Jorge
Carvalho do Nascimento*
Paulo
Roberto Dantas Brandão é advogado, economista e jornalista. Neto do jornalista
Orlando Dantas, fundador do jornal Gazeta de Sergipe, Paulo foi repórter,
redator, editorialista e diretor do periódico do seu avô e, após a morte deste
último, em 1982, liderou o jornal até o encerramento das atividades da Gazeta,
em 2004.
A
partir de 1975 Paulo Brandão, à época estudante do curso de Economia da Universidade
Federal de Sergipe, trabalhou na Gazeta, recebendo treinamento como repórter
iniciante. O editor do era o jornalista Ivan Valença e Orlando Dantas, diretor geral,
entregou a responsabilidade pela preparação do jovem repórter ao jornalista
Luiz Antônio Barreto.
De
1975 a 2004 Paulo Brandão esteve atuando no jornal, à exceção do ano de 2000,
durante o qual permaneceu afastado em face de conflitos de gestão que viveu com
o tio Augusto Dantas e a prima Valéria (filha de Augusto), como ele herdeiros
do periódico. Os três divergiam quanto aos rumos da Gazeta desde 1982 quando
Orlando Dantas morreu.
Augusto
Dantas e Valéria tinham migrado do Rio para Aracaju pouco tempo antes do
falecimento do fundador do jornal, em condições descritas pelo próprio Paulo Brandão.
“Eles tinham a visão de que tudo aqui eram flores. Achavam que chegariam aqui e
logo chamariam Roberto Marinho de colega. Tinham a impressão de que aqui todo
mundo vivia nababescamente. Meu tio Augusto durante toda a vida trabalhou no
serviço público, em empresas estatais. Ele era da Eletrobrás, depois foi da
Companhia Nacional de Álcalis e sempre nesse ambiente de grandes empresas”.
Conforme
a descrição de Paulo, o entendimento do tio era o de que vindo para Sergipe,
chegando de outro Estado como economista experiente na gestão de grandes
empresas estatais, com cursos na CEPAL, tomaria o lugar que sempre fora ocupado
por Orlando Dantas. Isto gerou um certo conflito de visão entre os diferentes
herdeiros, quanto ao melhor modelo de gestão para o negócio.
Paulo
Brandão afirma que o tio nunca havia vivido a realidade da pequena empresa. “Eu
lembro que uma vez ele propôs um sistema de controle de estoque. Eu fiz as
contas para ele e disse o seguinte: se estiverem roubando de nós alguma coisa
que seja até um determinado ponto que a gente possa suportar é mais barato que
os custos de manutenção do seu sistema de controle. O sistema é muito bom, mas
é para uma empresa de grande porte”.
Após
a morte de Orlando Dantas, a cada ano os conflitos entre os gestores da Gazeta
de Sergipe se acentuaram. Paulo era o diretor de redação, mas afirma que os
outros dois diretores (o tio e a sobrinha) empoderaram o editor Diógenes Brayner
que efetivamente comandava a redação, onde a autoridade de Paulo não era
reconhecida. A situação ficou muito delicada e Paulo promoveu uma reunião entre
todos os herdeiros do jornal e se afastou da gestão da empresa.
Durante
o ano de 2000 a responsabilidade de Paulo Brandão na Gazeta de Sergipe era
apenas a de escrever diariamente os editoriais. A tarefa era cumprida em casa e
ele não necessitava frequentar a sede do jornal. A crise de gestão da Gazeta se
aprofundou e em 2001, outra vez reunidos, os herdeiros da empresa familiar
optaram pelo afastamento de Augusto e Valéria e entregaram o comando total da
empresa a Paulo Brandão.
No
seu retorno, Paulo convidou o irmão Ricardo e o jornalista Luiz Antônio Barreto
(que também havia se afastado) e juntos compartilharam o comando da Gazeta de
Sergipe. Paulo, que havia iniciado suas atividades no jornal como repórter,
passou por quase todos os postos da redação e também na gestão administrativa.
Paulo
revela que a Gazeta de Sergipe para ele nunca foi uma atividade econômica
rentável. “Eu tirava muito pouco da Gazeta. Achava que não ficava bem ter um
salário fixo alto se a empresa nem sempre tinha um fluxo de caixa que
suportasse. A participação era variável, pequena e eu era sempre o último a
receber”. A principal atividade econômica de Paulo Brandão era o seu emprego
como economista do Instituto Euvaldo Lodi, da Confederação Nacional da Indústria.
No
jornal, dentre outras atividades relevantes, durante alguns anos Paulo foi o
jornalista responsável pelo Informe GS, o principal espaço de notas e
comentários a respeito da política do periódico. Na última fase da empresa,
Paulo Brandão dividiu com o jornalista Luiz Antônio Barreto a responsabilidade
pelos editoriais e por uma coluna chamada Tribuna. A coluna fazia observações e
analises sobre o cotidiano do Estado de Sergipe.
*Jornalista,
professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e
presidente da Academia Sergipana de Educação.
Paulo Brandão, morou em Vitória da conquista Ba.?
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