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Mostrando postagens de novembro, 2023

A CAVERNA DO DISPOSITIVO

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Entregue a devaneios, meu imaginário posta-se agora diante da caverna que guarda os mitos e as lembranças da minha consciência cada vez mais esmaecida. É cada dia mais forte o temor de que o alemão decida roçar por perto e apague os registros dos meus arquivos, não importando o fato de serem estes recônditos ou entrantes que ainda tateiam em busca dos melhores caminhos. Agora, diante das chamas que turbam o foco das imagens me vejo na infância. Pouco importa se são seis, sete ou oito anos de idade. Não acrescenta nada saber se o diploma de Doutor do ABC que se entregava era o meu, o da minha irmã Conceição ou o de Helder, irmão meu que foi convocado à prestação de contas do juízo final ainda muito jovem. Nítida é a voz do locutor que faz as vezes de mestre de cerimônias no edifício do Educandário Roberto Simonsen, na avenida Minas Gerais, próximo ao Hospital Santa Izabel. “Convido para tomar assento à Mesa Diretora dos Trabalhos o i

JACKSON BARRETO: TEMPO E CONTRATEMPO

                                                Eduardo Cabral       Eduardo de Cabral Menezes*     Sempre fui dado a leitura de biografias. Assim é que que li com supremo agrado as biografias de Getúlio Vargas, John Fitzgerald Kennedy, JK O Artista do Impossível, Chatô o Rei do Brasil, Churchill e Mauá o Empresário do Império, escritas, respectivamente, por Lira Neto, Bill O. Reilly, Claudio Bojunga, Fernando Moraes, Lord Roy Jenkins e Jorge Caldeira, além das de Nelson Mandela e Martin Luther King, da lavra deles próprios. São obras que, dentre outras de igual porte, possibilitam ao leitor conhecer de perto e avaliar em profundidade a figura do seu personagem. Esse interesse por tal tipo de literatura ainda mais se avultava quando me deparava com a história de um homem público e, mais de perto, de um político. Em passado não muito remoto tivemos em Sergipe, como figuras polarizadoras da nossa política, os senhores Leandro Maciel e Leite Neto. Pelejando em campos opostos, tais líderes

JACKSON BARRETO: TEMPO E CONTRATEMPO

                                                   Dilson Barreto     Dilson Menezes Barreto*     O livro escrito por Jorge Carvalho a respeito da caminhada política de Jackson Barreto de Lima é uma preciosidade em termos de pesquisa histórica, elucidando toda a trajetória política de um homem público que sempre dedicou sua vida a serviço das causas sociais, enfrentando diversas barreiras, mas conseguindo superá-las com ousadia e determinação. Trata-se de um livro de fácil leitura e que prende o olhar do leitor da primeira à última página. Li com grande prazer esta obra que me fez vivenciar muitas das etapas ali descritas pelo eminente historiador e Doutor em Educação Jorge Carvalho, desde quando tive o prazer de participar, diretamente como seu auxiliar na gestão primeira na Prefeitura de Aracaju ou, indiretamente, como seu eleitor e particular amigo. O autor, em suas 486 páginas, empreende um longo passeio literário inicialmente relatando os aspectos biográficos do homenageado e o se

JACKSON BARRETO - O LIVRO

                                                        Francisco Baptista Recebi do amigo Francisco Baptista a mensagem que reproduzo abaixo. Filho do ex-governador de Sergipe Lourival Baptista, Francisco é médico psiquiatra de muito sucesso em Florianópolis, no Estado de Santa Catarina. Durante boa parte da sua vida se dedicou também a diferentes modalidades esportivas e em Santa Catarina foi um importante gestor de várias entidades do esporte, inclusive do futebol, onde liderou a gestão de clubes e da federação estadual. A Francisco Baptista, a minha gratidão.     ***     Meu caro Jorge   Folheando seu oportuno livro sobre Jackson Barreto, que adianta homenagear os mortos se podemos fazê-lo em vida, conheci um pouco mais esse político sergipano. Realmente Jackson é uma figura polêmica, distinta e digna de suas letras. Apesar de ter caminhado na política em uma via paralela a de meu pai, ambos tinham um pelo outro admiração e, sobretudo, respeito. Tive oportunidade de conversar com e

