Jorge
Carvalho do Nascimento*
Jornalismo
é informação? Jornalismo é negócio? Jornalismo pode ser neutro? A coluna social
é jornalismo ou é negócio? Na opinião da jornalista Lara Aguiar, coluna social
é um campo especializado do Jornalismo que ganhou o espaço dos veículos de
comunicação ao longo do século XX.
É
uma área que chama muito a atenção do público e isto faz da coluna social algo
economicamente bem rentável para os veículos de comunicação. O seu entendimento
de coluna social é que tal espaço é uma espécie de vitrine para as empresas e
para a afirmação de uma imagem. Por isto, os espaços de coluna social são
vendidos por valores elevados.
Segundo
Lara Aguiar, ela também mudou sua opinião sobre a coluna social. “Com o tempo
eu mudei o que eu penso. Eu tinha muito preconceito e achava que nunca iria
trabalhar fazendo nada parecido. Eu dizia: isto é futilidade e eu não posso
perder meu tempo falando de quem vai passar as férias numa praia deserta com o
namorado.
Sempre
achei isto uma perda de tempo, mas eu nunca deixei de enxergar a importância da
coluna social. Esse tipo de informação é necessário porque atrai leitores e
produz rendimentos para o veículo de comunicação. Um veículo de comunicação não
pode sobreviver somente com as editorias de política e de notícias do dia-a-dia”.
Efetivamente,
a coluna social, do ponto de vista financeiro atrai anunciantes e
patrocinadores em quantidade. Não é estranhável que a coluna social abra
generosos espaços para entrevistas e notícias de eventos que interessam a empresários
e seus familiares.
Os
dias de circulação dos cadernos de coluna social, normalmente nos finais de
semana, são ocasiões nas quais cresce a circulação dos jornais. Os leitores
procuram a publicação assinada pelos colunistas sociais, principalmente quando a
responsabilidade é de jornalistas que se projetam como pessoas de prestígio que
possuem acesso a informações dos grupos da elite econômica, política e cultural.
Sem
abandonar por completo alguns dos preconceitos que assumia no passado, a
jornalista Lara Aguiar faz observações aparentemente contraditórias. “Apesar de
ser uma futilidade, é uma futilidade útil para os veículos de comunicação, para
os que estão interessados em divulgar seu produto, seu trabalho. Eu vejo hoje a
coluna social como algo de muita utilidade.
Não
posso deixar de observar que no seu processo contraditório muitas vezes a
coluna social provoca frustrações em pessoas que aspiram uma vida glamourosa
que está distante do seu horizonte. Eu comecei a ver o lado bom da coluna
social a partir do momento que entendi ser importante para os veículos de
comunicação ter fontes de receita que garantem a sua sobrevivência”.
Lara
Aguiar foi responsável pela coluna social, especializada em saúde, no caderno
REVISTA DA CIDADE, publicado pelo JORNAL DA CIDADE, em Aracaju. Em tal condição
teve necessidade de compreender o universo editorial do campo, renunciando a
muitas das certezas que assumia anteriormente.
Teve
que aprender uma nova linguagem e confessou em entrevista que concedeu ao autor
deste texto que, antes de assumir tal responsabilidade, ela recusava até
aprender e compreender melhor sobre o tema. A responsabilidade de editar o caderno
a fez entender a linguagem e a sua importância editorial.
“Eu
me vi com um vocabulário muito bom para a coluna social e aprendi a entrar
naquele jogo. Tive um certo cuidado. Nunca permiti passar uma ideia de
futilidade exagerada. No momento de falar de alguém, de alguma pessoa famosa do
meio da saúde, buscava principalmente as coisas do trabalho, os cursos que a
pessoa fazia, as novidades que trazia para o mercado de Sergipe”.
Olhando
a partir da perspectiva da coluna social, Lara Aguiar afirma que o Jornalismo é
ao mesmo tempo informação e negócio. As duas dimensões convivem juntas. A
empresa jornalística, pela sua natureza, é sempre da iniciativa privada. Para
sobreviver e cumprir suas finalidades necessita gerar receita.
“Como
é que uma emissora de TV se sustenta? Como é que um jornal se sustenta? Alguém
paga por isto. Um veículo de comunicação necessita gerar lucros para fazer as
informações que produz chegarem a todos. É claro que os veículos de comunicação
possuem algumas amarras. Quanto mais amarras, melhor para a empresa e pior para
o leitor. É necessário encontrar um ponto de equilíbrio.
Ainda
assim existem áreas do veículo de comunicação que procuram trabalhar de modo
imparcial. Os veículos de comunicação também buscam, de alguma maneira, não ter
uma imagem manchada. A TV X não pode falar AMARELO sobre um fato que a TV Y
falou ser AZUL. Em algum momento as pessoas terminam querendo escolher quem
fala a verdade e isto cria uma confusão absurda”.
*Jornalista,
professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e
presidente da Academia Sergipana de Educação.
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