele, já o conhecia. Passamos a infância vivendo nos bairros da zona norte da cidade de Aracaju e Amarílio Ferreira Neto era amigo da minha família e conhecia minha mãe, meu pai, meus irmãos e minhas irmãs. Estudioso, Amarílio conquistou a minha simpatia de professor e, a partir daquela sala de aula, cultivamos uma bela amizade. Eu prossegui com a minha carreira acadêmica como professor e pesquisador da Universidade Federal de Sergipe, enquanto o meu aluno, depois de colar grau em Educação Física, fez mestrado...
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O EVERALDO QUE EU CONHECI

                                                                Everaldo Aragão     Jorge Carvalho do Nascimento     Em agosto de 1975 fui procurado pelo meu inesquecível amigo Luiz Antônio Barreto para uma conversa. À época, Luiz exercia o cargo de chefe da Assessoria para Assuntos Culturais da Secretaria da Educação e Cultura do Estado de Sergipe e eu trabalhava como redator de noticiários da TV Atalaia, o recém inaugurado Canal 8. Luiz me fez um convite para uma visita ao Secretário da Educação e Cultura do Estado de Sergipe, Everaldo Aragão Prado. Eu não o conhecia pessoalmente. Como jornalista, eu sabia dele na condição de personalidade pública. A sua fama era de homem carrancudo, muito sisudo e rigoroso. Fiquei surpreso com o convite. Não entendi porque poderia haver da parte de Everaldo interesse em faz...

A HISTÓRIA NA OBRA DE LÍGIA PINA

  Jorge Carvalho do Nascimento     A História foi sempre o campo especializado de trabalho da professora Maria Lígia Madureira Pina e também a marca distintiva da sua atividade intelectual. A professora, literata, poetisa, contista, romancista e teatróloga nascida em 1925 viveu até 2014 estudando, pesquisando e escrevendo sobre História. A aracajuana veio ao mundo num dia 30 de setembro. Era a terceira filha de Affonso Pina e Alexandrina Madureira Pina e fez uma bem sucedida carreira docente como professora de História Universal do Colégio Estadual Atheneu Sergipense e do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe, onde ingressou em 1967 e atuou até a sua aposentadoria em 1991. Como professora do Instituto de Educação Rui Barbosa, a escola normal pública de Sergipe, lecionou História, Geografia e Psicologia da Educação, tendo atuado ainda como professora de História e Geografia do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, que até a década de 70 do século XX era o pri...

CHICO PADRE, O DFH E O DHI

  Jorge Carvalho do Nascimento     Quando eu ingressei na carreira docente da Universidade Federal de Sergipe, em 1988, havia um único Departamento, o DFH - Departamento de Filosofia e História que abrigava esses dois importantes campos especializados das Humanidades – a Filosofia e a História. Lembro-me do Concurso Público que prestei para a disciplina História da Educação, cuja vaga ficou aberta com a aposentadoria de dois professores que sempre atuavam oferecendo turmas da disciplina: Juan Jose Rivas Pascua e Luiz Rabelo Leite. Com a saída de Rivas e de Luiz Rabelo, a História da Educação ficou sob a responsabilidade do Padre Caldas (não recordo o seu prenome), professor substituto que morreu tragicamente atropelado por um ônibus enquanto atravessava a avenida Rio Branco, em Aracaju. Da banca do concurso para a disciplina História da Educação que me examinou participaram os professores José Paulino da Silva, Terezinha Alves de Oliva, Maria de Fátima Monte Lima, Antônio...

O LEGADO DE DARCY VARGAS: DO ASSISTENCIALISMO DE ONTEM ÀS BOLSAS DE HOJE*

                                                      Nilson Socorro     Nilson Socorro**   Se não tivesse tido seu fim decretado numa das primeiras canetadas do então presidente Fernando Henrique Cardoso, logo após a posse, no primeiro mandato, em 1º de janeiro de 1995, a Legião Brasileira de Assistência – LBA - estaria hoje completando 83 anos. Criada em 28 de agosto de 1942, pela então primeira-dama do País, Dona Darcy Vargas, esposa do presidente Getúlio Vargas, para amparo as famílias dos soldados brasileiros que nos campos de batalha da Europa, lutavam na Segunda Guerra Mundial. Nascida na guerra, a LBA continuou na paz, sem dar trégua a motivação do nascedouro: a assistência social a família, em especial, as mulheres e as crianças.   Nesse contexto, e ao longo dos 52 anos de existência, se consolidou como a principal ...

