Jorge
Carvalho do Nascimento*
O
jornalista Paulo Roberto Dantas Brandão, que durante alguns anos dirigiu o
jornal Gazeta de Sergipe, disse em entrevista que concedeu ao autor do presente
texto considerar normal que os responsáveis por colunas fixas, inclusive colunistas
sociais recebam colaboração de outros jornalistas e de pessoas diversas que lhes
fornecem informações.
No
caso da coluna social, cita o período em que a jornalista Thaís Bezerra atuou
na Gazeta, afirmando que ela recebia colaboração de pessoas que a ajudavam a
escrever algumas seções da coluna. Fez referência direta ao nome do jornalista
Fernando Sávio como importante colaborador de Thaís.
Todavia,
afirma que não há nada de estranho nisto. E cita os influentes jornalistas
brasileiros já falecidos Ricardo Boechat e Zózimo Barrozo do Amaral que começaram
profissionalmente com o colunista social Ibrahim Sued. “O Zózimo tinha uma
equipe que trabalhava com ele. Eu trabalhei com Luiz Daniel Baronto na Federação
das Indústrias e ele preparava algumas notas” para colunistas sociais sergipanos.
Paulo
Brandão cita o seu próprio exemplo durante o período em que foi editor da
coluna Informe GS. “Eu tinha um repórter do Informe GS que era Zé Brasil. Zé
Brasil era o cão para trazer informação e as vezes informações relevantes, mas
Zé Brasil não sabia escrever. As vezes ele botava lá: ‘Paulo, leia tudo porque
o começo pode estar no fim e o fim pode estar no começo’”.
Segundo
Paulo, de muitas laudas escritas por Brasil, ele sempre conseguia garimpar três
ou quatro notas que eram informações relevantes para o Informe GS. “Isto
deveria ser praxe. Você fazer uma coluna semanal para uma revista até dá pra
fazer sozinho, mas uma coluna diária é fogo. Para todo dia você ter boas
informações é difícil”
Paulo
comunga com o ponto de vista segundo o qual muitos desses informantes eram fotógrafos,
organizadores de festas, dirigentes de clubes sociais, corroborando com a ideia
de que a vida, as festas, os diversos eventos esportivos e de outra natureza
nos clubes de elite foram muito importantes como lócus que servia de manancial informativo
para os colunistas sociais.
Revela
que observou isto, a partir do próprio ambiente familiar no qual foi educado. “Lá
em casa a gente era sócio do Iate e da Atlética. Meu pai tinha títulos do Iate
e da Atlética. Quando eu fiquei maior meu pai me deu um título do Iate. Ele já
tinha comprado três, um para cada filho”.
Nas
observações feitas por Paulo Brandão sobre o tema, é possível perceber que os
clubes sociais perderam a importância que tiveram no passado e ele próprio
confessa não lembrar a última vez em que esteve no Iate Clube de Aracaju. E
cita o fato de a Associação Atlética de Sergipe haver sido destruída em seu
quadro de sócios e também fisicamente, posto que as instalações físicas do
clube foram demolidas.
E
assinala que os clubes sociais não são mais os espaços nos quais a elite
organiza as suas grandes festas, os seus grandes eventos. “Você não tem mais
nos clubes festas de réveillon. Você não tem mais um carnaval num clube. A
última vez em que eu estive foi num almoço grande do dia dos pais. Tem cerca de
quatro anos. Você não tem mais onde reunir grandes contingentes de socialites e
isto, de fato, dificulta”.
Paulo
Brandão encara com naturalidade estas mudanças sociais, as alterações nos
hábitos das pessoas, das suas famílias. Além disto, chama a atenção para o fato
de estarmos vivendo a era das comunicações instantâneas propiciadas pela rede
mundial de computadores, pelos smartphones, pelos serviços da rede internet,
que se tornaram acessíveis a todas as pessoas.
No
seu entendimento, cada vez mais as pessoas necessitam menos de um profissional
que faça o papel de intermediário entre a sua vaidade e o grande público, tal
como eram no passado os colunistas sociais. “Hoje você coloca no Instagram a
foto dizendo que estava não sei onde.
Hoje você está almoçando com os amigos e posta a foto lá no Facebook, no
Instagram”.
Tudo
isto reduziu o papel que tinha o jornalista da coluna social como intermediário
das informações a respeito da vida glamourosa dos grupos de elite. Na verdade,
as pessoas verificam quem faz festa, quem é chic, quem viaja, quem se veste com
grifes claras e elegantes pelo Facebook e pelo Instagram.
Por
tudo isto, Paulo Brandão entende que as mídias da internet passam a cumprir
cada vez mais o papel que outrora era das colunas sociais. “Fulaninha fez
aniversário e imediatamente todo mundo publica as suas 500 fotos que ela tirou
por lá. A mídia impressa, principalmente, precisa se reinventar”.
Todo
este contexto faz com que várias pessoas considerem que a mídia impressa, no
sentido do jornal, do papel, está morta. Muitos que eram leitores habituais e
assinantes de jornais e revistas, certamente pararam de comprar esse tipo de
produto. Não sujam mais as mãos de tinta.
*Jornalista,
professor, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia
Sergipana de Educação.
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