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Mostrando postagens de agosto, 2020

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? IX

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Desde 26 de agosto de 1970 até 18 de março de 1971 a Gazeta de Sergipe ficou sem um nome que assinasse a sua coluna social. A coluna era publicada de modo irregular, sempre assinado por interinos que não se fixavam como titulares do espaço. Algumas vezes a assinatura publicada era um pseudônimo – ANOPE, outras vezes simplesmente a assinatura era de Interino e algumas outras vezes era Nilo Alberto, um estudante de Direito nascido na Bahia e que se fixou em Sergipe. Nilo Alberto era o titular da coluna de Automobilismo da Gazeta de Sergipe, onde assinava como Jaguar. Nilo Alberto Santana Jaguar de Sá era o seu nome completo e veio a ser uma das personalidades de maior importância na advocacia em Sergipe durante as três últimas décadas do século XX e os primeiros 10 anos do século XXI. O novo titular do colunismo social da Gazeta de Sergipe assumiu a responsabilidade na edição do dia 19 de março de 1971. Advogado recém graduado, Paulo Nou recheou a

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? VIII

                                              Clara Angélica   Jorge Carvalho do Nascimento*     Quando a Gazeta de Sergipe celebrou o seu décimo segundo aniversário (antes era Gazeta Socialista), a jornalista Clara Angélica Porto estreou como colunista social. Na edição do dia 14 de janeiro de 1968, ao assinar a coluna Vida Social pela primeira vez, Clara anunciou num texto de abertura aquilo que pretendia realizar. “Depois de desaparecer por alguns dias, volta agora mais uma coluna social da Gazeta de Sergipe. Esperamos que a nossa maneira de ver a vida social agrade aos nossos leitores, pois procuramos dar o máximo de nós. Aos domingos faremos uma reportagem mais ampla, com entrevistas e notícias várias, a fim de não nos tornarmos monótonos. Vida Social deseja a todos os seus leitores um 68 cheio das coisas boas que o mundo ainda tem”. A coluna manteve um padrão próximo àquele seguido por jornalistas como Anderson Nascimento, Luiz Adelmo e Ilma Fontes, porém em tom mais brando e men

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? VII

            Luiz Adelmo       Jorge Carvalho do Nascimento*     Luiz Adelmo Soares assumiu a titularidade da coluna Gazeta Social na edição do dia 29 de dezembro de 1965, com um novo estilo de colunismo e uma nota informativa da mudança. “A partir de hoje deixa de escrever a colunista R. C. de Souza (nossa querida Zelita), a quem desejamos pleno sucesso na nova carreira que abraçou (a advocacia) e agradecemos os elogios dirigidos ao cronista. Da sociedade espero contar com o mesmo carinho dirigido à minha antecessora”. Nascido em Estância, no Estado de Sergipe, em 1942, foi mandado para um mosteiro pela família, como seminarista, aos 11 anos de idade, destinado à formação como sacerdote franciscano católico. Permaneceu por lá durante cinco anos e desistiu de ingressar no clero, voltando a Estância e logo depois indo viver em São Paulo por três anos, quando trabalhou em uma indústria e estudou artes plásticas e artes cênicas. Na idade de ingresso no serviço militar estava em

AS NOVAS OPORTUNIDADES DO FUNDEB

      Jorge Carvalho do Nascimento*     A Educação brasileira encerra o mês de agosto celebrando a entrada em vigor da Emenda Constitucional 108, promulgada quarta-feira última, que tornou permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb. O novo Fundeb, além do caráter permanente que recebeu também teve o seu alcance ampliado, o que o faz ainda mais importante do que aquilo que já foi até agora. Não obstante o papel que vem cumprindo e que continuará a cumprir na nossa política educacional, para a maior parte dos cidadãos é difícil compreender o conteúdo que há por trás do seu rótulo. O Fundeb sucedeu o Fundef – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, implantado a partir de 1997, durante a gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Com o Fundef, foi possível dar ossatura a uma rede de escolas municipais, da qual o Brasil carecia. O Fundef

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? VI

                                                    José Anderson Nascimento     Jorge Carvalho do Nascimento*     Durante todo o ano de 1962, a coluna social de Maria Luzia fez sucesso na Gazeta de Sergipe. No início de 1963, a colunista desapareceu das páginas do periódico que passou quase todo o ano de 1963, novamente, sem coluna social. Maria Luiza foi fazer crônica social no rádio, inovando na Rádio Cultura de Sergipe. Um novo colunista social apareceu na edição do dia 03 de dezembro daquele ano, na Gazeta de Sergipe: José Anderson Nascimento. Ao estrear com a coluna Background , Anderson Nascimento tinha somente 19 anos de idade e chocou a sociedade por fazer um colunismo social diferente de tudo que já se vira até então. Era uma aposta ousada que Orlando Dantas fazia, posto que o colunismo social de Anderson era sui generis . A começar pelo perfil do colunista. Anderson Nascimento era um militante de esquerda, ligado ao movimento estudantil secundarista, fazendo política ao lado

