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Mostrando postagens de março, 2021

O MANTO ESTUDIOSO DE CLAUDEFRANKLIN E A DIOCESE DE ESTÂNCIA

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Dois importantes pesquisadores ligados ao Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe se dedicaram nos últimos a liderar estudos ligados à prática do catolicismo em Sergipe. Tanto Antônio Lindvaldo quanto Claudefranklin Monteiro, ambos doutores em História, buscaram empreender esse tipo de pesquisa, trazendo à luz do conhecimento novos elementos, novas fontes novas estudos, revelando questões até então obnubiladas. Uma nova contribuição publicada em livro começou a circular por iniciativa do pesquisador Claudefranklin Monteiro, com estudos produzidos pelo grupo que lidera. Ele, o historiador Edvanio de Jesus Nascimento e o padre Iuri Ribeiro dos Santos, organizaram o livro SOB O MANTO DA VIRGEM MORENA (História e Memória da Diocese de Estância-SE, 1960-2020). Assumidamente católico militante, o Prof. Dr. Claudefranklin viu na celebração dos 60 anos de instalação da Diocese de Estância a oportunidade de debater questõ

A TRAVESSIA DE CHICO

                                                    Francisco Rollemberg     Jorge Carvalho do Nascimento*     Aos 85 anos de idade, médico, advogado, escritor, membro da Academia Sergipana de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, da Associação Sergipana de Imprensa e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Francisco Guimarães Rollemberg resolveu vasculhar as gavetas da memória para revelar parte do que viu durante oito décadas e meia de travessia pelo pontilhão da vida. Foi uma bem sucedida carreira de médico cirurgião e quatro mandatos como deputado federal e um como senador da República. No total, 24 anos de atividade legislativa, frequentando os gabinetes, os corredores e o plenário da Câmara e do Senado em Brasília, como um parlamentar que exerceu grande influência e teve muito reconhecimento no Congresso Nacional, figurando sempre nas listas dos mais influentes. Recebi dele, no dia seis de março deste ano o seu livro TEMPO DE TRAVESSIA, publicado pela Gráfica Edito

O MEU LUGAR

      Jorge Carvalho do Nascimento*     “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”.   Poucos homens levaram tão a sério a frase de Leon Tolstoi quanto meu pai, Antônio Ferreira do Nascimento. Ele nasceu no dia seguinte ao da eleição de Washington Luiz para a Presidência da República do Brasil. Naquele 02 de março de 1926, a Vila do Espírito Santo ainda era parte do território do município de Santa Luzia. O meu avô, Epifânio Ferreira dos Santos, alagoano de São Miguel dos Campos, chegara ao porto de Indiaroba como marinheiro mercante, taifeiro de uma barcaça a vela, das muitas que faziam a navegação de cabotagem neste país, durante a primeira metade do século XX. Desembarcou no início do ano de 1923, quando contava ainda com 29 anos de idade.  Bonito, elegante, bem vestido, circulou pela Vila e despertou o interesse das moças locais. Entregou seu coração a Maria do Nascimento Viana, conhecida como Maria Viana ou Maria Cabocla. José Felício do Nasciment

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? – LIV

                                                      Fusca     Jorge Carvalho do Nascimento*     Em 1940, quando foi prefeito de Aracaju, Godofredo Diniz tomou a primeira iniciativa de organização de um evento esportivo que buscava aproximar os grupos mais jovens da elite sergipana da Praia de Atalaia. Na região da praça, nas proximidades do Palácio de Veraneio do governador do Estado de Sergipe, o prefeito Godofredo Diniz promoveu os Jogos de Verão. Naquela região, as águas eram profundas e a Prefeitura instalou um trampolim para saltos e mergulhos, além de uma quadra de esportes. Os Jogos de Verão organizavam várias modalidades esportivas, abrangendo tanto esportes náuticos como as modalidades esportivas de salão. Godofredo Diniz Gonçalves era jornalista e foi presidente da Associação Sergipana de Imprensa – ASI. Venceu as eleições de 1934 e assumiu o mandato de prefeito em 1935, permanecendo no cargo até 1941. Seu mandato deveria se encerrar em 1939, mas em face da decretação do Es

A LOCALIZAÇÃO DA NOVA CAPITAL

                                                        Sebrão Sobrinho       Jorge Carvalho do Nascimento*     Segundo o historiador Sebrão Sobrinho, em 1590, depois de conquistar o território de Sergipe, Cristóvão de Barros entregou metade das suas terras, desde Aracaju até as margens do rio São Francisco ao seu filho Antônio Cardoso de Barros ( Laudas da História do Aracaju , 1955, 20). Considerando exagerada a extensão territorial, a Coroa teria reduzido o domínio deste último à metade que corresponderia a faixa compreendida entre os rios São Francisco e Japaratuba. Assim, as terras situadas entre Aracaju e a margem direta do rio Japaratuba ficaram devolutas à espera de sesmeiros que as requeressem. A primeira sesmaria conhecida é a de Pero Gonçalves, com l.000 braças de comprimento por 700 de largura, no cabo do rio Cotinguiba. Pedro Homem da Costa recebeu três léguas de comprimento por uma de largura, entre o rio Cotinguiba e o Poxim. Em 1736 essas terras foram tr

