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PARA ONDE VAI A COLUNA SOCIAL? - XLIX

                                              Lânia Duarte

 

 

Jorge Carvalho do Nascimento*

 

 

Atualmente os que ainda gostam de ler jornal fazem assinatura e acessam os periódicos em edições digitais nas plataformas disponíveis na rede internet. Jornais que no passado tiveram grandes tiragens impressas como a Folha de São Paulo, O Globo, O Estado de São Paulo e outros, são agora lidos prioritariamente pela internet.

Além disto, alguns importantes portais se transformaram em plataformas de notícias muito consumidas, como é o caso da UOL, G1 e de tantas outras. Algumas de amplitude nacional e outras de relevância estadual ou regional, a exemplo, no Estado de Sergipe, dos portais Infonet e Itanet.

Da mesma maneira, as revistas semanais, que eram veículos informativos e de opinião relevantes, agora deixaram de ter importância como mídia impressa vendida em bancas de jornal e entregue na residência dos assinantes. Contemporaneamente, a leitura desse tipo de periódico como as revistas Veja, Isto É, Época, Exame e outras é feita também por assinantes nas plataformas disponíveis na rede mundial de computadores.

Entrevistado pelo autor deste texto, o jornalista Paulo Roberto Dantas Brandão considera que esta nova realidade não é a falência do jornalismo. “Isto não significa que o jornalismo morreu. O jornalismo está lá. O texto bom está lá. O meio é que mudou. As plataformas da internet, o Facebook, os blogs e o WhatsApp publicam bons textos”.

Paulo Brandão afirma que há uma necessidade de estabelecer diferenciações entre o que é a boa imprensa “e o show de horrores que são as fakenews. Mas, a imprensa mudou”. De acordo com ele, a nova realidade não impede “a Mônica Bérgamo de ter uma coluna na internet onde ela publica boas entrevistas, informações de arte, notícias sobre atrizes presentes em vernissage. Tem muita informação política, econômica”.

Interpretações como esta apontam que cada vez mais o velho modelo de coluna social com fundamento em futricas, notas fúteis vai se perder na maré de registros sem importância existentes nas inúmeras plataformas da internet como o Instagram, no Facebook e outras.

Coluna social, indiscutivelmente, é jornalismo, é espaço no qual sobressaem os bons jornalistas. Jornalistas ruins existem em todas as editorias e não apenas fazendo coluna social. No caso da mídia do Estado de Sergipe, o olhar da maior parte dos jornalistas reconhece o nome de Thaís Bezerra como o mais importante do gênero na história do jornalismo impresso.

Da mesma maneira, chama a atenção o fato de Lânia Duarte ser sempre citada como boa jornalista, não obstante estar distanciada das redações e da publicação de colunas durante muitos anos. Seu nome é sempre reconhecido como uma boa jornalista que se dedicou ao gênero coluna social em Sergipe. Ao seu lado, Pedrito Barreto, um outro importante colunista social.

Paulo Brandão aponta em todos os jornalistas dedicados ao gênero coluna social o problema do envelhecimento, a questão do anacronismo. “Começaram a escrever para um determinado público, esse público foi envelhecendo e eles continuaram escrevendo para o mesmo público. Era muito interessante, quando as pessoas tinham 17, 18 anos, mas agora esse pessoal está cinquentão, sessentão e os colunistas continuam escrevendo para eles, do mesmo modo”.

Sob o entendimento de Paulo Brandão, há uma dificuldade de renovação dos quadros de jornalistas que se dedicam ao gênero coluna social. Dentre os nomes relevantes que se dedicaram a esse tipo de atividade após a descoberta da importância de Thaís Bezerra, cita a jornalista Madalena Sá.

 

 

*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.
 

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