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Mostrando postagens de fevereiro, 2021

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - L

                                              Anderson Nascimento     Jorge Carvalho do Nascimento*     O jornalismo de coluna social no Brasil dos anos 50, 60 e 70 do século XX tinha o seu foco voltado principalmente para as festas que aconteciam nos clubes sociais e nas boates. Era assim no Rio de Janeiro, em São Paulo, na Bahia, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco, em Sergipe. Esta era uma prática desse gênero de jornalismo no Brasil. Se observada uma cidade como o Rio de Janeiro, importantes boates marcaram foram espaços preferidos pelos colunistas sociais e marcaram a vida daquele período como o Sacha’s ou a boate que teve no promoter Carlos Machado seu empreendedor, além de outras que surgiram como o Hipopotamus, reunindo figuras marcantes do high Society naquela cidade. O mesmo acontecia em vários outros Estados brasileiros. Todas essas boates eram marcadas pela presença de orquestras, cantores de muito prestígio popular, grupos de música ao vivo. Eram raras as casas que adotava

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - XLIX

                                              Lânia Duarte     Jorge Carvalho do Nascimento*     Atualmente os que ainda gostam de ler jornal fazem assinatura e acessam os periódicos em edições digitais nas plataformas disponíveis na rede internet. Jornais que no passado tiveram grandes tiragens impressas como a Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo e outros, são agora lidos prioritariamente pela internet. Além disto, alguns importantes portais se transformaram em plataformas de notícias muito consumidas, como é o caso da UOL, G1 e de tantas outras. Algumas de amplitude nacional e outras de relevância estadual ou regional, a exemplo, no Estado de Sergipe, dos portais Infonet e Itanet. Da mesma maneira, as revistas semanais, que eram veículos informativos e de opinião relevantes, agora deixaram de ter importância como mídia impressa vendida em bancas de jornal e entregue na residência dos assinantes. Contemporaneamente, a leitura desse tipo de periódico como as revistas Vej

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - XLVIII

                                                          Fernando Sávio     Jorge Carvalho do Nascimento*     O jornalista Paulo Roberto Dantas Brandão, que durante alguns anos dirigiu o jornal Gazeta de Sergipe, disse em entrevista que concedeu ao autor do presente texto considerar normal que os responsáveis por colunas fixas, inclusive colunistas sociais recebam colaboração de outros jornalistas e de pessoas diversas que lhes fornecem informações. No caso da coluna social, cita o período em que a jornalista Thaís Bezerra atuou na Gazeta, afirmando que ela recebia colaboração de pessoas que a ajudavam a escrever algumas seções da coluna. Fez referência direta ao nome do jornalista Fernando Sávio como importante colaborador de Thaís. Todavia, afirma que não há nada de estranho nisto. E cita os influentes jornalistas brasileiros já falecidos Ricardo Boechat e Zózimo Barrozo do Amaral que começaram profissionalmente com o colunista social Ibrahim Sued. “O Zózimo tinha uma equipe que tra

MENILTON TAMBÉM SE FOI

                                                Menilton Menezes     Jorge Carvalho do Nascimento*     Não quero contabilizar os amigos que tenho perdido para a pandemia de Covid-19. Eles continuam morrendo. Aqui em Sergipe e em São Paulo. Sergipe onde tenho vivido a maior parte da minha vida e São Paulo, onde morei durante cinco anos. Estados nos quais plantei mais amizades. Mas, também tenho recebido notícias da partida de amigos que se dispersaram pelo país e desde o ano passado morreram no Rio de Janeiro, na Bahia, no Pará, na Paraíba e Pernambuco. A cada nova morte cresce a minha indignação com um o presidente do meu país que, ao invés de agir com responsabilidade, como ocorreu em outros países, desde o início da pandemia desdenha do vírus e da doença que chamou de “gripezinha, resfriadinho”, num pronunciamento oficial em rede nacional de televisão. Um presidente da República que desdenhou das orientações da Organização Mundial da Saúde e passou o tempo inteiro provocando aglomera

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - XLVII

                                                              Zózimo Barrozo do Amaral       Jorge Carvalho do Nascimento*     Quando se pergunta qual o mais influente dentre os jornalistas brasileiros que se dedicaram a escrever coluna social, quase todos os observadores da mídia citam o nome do jornalista Zózimo Barrozo do Amaral. Entre os anos de 1959 a 1963 ele trabalhou no jornal O Globo. A partir do ano de 1964 e até 1992 atuou no Jornal do Brasil como colunista social, tendo sido ainda no mesmo periódico um dos responsáveis pelo Informe JB e editor do Caderno B (o caderno de variedades). Nos anos de 1993 a 1997, quando morreu, foi colunista social de O Globo. No período em que trabalhou no Jornal do Brasil, Zózimo manteve um estilo irônico, tanto nas notas e comentários sobre figuras da alta sociedade e também nas vezes em que fazia registros de caráter político. Muitas vezes desagradou os chefes da ditadura militar brasileira e sofreu algumas prisões. O jornalis

