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Mostrando postagens de julho, 2022

LAMOURETTE

                                                                  Antoine Lamourette     Jorge Carvalho do Nascimento*     Antoine Adrien Lamourette era um bispo francês que ocupava cadeira de deputado na Assembleia Legislativa em 1792. Nos tumultuados anos da revolução que se seguiu ao incêndio da Bastilha, em meio a enforcamentos, assassinatos, guilhotina e outras formas generalizadas de violência, Lamourette propôs ao parlamento uma solução inusitada. No dia 7 de julho de 1792, como solução aos conflitos, Lamourette sugeriu que todos os deputados se abraçassem e trocassem beijos de amor. Os parlamentares, ensandecidos se abraçaram e se beijaram, mas desde os primeiros atos da revolução os beijos eram na verdade ósculos da morte. Os que esboçavam resistência aos revolucionários foram muitas vezes enforcados e decapitados. Os seus parentes e correligionários foram obrigados a beijar faces e lábios das cabeças com olhos esbugalhados. A bestialidade humana, ao que parece, por mais que e

CINCO IRMÃOS, CINCO DESTINOS

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Constantino Menezes de Carvalho, filho primogênito de José Calazans Tolentino de Carvalho, ingressou na Marinha aos 17 anos de idade. Nascido em Macambira, no Estado de Sergipe, depois que deixou a atividade de marinheiro, ingressou na Polícia Marítima do Porto de Santos, passando a viver naquela cidade do Estado de São Paulo, onde morreu em face de um acidente vascular cerebral, aos 52 anos de idade. A decisão de sair de casa e ingressar na Marinha foi antecipada por uma proibição do pai para que numa determinada noite ele fosse encontrar uma das namoradas. Ele transgrediu e no retorno o pai lhe deu uma surra. Magoado, antecipou a saída de casa e passou cerca de 20 anos sem cumprimentar o velho Calazans. Mandava cartas para a mãe, mas nunca dirigiu uma única linha ao patriarca, durante duas décadas. Calazans já estava morando no Rio de Janeiro quando Constantino o procurou e se desculpou por haver guardado a mágoa durante tanto tempo

O SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO E O NOVO PROTAGONISMO DOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

      Jorge Carvalho do Nascimento*     O projeto de lei 235/2019, de autoria do senador Flávio Arns, foi aprovado pelo Senado Federal e agora aguarda deliberação pelo plenário da Câmara dos Deputados. É urgente a aprovação e implementação do  Sistema Nacional de Educação (SNE),  de modo a estabelecer uma rede que viabilize a colaboração entre a União, os Estados e os municípios. Este é um imperativo não apenas da Constituição Brasileira que determina a adoção de Lei Complementar para tal fim. Também o Plano Nacional de Educação (2014-2024) estabeleceu em seu artigo 13 prazo para a implantação do Sistema Nacional da Educação no ano de 2016. Acredita-se que a implementação de um Sistema Nacional de Educação tornará mais racional e buscará um maior equilíbrio entre as possibilidades de ação dos três entes sobre os quais se assenta a organização do Estado brasileiro. Tanto do ponto de vista da força política e das competências administrativas quanto no que diz respeito aos r

THÉTIS NUNES, O BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO EM SERGIPE NA CELEBRAÇÃO DO 8 DE JULHO

      Jorge Carvalho do Nascimento*     Em 2003 publiquei um ensaio pequeno, porém polêmico, sobre Historiografia Educacional Sergipana. O trabalho teve prefácio assinado pela historiadora Maria Thétis Nunes, a primeira-dama da Historiografia de Sergipe e autora de um importante compêndio de História da Educação sergipana publicado em 1984 e até hoje o único existente. Em 2020, as celebrações do Bicentenário da emancipação política de Sergipe registraram, em evento realizado na Assembleia Legislativa, o momento fundador de um espaço geográfico que ganhou identidade e imprimiu as marcas de uma cultura que lhe é própria e distintiva. Marcas que ganharam o necessário conteúdo que as distingue como próprias de um tempo e lugar específicos. Sabemos que Sergipe nasceu institucionalmente como Capitania do Reino de Portugal, se expandiu como Província do Império do Brasil e se consolidou na condição de importante Estado membro desta República Federativa. E dentre os registros esp

UMA FAMÍLIA E VÁRIOS CAMINHOS

      Jorge Carvalho do Nascimento*     O patriarca José Calazans de Carvalho, nascido em Macambira, Estado de Sergipe, no ano de 1898, casou-se com Maria Menezes de Carvalho (chamada pela família e pelos amigos de Dona Pequena) e foi pai de sete filhos.  Uma marca dos filhos de Romualda e Tolentino foi a disposição de todos eles para viajar procurando oportunidades de trabalho. Tolentino morreu muito jovem, mas Romualda foi longeva e viveu por mais de 80 anos na propriedade da família, ao lado da sua irmã, tratada pelos familiares como Denden. Calazans e todos os seus irmãos do sexo masculino fizeram muitas migrações. Como ele, também viajaram para viver em outros lugares Ozéias, Emílio, Jaime e Juza. Calazans morreu no Rio de Janeiro; Ozéias em Vila Velha, Estado do Espírito Santo; Emílio em Santos, Estado de São Paulo; e, Juza em Vila Velha. Jaime desapareceu viajando entre São Paulo e Minas, durante a chamada revolução constitucionalista de 1932. Em Sergipe ficaram as