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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

A MEMÓRIA-MONUMENTO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Os escritores José Anderson Nascimento e Sayonara Viana organizaram juntos o livro JUSTIÇA, MEMÓRIA E CIDADANIA: 130 ANOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE, publicado em 2020 pela editora Tavares & Tavares, sob os auspícios do Tribunal de Justiça sergipano. São 208 páginas em policromia, encadernadas com capa dura, contendo um bom ensaio de História do Poder Judiciário ilustrado com rica iconografia. O texto de apresentação é assinado pelo desembargador Edson Ulisses de Melo, à época presidente do Tribunal. São seis capítulos que mostram a trajetória do poder, desde que foi implantado como Tribunal de Relação. No primeiro capítulo, o texto de José Anderson Nascimento faz um esboço histórico da justiça no Brasil. Presidente da Academia Sergipana de Letras, o juiz de Direito aposentado Anderson Nascimento é historiador e, também professor já gozando a aposentação do Departamento de Direito da Universidade Federal de Serg

OPERAÇÃO CAJUEIRO. O SILÊNCIO DA IMPRENSA DE SERGIPE E A LUTA DOS CORRESPONDENTES

      Milton Alves*     De repente, um Opala amarelo para bruscamente no cruzamento das Ruas Permínio de Souza e Nossa Senhora das Dores, bairro Cirurgia. Dentro do carro somente um ocupante, de quem ouvi o anuncio/advertência: “camarada Mílton Alves, os companheiros estão sendo presos, não sabemos para onde estão sendo levados nem por quem”. E seguiu: “cuide-se e não saia de casa”. O anuncio das prisões e o conselho foram do então deputado estadual Jackson Barreto (MDB), que viria a ser governador de Sergipe. Eu conversava com um grupo de amigos, todos sentados num degrau de entrada do Bar de ¨Seu¨ Dinho – que não mais existe. Os amigos ficaram sem entender o enigmático anuncio. Estávamos a nos preparar para o sábado de Carnaval, dia do Desfile do Bloco de Sujos, já não acontece, que saia do Bairro Suíssa, passava pelo Bairro Cirurgia e encerrava o cortejo carnavalesco no Centro de Aracaju. Atendi o conselho. Em casa, minha mãe vendo-me cabisbaixo e silencioso, pergunt

O ÚLTIMO CEPALINO

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Marcos Antônio de Melo foi por duas vezes secretário de estado do planejamento em Sergipe. A primeira delas no período 1980-1983, quando o industrial Augusto Franco chefiou o poder executivo estadual. Voltou a exercer tal cargo entre os anos de 1995 e 2002. No segundo período na secretaria do planejamento, Marcos Melo teve Albano Franco, filho de Augusto Franco, como governador de Sergipe. Albano vinha de uma exitosa experiência que lhe permitiu, durante 14 anos, presidir a Confederação Nacional da Indústria, a CNI, transformando-se numa das maiores lideranças do empresariado industrial brasileiro. O Brasil era governado por Fernando Henrique Cardoso e vivia a era de ouro do neoliberalismo, com moeda estável, crescimento econômico e uma ampla política de privatização de empresas estatais. Política que foi seguida em Sergipe por Albano Franco e que teve na privatização da companhia estatal de eletricidade, a Energipe, a “joia da coro

LAUDELINO FREIRE, DEPUTADO EM SERGIPE, FILÓLOGO NO BRASIL

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Em boa hora o presidente da Academia Sergipana de Letras, José Anderson Nascimento, anunciou um evento que se realizará no dia 16 de março vindouro com o objetivo de celebrar os 150 anos de nascimento do intelectual sergipano que nas primeiras décadas do século XX teve muito destaque, principalmente como filólogo. Para tanto, Anderson convocou o acadêmico, professor e juiz de Direito, José Anselmo de Oliveira, encarregado de proferir a conferência destinada a homenagear o cidadão lagartense que foi um dos mais importantes dentre os intelectuais brasileiros que no início da centúria antecedente produziram no Rio de Janeiro uma espécie de belle époque tropical. Laudelino de Oliveira Freire nasceu em Lagarto, Estado de Sergipe, no dia 26 de janeiro de 1873. Foi advogado, jornalista, professor, político, crítico literário, historiador e filólogo. Morreu no Rio de Janeiro em 18 de junho de 1937. Chegou à então capital do Brasil como alu

40 ANOS DE POSEIDON

      Jorge Carvalho do Nascimento*     A mitologia grega atribuiu a Poseidon a responsabilidade de governar as águas. Deus dos mares e rios, a ele dizia respeito tudo que tratava das águas, das quais efetivamente se fez o senhor. A ele pertencia a responsabilidade por enchentes catastróficas e o mérito de apascentar as águas para que estas cumprissem o papel de fonte da vida. É presumível que a Poseidon coubesse, portanto, velar pela abundância da água disponível ao povo grego, a fim de que a ninguém faltasse acesso ao líquido garantidor da vida. Casado com a ninfa Anfritite, Poseidon se fez pai de alguns filhos e é sempre representado como um homem forte, com barba e segurando um tridente com o qual fazia jorrar água do solo. Muitos séculos nos separam da antiguidade grega e a racionalidade do século XXI já não mais fica satisfeita com a matriz explicativa construída pela mitologia do mundo helênico. Os homens desta centúria buscam nos saberes oferecidos pela Geologia