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Mostrando postagens de janeiro, 2024

TRIBUTO A LUCINDA PEIXOTO

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Acabei de tomar conhecimento da morte da empresária Maria Lucinda de Almeida Peixoto, ocorrido hoje na cidade de Penedo, Estado de Alagoas. Lucinda era certamente a principal herdeira dos negócios da próspera família Peixoto Gonçalves, empresários que ao longo do século XX constituíram a mais importante e mais rica família da região do Baixo Rio São Francisco, consideradas as duas margens – a de Alagoas e a de Sergipe. Tive a oportunidade de conhecer Lucinda Peixoto no final do ano de 2009, quando iniciei uma pesquisa sobre os negócios da família Peixoto Gonçalves, a convite do seu genro, José Carlos Dalles, um dos principais executivos com responsabilidade sobre a gestão das atividades econômicas da família. Em maio de 2010, fiz uma série de entrevistas e mantive várias conversas com Dona Lucinda, como os penedenses e os seus amigos costumavam tratá-la. Fiquei impressionado com a sua memória que o tempo não conseguira embotar. Do m

GANHEI A MEGA DA VIRADA

      Jorge Carvalho do Nascimento*     É normal que o felizardo procure se manter incógnito. Comigo não foi diferente. Combinei com minha filha que na segunda-feira, primeiro de janeiro, viajaríamos discretamente a Fortaleza. Na terça-feira, dia 02, iriamos a uma agência da Caixa Econômica Federal, com a documentação pessoal e o volante, nos apresentaríamos ao gerente para, de modo discreto, abrir a conta e retirar o nosso polpudo prêmio. Natural que assim fosse. Estávamos experimentando os primeiros problemas dos ricos. Afinal, nem todo mundo é dono de 580 milhões. Necessário ser discreto. O temor de um sequestro foi o primeiro pensamento que povoou a mente. Inicialmente seria de bom tom agir rápido e passar uma temporada razoável fora de Aracaju, até que outros temas passassem a ocupar a mente das pessoas e a premiação e o premiado fossem apagados do imaginário coletivo. Além da segurança quanto ao possível sequestro, havia um outro problema: não faltariam amigos e p

BANHO DE CUIA

      Jorge Carvalho do Nascimento*     A vida urbana nos faz mofinos. Faz tempo que os gélidos banheiros brancos com seus revestimentos assépticos no piso, nas paredes e no teto me fizeram esquecer o bucolismo e o conforto dos banhos de rio, dos banhos de lagoa, dos banhos de cuia que Epifânio, meu avô paterno, preferia chamar de banho de susto.   E não foram poucos os banhos nas três modalidades. Na infância, criado parcialmente por Dona Petrina, a minha avó materna, inúmeras vezes fui com ela nos períodos de férias escolares passar alguns dias na propriedade rural da minha bisavó Romualda, no município de Macambira. Era uma fazendola na qual ela vivia e lá continuou após a morte do meu bisavô que eu não cheguei a conhecer porque ele se foi muito jovem, antes de completar 30 anos de nascido. O conceito de infarto era desconhecido da linguagem popular e singela era a resposta que a minha curiosidade de menino recebia quando perguntava a causa mortis do biso: morreu do co