Jorge
Carvalho do Nascimento*
O
advogado, jornalista e bancário Paulo Nou, agora com 70 anos de idade, vive
atualmente em Paris. Nascido na capital do Estado de Sergipe, foi um jornalista
e colunista social de muito sucesso em Aracaju no final dos anos 60 e início da
década de 70 do século XX.
Trabalhou
nos dois jornais mais importantes que existiam em Sergipe naquele período: a
Gazeta de Sergipe e o Diário de Aracaju. Saiu de Sergipe em 1973 e migrou para
o Rio de Janeiro, onde com a sua formação em Direito e o domínio que tinha dos
idiomas Inglês e Francês começou a trabalhar na área financeira bancária,
envolvido com a Bolsa de Valores.
Foi
esta a porta que o levou a atuar em bancos europeus, exatamente porque além de
ser fluente ao falar o seu idioma natural e duas línguas estrangeiras, também
era capaz de escrever corretamente nas três línguas.
Ele
estreou como jornalista, fazendo coluna social na Gazeta de Sergipe, ainda
estudante de Direito, no final do mês de janeiro de 1969. O próprio Paulo Nou revela:
“Eu entrei na Gazeta de Sergipe porque a Clara Angélica ia viajar para passar o
carnaval em Recife e então ele me levou para substituí-la. Eu aceitei, mas
depois ela terminou cancelando a viagem. Tanto que a gente passou o carnaval no
Iate Clube de Aracaju, danando juntos”.
A
partir daquele período ele passou a substituí-la e quando ela se afastou e
mudou para os Estados Unidos da América, em face de haver casado com um cidadão
norte-americano, ele assumiu a coluna definitivamente. Contudo, costuma afirmar
que naquele jornal ele não tinha muita liberdade para escrever o que gostaria.
Em
entrevista que concedeu ao autor deste texto, Paulo Nou informa que a coluna
social não era o gênero jornalístico da sua preferência. “Eu achava o negócio
de fazer coluna social pouco estimulante. Algumas vezes não tinha notícias em
Aracaju. Eu queria trabalhar fazendo reportagens, falar de política, esse
negócio todo”. Chegou a atuar em outras editoriais na Gazeta de Sergipe,
auxiliado por um amigo que atuava como secretário de redação.
“Se
chamava Paulo Barbosa de Araújo. Era meu colega na Aliança Francesa e era
casado com uma garota chamada Osa. Ele foi muito perseguido politicamente. Era
um cara muito legal. A gente gostava muito dele na Aliança e ele tinha uma
relação comigo muito boa, porque a mulher dele era muito amiga da família da
minha mãe. Ele já tinha me tirado um pouco da coluna social. Ele me botou pra
fazer reportagem. Fiz matérias sobre a mudança da lei gramatical sobre embates
em torno da poesia envolvendo a professora Rosália Bispo dos Santos e uma outra
poetisa de Aracaju”.
Depois
que regressou de um período de férias no Rio de Janeiro, em 1971, Paulo Nou se
afastou das atividades da sua coluna na Gazeta de Sergipe e permaneceu alguns meses
sem atuar como jornalista. Porém, certo dia encontrou com o amigo figurinista
Pedro Rodrigues que o levou ao jornal Diário de Aracaju e o apresentou ao
jornalista Raymundo Luiz, diretor dos Diários Associados em Sergipe. Pedro
Rodrigues havia sugerido o nome de Paulo Nou como colunista social do Diário de
Aracaju.
Diz
Paulo Nou que o único questionamento que fez ao diretor Raymundo Luiz foi
quanto a sua liberdade de publicação. “Eu perguntei para ele: eu posso escrever
o que eu quiser? Mesmo de política? Eu não queria escrever sobre política para
falar de deputados nem de coisas assim. Eu queria tratar dos problemas das
pessoas, reclamar da cidade”.
Transformou-se
em titular da coluna social do Diário de Aracaju. Afirma ter sido muito
prestigiado durante o tempo em que atuou naquele periódico. “Teve gente que foi
assinar o jornal somente porque eu estava escrevendo lá. E lá eu não precisava
ficar falando que fulana estava feia ou estava bonita. Lá eu me aproximei do
colunista Barrinhos, João de Barros, e organizamos juntos muitas festas para a
sociedade”.
No
período em que trabalhou nos jornais sergipanos, segundo Paulo, a remuneração
de colunistas sociais era pouco valorizada. O Diário de Aracaju, órgão da rede
dos Diários Associados, fundada por Assis Chateubriand, vivia a plenitude da
sua decadência e costumava atrasar durante vários meses a remuneração dos seus
colaboradores.
De
acordo com Paulo Nou, a Gazeta de Sergipe, em tal sentido, era um dos poucos
jornais que pagava regularmente aos que trabalhavam e que buscava funcionar com
padrões empresariais.
*Jornalista,
professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e
presidente da Academia Sergipana de Educação.
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