Jorge
Carvalho do Nascimento*
Quando
se pergunta qual o mais influente dentre os jornalistas brasileiros que se
dedicaram a escrever coluna social, quase todos os observadores da mídia citam
o nome do jornalista Zózimo Barrozo do Amaral. Entre os anos de 1959 a 1963 ele
trabalhou no jornal O Globo.
A
partir do ano de 1964 e até 1992 atuou no Jornal do Brasil como colunista
social, tendo sido ainda no mesmo periódico um dos responsáveis pelo Informe JB
e editor do Caderno B (o caderno de variedades). Nos anos de 1993 a 1997,
quando morreu, foi colunista social de O Globo.
No
período em que trabalhou no Jornal do Brasil, Zózimo manteve um estilo irônico,
tanto nas notas e comentários sobre figuras da alta sociedade e também nas
vezes em que fazia registros de caráter político. Muitas vezes desagradou os
chefes da ditadura militar brasileira e sofreu algumas prisões.
O
jornalista Paulo Roberto Dantas Brandão, admirador assumido do estilo de
Zózimo, deu um depoimento ao autor deste texto no qual comenta uma das prisões
sofridas pelo colunista social carioca. “Zózimo foi preso. Quando chegou no
quartel, o ambiente estava cheio de presos políticos. Um preso olhou para ele e
perguntou: ‘você não é Zózimo?’. Ele respondeu: ‘sou’. O preso politico gritou:
‘pessoal, a revolução acabou, estão prendendo eles mesmos’”.
As
prisões de Zózimo surpreendiam porque além de ser colunista social ele era um
filho da elite carioca. O seu pai, Boy Barrozo do Amaral, era um magnata de
família tradicional. Todavia, Zózimo não ocultava sua simpatia por algumas
lideranças e militantes de esquerda. Além disto, invariavelmente publicava
notas e comentários de crítica à ditadura.
O
seu estilo de fazer coluna social sempre chamou a atenção porque ele misturava
o noticiário e as análises da política e da economia com os registros da vida
social que interessavam exclusivamente aos grupos de elite. Ele inaugurou um
modelo de coluna social que tem em Ancelmo Gois o seu maior herdeiro.
Além
de Ancelmo Gois, outros jornalistas importantes responsáveis por colunas
sociais buscaram adotar elementos que foram incorporados ao gênero pelo
trabalho de Zózimo. É o caso da colunista do jornal Folha de São Paulo, Mônica
Bérgamo. Ela revela informações muito importantes em primeira mão. É
considerada pelos colegas uma boa repórter.
Isto
não a impede de fazer o trabalho tradicional dos colunistas sociais, revelando
as personalidades da alta sociedade que estiveram presentes em vernissage de
importante artista plástico ou o estilista que assinou o modelo do vestido que
uma madame bilionária usou em determinada festa de casamento da filha de uma
família tradicional de São Paulo.
Paulo
Brandão confessa que apesar de haver dirigido a Gazeta de Sergipe, sempre foi
avesso a aparições nas colunas sociais. “Que eu me lembre, quando eu casei, a
minha foto com Ana apareceu na coluna de Thaís Bezerra. Outra vez eu estava em
um restaurante com Ana e chegou Ivan Leite. Aí alguém tirou uma foto e no outro
dia eu vi na coluna social”.
Do
mesmo modo que há quase uma unanimidade em torno do nome de Zózimo Amaral, em
Sergipe são poucos os que divergem da opinião de ser Thaís Bezerra o nome mais
importante do colunismo social sergipano. Paulo Brandão entende que “Thaís
inovou um bocado. Gostei muito de uma primeira fase dela com a coluna Gente
Jovem. Depois, foi criado o caderno Gazetinha”.
O
caderno fez muito sucesso e se tornou extremamente relevante para a circulação
do jornal nos finais de semana. É possível perceber isto em um comentário de
Paulo Brandão. “Eu me lembro que uma vez Orlando Dantas deu uma bronca em Ivan
Valença porque considerou que a Gazetinha estava melhor que o jornal. Ele
disse: ‘o suplemento não pode ser melhor que o jornal’”.
Algumas
vezes os jornais se entusiasmam com o sucesso de alguns colunistas sociais e
exageram na dose que oferecem do gênero. Outra vez é importante invocar o
depoimento de Paulo Brandão. No início do século XXI “estava uma balbúrdia com
a questão da coluna social. Fizeram um rodízio que eu não gostei. Jornal é
hábito. Você tem que saber onde está cada coisa. Mas, na Gazeta, cada dia tinha
um colunista social diferente. Tinha dia que saía duas colunas sociais. Eu
acabei com aquilo e mantive um único colunista durante a semana e dois nos
finais de semana”.
Além
de Thaís Bezerra, um nome sempre lembrado como importante colunista social é o
de Lânia Duarte. A coluna que ela assinava era moderna, chamava atenção pela
linguagem e pela natureza dos comentários, além do prestígio que tinha junto
aos leitores.
*Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.
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