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PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? XXII

                                              Leo Dias


 

 

Jorge Carvalho do Nascimento*

 

 

Estamos vivendo um tempo de subcelebridades. Na opinião da colunista social Madalena Sá, pessoas destituídas de conteúdo mais sólido, por algum tipo de carisma, conquistam seguidores nas redes sociais, na internet, e repentinamente todos estão querendo saber o que aquela figura anda fazendo.

No entendimento de Madalena esta é uma das dificuldades marcantes para aqueles que fazem coluna social contemporaneamente. Fenômeno criado pela realidade das plataformas multimídia que reduziram o poder dos jornais e revistas, tiram prestígio das emissoras de TV e rádio.

Madalena analisa a realidade do tempo presente no colunismo social de Sergipe, dizendo que “as duas mais bombadas de Sergipe em termos de internet, de blogueiragem, são Sheila Raquel e Sol Meneghni, lembradas a cada momento nas redes sociais”. Prossegue dizendo que “no Brasil tem uns Pôncios que fazem sucesso, mas ninguém sabe porque eles fazem tanto sucesso”.

Na verdade, é possível afirmar que a internet não está matando a coluna social. Pode-se dizer que a coluna social foi reinventada pelas redes sociais e encorpou blogueiros com as mais diversas características, realizando trabalhos e fazendo negócios que anteriormente marcavam a atividade das colunas sociais.

As redes sociais amparam sob os mais variados rótulos, práticas das antigas colunas sociais que se reinventam e se modificam permanentemente. É este mesmo o entendimento de Madalena Sá, para quem “as pessoas sempre terão curiosidade de saber sobre a vida de alguém. No passado, havia o hábito de se colocar uma cadeira na porta de casa. Agora, a cadeira na porta é o Instagram. Sempre vai existir a vontade de olhar a vida alheia”.

O jornalista é um profissional que foi diretamente afetado por este novo domínio tecnológico. Profissional do jornalismo, Madalena Sá coloca este problema em sua pauta de preocupações. “Talvez ainda seja necessário o trabalho dos jornalistas. Talvez precise alguém com as características de um Leo Dias, mas além dele não vai ter mais tanta gente. Precisa de uma pessoa muito enfiada no métier, como ele é”.

O jornalista, o repórter é um caçador de notícias, diz Madalena. “Você precisa estar muito envolvida para você conseguir dar um furo. As pessoas estão o tempo todo dando o seu furo nas redes sociais. A coluna social virou um déjà vu. É isto que eu percebo. Desde a época do Orkut eu já percebia isto”.

O Orkut foi o primeiro momento no qual jornais, revistas, emissoras de TV e de rádio perceberam efetivamente a força das plataformas de multimídia. As pessoas ficaram chocadas com a chegada daquela plataforma. De acordo com Madalena Sá, no princípio, poucos jornalistas, poucos formadores de opinião tinham uma conta no Orkut. “Nem todo mundo tinha Orkut. Eu já tinha. Eu já conseguia extrair um bocado de coisa. Mas, pouca gente tinha Orkut. Muita gente não tinha Twitter. Eu já tinha.

O que é diferente hoje do Instagram. Hoje, quando a pessoa não tem uma conta no Instagram, alguém diz logo: nossa! Você não tem um Instagram? Antigamente, quando alguém tinha Orkut aos 40 anos de idade, o que se dizia era: Ave Maria! Você tem Orkut? Porque Orkut era coisa do meu filho quando eu entrei no Orkut. Ele escrevia GUT0 com /0/ no final. O /O/ de Guto, no final, era /0/. Eu disse: meu Deus! O que é que meu filho está fazendo lá, escrevendo GUT0 com /0/? Escrevia com sinaizinhos”.         

Logo, os jornalistas começaram a descobrir o quanto era importante permanecer conectados. A mesma Madalena Sá relata que fez uma viagem “para Nova Iorque em 2005, antes de trabalhar no jornal Cinform, e disse: eu vou voltar de Nova Iorque com máquina digital e notebook porque eu vou me digitalizar agora em 2005. E foi importantíssimo.

Quando eu entrei no Cinform, logo depois, eu estava digitalizada, estava com a linguagem dos jovens, estava sabendo o que era depoimento no Orkut, estava sabendo o que era tudo. Até então, até 2005, eu não sabia o que era Orkut, eu não sabia o que era rede social”.

Todas essas redes sociais que marcam a vida cotidiana do século XXI estão alterando a natureza da coluna social, como ela ficou tradicionalmente conhecida. Com as marcas dos nomes mais importante que deram direção ao gênero. Marcas que a jornalista Madalena Sá reconhece naqueles que ela considera como nomes mais importantes do colunismo social no Brasil.

Na lista dos mais importantes colunistas sociais brasileiros, elaborada por Madalena Sá, figuram Ibrahim Sued, Zózimo Barroso do Amaral, Leo Dias, Fabiola Reipert e Rainha Matos. Leo Dias, Fabiola Reipert e Rainha Matos são importantes nomes da coluna social brasileira na segunda década do século XXI. Rainha Matos e Leo Dias são sempre parceiros. Na opinião de Madalena Sá, “Rainha Matos é aquela pessoa que dá a notícia quando a informação pode criar algum tipo de dificuldade para Leo Dias”.

 

 

*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.

 

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