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? V

      Jorge Carvalho do Nascimento*     A trajetória do jornalista Wellington Elias como colunista social foi encerrada de modo abrupto com a edição do dia 10 de setembro de 1959 da Gazeta de Sergipe. Sem direito a qualquer despedida e na expectativa de voltar ao encontro com seus leitores no dia seguinte. É o que fica subentendido quando se faz a leitura da última nota assinada por Wellington na sua coluna Sociedade, publicada desde novembro de 1957, quando o jornal ainda se denominava Gazeta Socialista. “ASSUNTOS DIVERSOS: Duas figuras das mais conhecidas na cidade estão de flerte, prometendo união para dentro de breves dias. – Fomos na última terça-feira assistir Os Trapaceiros soirée das mais chics por sinal. La estavam entre outras as seguintes personalidades: Madame Dr. Gileno Lima, D. Maria Antônio Santos Silva. Banqueiro Ernani Freire e Senhora. Senhorita Leda do Vale. – Bem, por hoje é só. Amanhã voltaremos”. Não voltou, nem houve qualquer explicação por parte do jornal. Nos

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? IV

        Wellington Elias     Jorge Carvalho do Nascimento*     É das décadas de 40 e 50 do século XX a generalização nos jornais e revistas da publicação regular de coluna social em Sergipe. É de Mário Cabral o artigo “Aracaju Cultural em 1940”, publicado em 1980, na edição 27 da Revista da Academia Sergipana de Letras. Ali, Cabral advoga que partir dos anos 40, cronistas sociais como Chico de Baim apareciam como uma espécie de fundador da crônica social entre nós, enquanto Heitor Teles era visto como popularizador da crônica social nos jornais (p. 53). O nome mais importante da crônica social na década de 50 era o de Bonequinha, um conhecido advogado que foi também promotor de justiça, Carlos Henrique de Carvalho. Além de assinar uma coluna na Revista de Sergipe, Bonequinha fazia a crônica social em programas de rádio, como o High Society, o que lhe deu enorme prestígio, além de causar alguns graves problemas numa sociedade ainda não preparada para ter algumas das suas int

A LISTA DE TOTONHO

    Jorge Carvalho do Nascimento*     O ambiente era tenso na noite da primeira segunda-feira do mês de março de 1970 na sede do Movimento Democrático Brasileiro – o MDB, em Aracaju. Para os padrões climáticos da cidade aquela era uma noite fria e muita gente já havia preparado a cama com o edredon: 24 graus. Desde o final da tarde um borrifo de chuva molhava as calçadas da cidade. Não era uma chuva forte, nenhum aguaceiro. Á água caía do céu naquela forma bem definida por uma canção de Dorival Caymmi. Uma chuvinha cotinha. Bem agasalhados, os militantes do partido iam chegando um a um, com semblante de preocupação. A decisão que seria tomada era da maior importância. Na sede do MDB estavam reunidos 27 pré-candidatos a vereador disputando vagas numa lista que legalmente só tinha espaço para 26 nomes. Um deles sairia dali eliminado. No final de semana a lista deveria chegar certinha na convenção partidária que a homologaria. Era necessário encaminhar a relação ao Tribunal

PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? III

                                                Diana Spencer   Jorge Carvalho do Nascimento*     É claro que o colunismo social se construiu não apenas em torno do glamour, mas também mostrando um pouco facetas nada elogiáveis das relações entre os indivíduos. Brigas no high society , conflitos entre casais, comentários sobre a gravidez indesejada das filhas da elite. Algumas vezes essa busca obsessiva pela intimidade dos influentes produziu tragédias e o mais clássico dos exemplos é, certamente, o da morte de Diana Spencer, ex-Princesa de Gales que fora casada com o Príncipe Charles e mãe do príncipe William, o segundo na linha sucessória da rainha Elisabeth. É claro que algumas questões a respeito da vida privada de personalidades públicas merecem algum tipo de registro. Não necessariamente com o espaço que é dedicado pela mídia a esse tipo de noticiário, uma avalanche diária de reportagens, como se houvesse algo de sobrenatural na vida privada das pessoas, ou como se fo