Jorge
Carvalho do Nascimento*
A trajetória do
jornalista Wellington Elias como colunista social foi encerrada de modo abrupto
com a edição do dia 10 de setembro de 1959 da Gazeta de Sergipe. Sem direito a
qualquer despedida e na expectativa de voltar ao encontro com seus leitores no
dia seguinte.
É o que fica
subentendido quando se faz a leitura da última nota assinada por Wellington na
sua coluna Sociedade, publicada desde novembro de 1957, quando o jornal ainda se
denominava Gazeta Socialista. “ASSUNTOS DIVERSOS: Duas figuras das mais
conhecidas na cidade estão de flerte, prometendo união para dentro de breves
dias. – Fomos na última terça-feira assistir Os Trapaceiros soirée das
mais chics por sinal. La estavam entre outras as seguintes
personalidades: Madame Dr. Gileno Lima, D. Maria Antônio Santos Silva.
Banqueiro Ernani Freire e Senhora. Senhorita Leda do Vale. – Bem, por hoje é
só. Amanhã voltaremos”.
Não voltou, nem
houve qualquer explicação por parte do jornal. Nos dias 11 e 12 de setembro, o
periódico não publicou a sua coluna social. No dia 13, a coluna voltou a ser
publicada sem qualquer explicação. Apenas, uma nova assinatura: Interino. A mesma
rotina de notas que desfilavam os nomes dos ricos e influentes de Sergipe. “Num
ambiente dos mais seletos, foram comemorados no dia 9 passado, na mansão do
simpático casal Walter Mesquita, os 15 anos da menina-moça Marilda”.
A interinidade
persistiu até o final do mês de outubro. No dia primeiro de novembro de 1959,
Kerginaldo Reis assumiu como novo responsável pela coluna Sociedade, no jornal
Gazeta de Sergipe. A natureza dos registros continuou igual. “Quinta-feira
passada, mais uma das magníficas noitadas na boate da Atlética, com conjunto de
Antônio Teles”.
A trajetória do
colunista Kerginaldo na Gazeta de Sergipe também foi encerrada sem qualquer
explicação, no dia dois de junho de 1960. Naquela data, ele escreveu a nota
final da sua coluna informando aos leitores que retornaria na próxima edição. “O
calendário do tempo volta a marcar hoje mais um natalício do jovem Luiz Carlos
Sobral de Souza, filho dileto do ilustre Juiz de Menores Dr. Manoel Barbosa de
Souza e de sua digna consorte D. Odete Sobral de Souza. Logo mais à noite em
sua residência, Luiz Carlos recepcionará seus parentes e amigos. – Bye! Bye!
Estaremos de volta amanhã”.
Depois de
Kerginaldo, foram oito meses sem coluna social na Gazeta de Sergipe, até 28 de janeiro
de 1961, quando Milton Filho estreou com a coluna Carnet. A tônica estava
nas grandes festas dos clubes sociais. “Vai ser notícia hoje, o Iate Clube de
Aracaju, com a realização do seu primeiro grito de carnaval para o ano corrente”.
A presença de
Milton Filho na Gazeta de Sergipe como colunista durou exatos 30 dias. No dia
25 de fevereiro, um sábado, ele publicou duas notas em sua coluna que seriam
decisivas para o encerramento das suas atividades no jornal. A primeira, a
respeito da Associação Atlética de Sergipe. “Associação Atlética, dando conta do
reinício de suas atividades de fim de semana, apresentando o Quarteto Bossa
Nova de Ximenes, numa tarde cujo início está fixado para as 16 horas. Também a Boite
Atleticana estará em movimento, hoje, a partir das 22 horas, com possibilidades
de ser bem frequentada, pois será a única atividade social da cidade, hoje”.
Além desta, Milton
Filho fez um outro registro, sobre o Vasco Esporte Clube. “Amanhã, a partir das
16 horas, a sede social do Vasco estará distribuindo música aos seus
frequentadores, na Matinée dos Brotos. À noite, a partir das 20 horas, a
Boite cruzmaltina estará em funcionamento”.
Os associados compareceram
aos dois clubes nos horários anunciados e as agremiações estavam com as suas
portas fechadas. Isto levou o colunista a publicar um duro comentário fazendo
acusações graves aos dirigentes das duas associações voluntárias. “Levamos o
nosso protesto mais veemente às duas diretorias, procurando faze-las
compreender a necessidade de mais atividades e menos evasivas ocas e desculpas
falhas, que não conformam aos seus associados”. O comentário criou um mal estar
muito grande e desta forma a direção da Gazeta de Sergipe decidiu afastar o
colunista Milton Filho.
A Gazeta de
Sergipe, à época o mais importante veículo da mídia impressa em Sergipe, leitura
diária obrigatória de todos os formadores de opinião da segunda metade do
século XX, permaneceu sem colunista social no período de março a dezembro de
1961. O jornal procurava um nome que desse grandeza à coluna social.
Somente
no dia 31 de dezembro de 1961, o jornal anunciou o nome que a partir daquela
data passou a assinar a sua coluna social: Maria Luiza. A estreia da colunista
mereceu uma nota na primeira página, com a sua foto em posição destacada. “Maria
Luiza, cronista consagrada, Rainha da Vela, estrela da nossa sociedade, está
presente em nossa edição Ano Bom, escrevendo Top Set, na qual faz um
retrospecto da vida social em Aracaju no ano que finda. Vocês vão gostar de Top
Set. Ali os fatos marcantes da nossa vida social estão consignados. Vocês
saberão quais as senhoras e as senhoritas que se destacaram por sua elegância
no ano que hoje finda. E muitas coisas mais escritas por Maria Luiza. Durante o
ano de 62 vocês vão continuar lendo Maria Luiza em Top Set”.
*Jornalista,
professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e
presidente da Academia Sergipana de Educação.
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