O TABU DE MATHEUS BATALHA

    Jorge Carvalho do Nascimento     As adversidades não podem sufocar o amor.  Todavia, é muito difícil evitar a autocensura e a autoamputação sentimental quando o infortúnio nos bate à porta. Este é o foco que move o discurso ficcional de Matheus Batalha em TABU, o seu primeiro romance, ambientado na década de 70 do século XX, em Sergipe, sob a plenitude efervescente da ditadura militar que sufocou o Brasil durante 20 anos, a partir de 1964. Matheus nos conta a história de uma mulher corajosa que ama a liberdade, ama a vida, ama as pessoas Conheço o escritor Matheus Batalha desde sempre. Fui amigo do seu pai, já falecido, o músico Alberto Teixeira Nery. Agora, aos 44 anos de idade, Matheus é escritor e professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de Sergipe. Doutor em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia, o escritor foi premiado pelo Fundo de Inovação da Casa Branca, nos Estados Unidos da América, e trabalhou como Professor Visitante ...

MIGUEL DE UNAMUNO E A PROVA DA UFS

                                                            Miguel de Unamuno       Jorge Carvalho do Nascimento     História é ciência dedicada a estudar aquilo que aconteceu, o que efetivamente foi vivido pelos humanos. Nunca é demais lembrar que é com os olhos voltados para as coisas que efetivamente aconteceram que somos capazes de explicar e dar sentido à vida. O porvir ainda não aconteceu e não sabemos se irá acontecer, posto que a incerteza da morte nos está posta desde o momento no qual abrimos os olhos para a vida. O que denominamos de presente é um átimo que se torna passado a cada momento vivido. O entendimento de todas as dimensões da vida, da condição humana, da economia, dos afetos, das práticas culturais, das relações familiares, da organização da sociedade, da política, tudo isto é dado pela fantást...

A CIDADE OCEÂNICA DE GODOFREDO DINIZ

  Jorge Carvalho do Nascimento     Ninguém duvida que a inauguração, em 1994, do Campus da Universidade Tiradentes no Conjunto Augusto Franco foi um grande indutor do desenvolvimento urbano daquela região, possibilitando a criação do bairro Farolândia, agora um privilegiado espaço residencial da cidade de Aracaju. Ao criar um Campus Universitário na área do Conjunto Augusto Franco, a Unit, realizou o sonho sonhado por um dos mais importantes dentre os prefeitos de Aracaju, Godofredo Diniz Gonçalves, que por duas vezes chefiou o poder executivo da capital do Estado de Sergipe. No dia 10 de julho de 1965, quando exercia o seu segundo mandato na Prefeitura, Godofredo anunciou as tratativas que vinha mantendo com o Ministério da Marinha para a construção da Cidade Oceânica, na região denominada Costa Funda, nos arredores do Farol da Atalaia Velha. Prefeito de Aracaju em dois mandatos, Godofredo sempre teve consciência de que a cidade de Aracaju se expandiria em direção à Prai...

DR. PAÇOCA, O ESCULÁPIO

  Jorge Carvalho do Nascimento     Miguel Ferreira Lopes era o verdadeiro nome do Dr. Paçoca. O prosaico apelido ele recebeu em 1952, em Salvador, quando cursava o segundo ano da prestigiosa Faculdade de Medicina da Bahia e foi atropelado ao sair completamente bêbado, as duas da madrugada, do conhecido Cabaré Tabaris, na rua Chile. Ao volante do Plymouth 51 preto responsável pelo atropelamento estava o Dr. Martins Fernandes, seu professor de Histologia. Como o estudante, o mestre também acabara de sair de uma noitada de orgias no Tabaris, onde consumira alentadas doses de conhaque, a sua bebida predileta. O mestre reconheceu o discípulo vítima do atropelamento. Desceu do carro, apanhou o estudante em seus braços, o acomodou no banco traseiro e seguiu para o novo e bem equipado Hospital das Clínicas, inaugurado em 1948. O estado de saúde do estudante Miguel não era dos melhores. Chegou ao nosocômio desacordado, o que fez com que os médicos que o atenderam suspeitassem da p...

O NARRADOR, A FICÇÃO, A VIDA REAL

  Jorge Carvalho do Nascimento   Os talentos de José Vasconcelos do Anjos, o Zeza, vieram bem embalados pelo manto da discrição. Pouco se sabe sobre o seu entusiasmo de pianista, artista plástico e gourmet. O piano foi o instrumento musical ao qual se dedicou desde a infância. É grande o encantamento que ele possui pelo jazz e pelo blues, certamente aprimorado durante a temporada juvenil que viveu nos Estados Unidos da América. De volta a Aracaju, estudou Medicina na Universidade Federal de Sergipe. Médico do trabalho e homeopata qualificado, angariou o respeito dos colegas e daqueles que necessitavam dos seus serviços profissionais. Exerceu a profissão com zelo e competência, conquistou pacientes que lhes foram fiéis. Diariamente, exerceu a clínica por mais de 30 anos, até se aposentar. Durante a infância escreveu poemas e como estudante universitário começou a sua atividade de contista, participando de alguns concursos literários nos quais foi finalista. À medida que se apro...