OS SAPATOS

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Os sorrisos de felicidade estampados no rosto dos noivos e das famílias permitiam que todos percebessem o acerto do casório de Paula com Maximiliano. A nababesca recepção oferecida nos luxuosos salões do Tenis Clube Gaivota Branca reuniu 700 convidados das abastadas famílias de bem de Horizonte Azul. Archimedes Sortano, o mais humilde produtor de milho da região, costumava colher 50 toneladas por hectare na sua fazenda Santo Inácio. Eram 12 mil hectares em terreno plano, com toda produção mecanizada. Mas, não fazia inveja a nenhum dos demais associados da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Grãos de Horizonte Azul, bem instalada às margens do Rio Tocantins. Rubens Vicente, o pai da noiva obtivera a mesma produtividade das terras de Archimedes em seus 34 mil hectares da Fazenda Raio de Luz. Estava contente porque sua filha Paulinha, educada no Sacrée Couer de Paris e engenheira agrônoma diplomada pela Universidade de Montpelier, n

RENOVAR A ESPERANÇA É SEMPRE BOM

                                                    Rômulo Rodrigues       Rômulo Rodrigues**     E foi o que fiz no dia 18 de outubro de 2023 quando fui ao lançamento da biografia de Jackson Barreto – tempo e contratempo – escrita pelo amigo, professor, acadêmico e um monte de coisas boas, Jorge Carvalho do Nascimento. Entrei no Instituto da gente sergipana impactado pela enorme quantidade de gente que estava lá e sai com a incumbência do biógrafo de comentar o livro, já que havia comentado, à pedido do autor, memórias da Resistência, de 2019. Fila enorme, amigos para cumprimentar, idem, e uma fila para ir furando, porque com 80 já completados não dá para respeitar todos os protocolos. Chegada a vez o carinho da dupla está preservado para a história nas dedicações. O Biógrafo escreveu; “ao companheiro Rômulo que testemunhou muito do que foi escrito. Parabéns pelo seu protagonismo em nome da nossa geração”. O biografado não deixou por menos; “ao amigo Rômulo Rodrigues, cuja história mi

SOBRE TEMPO E CONTRATEMPO

      José Vasconcelos dos Anjos*     Escrever uma biografia é tarefa difícil. E autorizada é terreno pantanoso, que dá vazão a críticas por vieses, que o querido professor Jorge sabe muito bem. E sendo o biografado um grande amigo de lutas políticas e relações pessoais, é uma odisseia transitar na pesquisa e nas informações, para não fugir da realidade histórica. Fiquei sinceramente impressionado pela forma como o biógrafo montou a trajetória de Jackson, sendo que, até mesmo em momentos que o texto foge um pouco do centro de suas atenções – Jackson - as informações gerais registradas, nos ajudam a entender melhor o contexto histórico daquele período. Logo me surpreendi na dedicatória, “você faz parte desta história”, me obrigando a refletir e buscar na memória os detalhes dessa afirmação. Sim, qualquer sergipano, que seja admirador de qualquer agremiação partidária ou corrente ideológica, sabe quem é Jackson Barreto. No meu caso, há um detalhe mais estreito, pois tenho

SOBRE O LIVRO JACKSON BARRETO: TEMPO E CONTRATEMPO

      Por Mário Freire*     Concluí a leitura do livro sobre Jackson Barreto e gostaria de parabenizá-lo pelo excelente trabalho biográfico. Tenho certeza que será muito útil como fonte de pesquisa para as próximas gerações que não tiveram o privilégio de viver nesse período histórico. Ciente do seu perfeccionismo e cuidado com o resgate preciso dos fatos, como o fez em “A Cultura Ocultada” (outra excelente obra que tive o prazer de adquirir no lançamento), me sinto, também, na obrigação de apresentar alguns pontos que considero necessários para o aperfeiçoamento desta, em edições futuras, quais sejam: 1 – No capítulo III, páginas 69-70, ao mencionar o apoio de Jackson ao movimento estudantil secundarista, cita os núcleos estudantis dos colégios Castelo Branco e Costa e Silva. Acredito que seria muito pertinente acrescentar que, 60 anos depois, precisamente no dia 14 de janeiro de 2016, o então governador Jackson Barreto assinou decretos para trocar os nomes de três escolas