Jorge
Carvalho do Nascimento*
Dizer
a verdade é a função do jornalismo, de acordo com a percepção que tem desta
atividade o jornalista Paulo Nou. Ele defende o compromisso que o jornalista
deve assumir com a revelação da verdade, de modo objetivo e preferencialmente
em poucas palavras.
Segundo
ele, é papel do jornalista “mostrar a quem está lendo que expõe os fatos porque
viveu uma determinada realidade e viveu daquela maneira. A realidade de quem
está lendo pode ser outra. O que o jornalista narra deve interessar a quem está
lendo. O jornalista deve ser ponderado e não pode abusar do leitor expondo
excesso de conhecimento”.
Por
tais razões, o jornalista deve ter muita consciência a respeito do leitor ao
qual se dirige. Deve saber para quem escreve. Neste contexto, Paulo Nou fala
sobre o papel reservado ao colunista social, afirmando que este profissional
não pode se deslumbrar com a natureza dos fatos aos quais tem acesso.
Diz
que o colunista social “é um jornalista. A sociedade contemporânea não é mais
aquela da metade do século XX em que você dividia o mundo dos que eram da
sociedade do mundo daqueles que não eram da sociedade. Agora, adquirimos a
consciência de que a sociedade é única e que todos são membros da sociedade. A
sociedade é cheia de diferenças sociais, mas é uma só”.
Assim,
no seu receituário, a coluna social deve ser escrita “com prazer e pelo prazer
de falar a verdade. A coluna social não pode mais ser espaço para fazer fofoca.
Ela deve dar e analisar a notícia. O colunista social pode narrar uma festa com
toda elegância e sobriedade”.
Analisando
o trabalho do colunista social, Paulo Nou afirma que nem sempre é necessário
fazer referência a uma determinada pessoa para elogiar ou para produzir uma
crítica. É possível atingir os mesmos objetivos sem fazer referência ao nome de
ninguém. Para ilustrar sua afirmação,
exemplifica com um texto produzido por ele em uma determinada ocasião.
“Eu
lembro que escrevi uma coluna sobre os coleópteros, sobre borboletas. Simplesmente
era uma crítica importante que eu fazia a decoração de carnaval que todo ano a
prefeitura fazia e era sempre a mesma. Aquilo sempre custava alguma coisa e era
a mesma decoração do ano passado. Eu fiz uma coluna inteira. Não citei
ninguém”.
Para
Paulo Nou, o colunista pode se encantar com a beleza de uma pessoa, com a
qualidade de uma pessoa ou com um feito importante que a pessoa realizou na
vida e publicar uma foto, mas a coluna deve sempre ser um espaço democrático.
“Na feira tinha uma mulher que vendia legumes ao meu pai. A filha dela se
formou professora na Escola Normal. Ele me pediu ara colocar uma nota na coluna
falando da menina. Isto é jornalismo. Não é só uma pessoa que estudou no
Colégio de Aplicação que é importante. É bom quando o jornalista pode botar o
seu coração no jornal”.
Na
sua opinião, o colunista social também deve falar dos problemas da cidade, deve
criticar. Colunista social não é para andar para cima e para baixo ao lado do
governador, nem do prefeito, nem com deputado. O jornalista deve manter um bom
relacionamento com todos, encontrar conversar, mas manter sempre uma posição de
autonomia e sem subordinação.
O
jornalista deve ser livre para escrever o que quiser. Afirma que dentre as suas
predileções, gostava de escrever sobre cinema na coluna social. “Eu também
falava de cinema. Não com os conhecimentos e a qualidade de um Ivan Valença,
mas fazia sugestões de bons filmes”.
*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro de Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.
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