O MITO DA PRAIA DESERTA E AS ORIGENS DA ESCOLA EM ARACAJU

      Jorge Carvalho do Nascimento*     As análises mais frequentes a respeito da fundação da cidade de Aracaju costumam afirmar que Inácio Barbosa construiu a nova capital em uma praia inóspita e esquecida. É necessário relativizar tal discurso. Antes da construção da nova cidade existia, desde outubro de 1778, o povoado de Santo Antônio do Aracaju, no alto da colina do atual bairro Santo Antônio. O povoado de Santo Antônio do Aracaju, contudo, é algo distinto da cidade que Inácio Barbosa fundou em 1855. Só posteriormente ele foi incorporado à malha urbana da nova capital e transformado em um dos seus bairros.  A nova cidade foi construída a partir do sítio Olaria. Na região viviam importantes personalidades da vida política e econômica de Sergipe. A partir de 1850, depois da vigência da lei que transformou a terra em objeto de comércio, os sesmeiros começaram a regularizar a situação dos terrenos que estavam sob seu domínio. No caso da região da Olaria de Aracaju, o a

ARACAJU E O SEU PARLAMENTO

                                              Edifício da Câmara Municipal     Jorge Carvalho do Nascimento*     Nesta quarta-feira, 17 de março de 2021, a cidade de Aracaju estará celebrando os seus 166 de fundação, já criada como capital da Província de Sergipe em 1855, por iniciativa do presidente provincial, Inácio Joaquim Barbosa. Treze dias depois, no dia 30 do mesmo mês, a Câmara Municipal estava funcionando na sua plenitude. É possível, portanto, afirmar que a Câmara de Vereadores é a mais antiga instituição da cidade de Aracaju ainda em funcionamento. Data de 30 de março o registro inaugural da atividade dos oito primeiros vereadores aracajuanos. Desde então, a Câmara é testemunha do crescimento de Aracaju e uma das mais importantes dentre as instituições que cuidaram da organização da cidade. Os vereadores de Aracaju acompanharam o fim da Monarquia, viram o turbulento alvorecer do regime republicano, conheceram os tumultos da Primeira República, as restrições da Era Vargas, a

LIÇÕES DE TEMPERANÇA

                                              Clodoaldo de Alencar Filho       Jorge Carvalho do Nascimento*     Nos anos 70 eu era um jovem repórter no jornal Gazeta de Sergipe e recebi uma pauta para entrevistar o professor Clodoaldo Alencar Filho sobre o Festival de Arte de São Cristóvão. Fui até a sede do Centro de Extensão Cultural e Assuntos Comunitários - CECAC da Universidade Federal de Sergipe. O CECAC funcionava na rua Itabaiana, no centro de Aracaju, em um antigo casarão, em frente ao quartel da Polícia Militar do Estado de Sergipe. Eu estava acompanhado pelo fotógrafo Luiz Carlos Lopes Moreira e era uma das primeiras vezes que ia à rua sozinho como “foca” obter informações e entrevistar alguém. E não era qualquer pessoa. À época, para mim, Clodoaldo de Alencar Filho era uma espécie de “vaca sagrada” inacessível, um tipo de ícone da cultura sergipana. Um intelectual reconhecido. Jornalista, escritor, professor de Literatura Inglesa da UFS, teatrólogo, ex-direto

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - LIII

                                                              Leandro Maciel     Jorge Carvalho do Nascimento*     Alguns jovens filhos de famílias da pequena burguesia costumavam usar diversos estratagemas para ter acesso aos espaços da elite, onde não eram bem vistos pelos pais e mães das famílias mais ricas. Eram jovens que aspiravam participar do mundo glamouroso dos ricos, mas a renda e a ausência de tradições familiares não permitiam. As festas das famílias mais poderosas economicamente eram realizadas em seus próprios palacetes. Normalmente os colunistas sociais eram convidados naquele tipo de ambiente, a fim de noticiar o fausto dos mais poderosos. Todavia, para os jovens filhos da pequena burguesia, o acesso às festas em tais ocasiões ficava ainda mais difícil. Segundo o jornalista Anderson Nascimento, “o foco dos colunistas estava nessas mansões, num momento em que na cidade de Aracaju ainda não existiam os salões de festas”. Foi assim predominantemente até o final da década

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? – LII

                                              Praia de Atalaia - 1961     Jorge Carvalho do Nascimento*     Os clubes sociais em Sergipe, como de resto em todo o Brasil, sempre foram espaços de encontros e celebrações dos grupos de elite. Por isto, sempre foram locais que chamaram a atenção dos jornalistas dedicados a coluna social como lugar de concentração de fontes e de fatos relevantes para o noticiário e também dos comentários que produziam nos jornais. O Iate Clube de Aracaju era, nos seus primeiros anos de funcionamento, um espaço de difícil acesso também na geografia física da cidade, somente frequentado por aqueles que tinham carro próprio, o que eram poucas pessoas até o final da década de 60 do século XX. O Iate era o espaço preferido das famílias influentes para a realização das festas de debutantes, quando suas filhas completavam 15 anos de idade. Já a maior parte das festas de formatura eram realizadas nos salões da Associação Atlética de Sergipe. Até 1965, o clube abrigo

100 ANOS SEPARAM E UNEM ANDERSON E CLODOMIR

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Clodomir Silva foi jornalista, professor na Escola de Comércio, escritor e advogado, nascido em Aracaju. Estudou no Atheneu Sergipense e ingressou na Faculdade de Direito. Tornou-se membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, da Academia Sergipana de Letras e da Loja Capitular Cotinguiba. Ainda muito jovem chegou a grau máximo. Publicou em 1920, em comemoração ao primeiro centenário da emancipação política de Sergipe, o ÁLBUM DE SERGIPE. José Anderson Nascimento é jornalista, foi professor na Escola de Comércio, é escritor e advogado, nascido em Aracaju. Estudou no Atheneu Sergipense e ingressou na Faculdade de Direito. Tornou-se membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, da Academia Sergipana de Letras e da Loja Capitular Cotinguiba. Ainda muito jovem chegou a grau máximo. Acaba de publicar, em comemoração ao segundo centenário da emancipação política de Sergipe, o álbum SERGIPE 200 ANOS. O livro agora public