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - XLVI

                                                Thaís Bezerra     Jorge Carvalho do Nascimento*     O jornalista Paulo Roberto Dantas Brandão que dirigiu a Gazeta de Sergipe no final do século XX e início do século XXI critica nos jornalistas que fazem coluna social a prática de se fechar em pequenos grupos que se transformam em notícia frequente. Segundo ele, quando os jornalistas se libertam do gueto e conseguem fazer um colunismo que se abre mais aos interesses amplos da sociedade, a coluna social ganha importância. Sob tal perspectiva, a coluna social é um espaço de interesse coletivo. “Me surpreendeu no início da minha prática de jornalista como a vaidade das pessoas valoriza essa atividade. As pessoas vibram quando sai o nome delas ou uma foto na coluna social. No suplemento Gazetinha as famílias faziam festa quando a foto de uma filha era publicada na capa”. Todavia, mais importante que tudo isto, é um aspecto do colunismo social para o qual Paulo Roberto Dantas Brandão chama a

A MATA DO SAUIM

     Jorge Carvalho do Nascimento*     Mesmo sabendo que a jornada era longa, Zé Pifane de Zé Viana resolveu ir a pé. Era noite de sexta-feira, estava em Estância e o saveiro Caminho de Estrelas tinha que levantar o ferro da âncora as 10 horas em ponto da manhã de sábado no porto de Espírito Santo com destino a Salvador. A hora era determinada pela maré alta, o melhor momento para vencer a saída da barra dos rios Real e Piauí/Piauitinga, entre a Praia do Saco e o Mangue Seco. Zé Pifane era o taifeiro do Caminho de Estrelas. Dele dependiam a organização dos alojamentos e as refeições da embarcação. Se ele não estivesse presente o saveiro não teria como zarpar. O fato de o cargueiro ser movido a velas e não a motor tornava a viagem até Salvador longa e cansativa, principalmente se houvesse a infelicidade de pegar um vento de proa, o que era recorrente na rota. Os homens precisavam comer bem, ficar bem alimentados para aguentar o repuxo. Trabalho pesado de levantar e arria

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - XLV

                                              Pascoal Maynard       Jorge Carvalho do Nascimento*     A Gazeta de Sergipe teve como seu primeiro redator-chefe o jornalista Pascoal Maynard. Quando a Gazeta Socialista foi transformada em Gazeta de Sergipe, no ano de 1958, Pascoal tinha 35 anos. Morreu aos 41 anos de idade, em 1964. Foi ele que juntamente com Orlando Dantas e José Rosa de Oliveira definiu a linha editorial crítica que caracterizou sempre o periódico. Depois de Pascoal, outro editor de muita importância na Gazeta de Sergipe foi o jornalista Ivan Valença. Não apenas na Gazeta, mais também no Jornal da Cidade, que fundou ao se associar com o jornalista, publicitário e empresário Nazário Pimentel. A partir da década de 80 do século XX, ele continuou a ser um jornalista importante, porém não exercia a mesma influência que marcou seu trabalho por mais de 20 anos nas décadas de 60 e 70 da mesma centúria. Ao lado de Ivan Valença e Pascoal Maynard é necessário coloca

CAMPISTAS DE VERÃO

                                            Porta Negra - Trier - Alemanha       Jorge Carvalho do Nascimento*     Carro alugado, chaves na mão. Uma visita ao supermercado e um forte investimento em coisas prioritárias para a sobrevivência humana. 12 garrafas de vinho tinto, meio quilo de queijo gorgonzola, um sortido de pães do tipo Volkornbrot (aquele preto, pesado, sem fermento, denso, com alguns grãos de trigo inteiros e sabor inesquecível) e quatro litros de água mineral envasados em 20 garrafas de 200 ml cada uma. Só faltava a casa. Não custou caro comprar duas barracas individuais de camping. Práticas, fáceis de montar, leves. Para cada uma das tendas foi adquirido um colchonete. O critério da compra foi o preço. Era o modelo mais barato sempre o preferido. O mesmo fundamento que orientou a compra dos lençóis. Agora, pé na estrada. Ou melhor, na Autobahn, o fantástico sistema alemão de rodovias federais. A ideia era aproveitar os últimos 10 dias do mês de julho e o

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - XLIV

                                              Paulo Brandão     Jorge Carvalho do Nascimento*     Paulo Roberto Dantas Brandão é advogado, economista e jornalista. Neto do jornalista Orlando Dantas, fundador do jornal Gazeta de Sergipe, Paulo foi repórter, redator, editorialista e diretor do periódico do seu avô e, após a morte deste último, em 1982, liderou o jornal até o encerramento das atividades da Gazeta, em 2004. A partir de 1975 Paulo Brandão, à época estudante do curso de Economia da Universidade Federal de Sergipe, trabalhou na Gazeta, recebendo treinamento como repórter iniciante. O editor do era o jornalista Ivan Valença e Orlando Dantas, diretor geral, entregou a responsabilidade pela preparação do jovem repórter ao jornalista Luiz Antônio Barreto. De 1975 a 2004 Paulo Brandão esteve atuando no jornal, à exceção do ano de 2000, durante o qual permaneceu afastado em face de conflitos de gestão que viveu com o tio Augusto Dantas e a prima Valéria (filha de Augusto), como ele