Jorge
Carvalho do Nascimento*
Clara
Angélica foi convidada por Paulo Roberto Dantas Brandão, diretor da Gazeta de
Sergipe, em 1982, para trabalhar no caderno GAZETINHA. Ela assumiu a editoria
do suplemento e introduziu colunas como Ecologia, dentre outras. Clara
permaneceu dirigindo o caderno até o ano de 1985.
Durante
a campanha da primeira eleição para prefeito de Aracaju após a ditadura
militar, em 1985, ela apoiou a candidatura do então deputado federal Jackson Barreto.
“Eu apoiava Jackson e era discurseira nos comícios da periferia da cidade.
Fazia discursos inflamados, à época usando minissaias que eram moda. Paulinho
me demitiu por causa de uma nota que eu publiquei.
Disse
que o candidato a prefeito Jackson Barreto caminhava pelas areias da praia de
Atalaia com uma charanga e mais de uma centena de seguidores. Foi uma festa na
praia. Ao sair da praia avistei o candidato Gilton Garcia solitário,
conversando com um amigo. Publiquei a foto. Paulo Brandão não gostou”.
O
diretor da GAZETA DE SERGIPE informou a Clara Angélica que o jornal estava
alinhado com a candidatura de Gilton Garcia e que ela estava desligada da
GAZETINHA. À época lamentou perder os rendimentos que auferia com o trabalho no
jornal, uma vez que após a volta dos Estados Unidos da América ainda não havia
se estabilizado financeiramente em Aracaju.
Clara
Angélica, à época, trabalhava na Subsecretaria de Cultura e Arte – Suca,
apresentava o TV MULHER, na TV Sergipe, e editava a GAZETINHA. Era assim que
gerava renda para se manter e criar e educar dois filhos. “Me fez falta
financeiramente a GAZETINHA, mas felizmente eu contava com a ajuda financeira
da minha mãe”.
A
jornalista Clara Angélica afirma que após sair da GAZETA DE SERGIPE começou a
buscar novas alternativas profissionais de geração de renda. Era início do ano
de 1986. Jackson Barreto de Lima era o prefeito de Aracaju e João Alves Filho o
governador do Estado de Sergipe, ambos politicamente aliados.
“Hugo
Costa e Luiz Eduardo Costa estavam vivendo uma situação política difícil naquela
oportunidade. Ambos eram aliados do ex-governador Augusto Franco, a quem
assessoravam politicamente. “Hugo me ligou. Eu sempre aprendi muito com ele.
Precisão, objetividade ao escrever. Era muito bom conversar com ele e desfrutar
da sua inteligência.
Luiz
Eduardo Costa sempre foi um homem bem mais erudito que Hugo. Mas, a
inteligência deste ultimo e o seu raciocínio rápido eram fascinantes. Eles me
chamaram para uma conversa e me fizeram uma proposta. Luiz Eduardo me disse que
eles sempre foram adversários de Jackson Barreto e de João Alves e que
desejavam criar um novo jornal em Aracaju, mas precisavam de mim como sócia
porque eu era amiga do governador de Sergipe e do prefeito de Aracaju”.
Estava
nascendo o semanário O QUE. A tarefa de Clara Angélica seria a de tentar abrir
as portas da política de comunicação da Prefeitura de Aracaju e do Governo
estadual para que estes se unissem ao grupo de anunciantes do periódico. Na
divisão de cotas da sociedade comercial, Hugo e Luiz Eduardo ficariam com 40
por cento cada um e Clara Angélica com 20 por cento.
Ela
usou da intimidade que desfrutava junto a João Alves Filho e conseguiu agendar
um café da manhã na residência dele. Apresentou o projeto do novo jornal e
conseguiu entusiasmá-lo. Todavia, João Alves reagiu mal aos nomes dos dois
sócios citados por ela. Ao final da conversa ficou convencido pela
interlocutora que seria politicamente bom para ele transformar dois importantes
jornalistas adversários em aliados.
Ao
final da refeição, Clara Angélica havia assegurado uma volumosa cota de
patrocínio mensal para o periódico. O próprio João Alves Filho ligou para o
secretário de Comunicação Social, Raymundo Luiz, autorizando o dispêndio para com
o mais novo veículo.
Em
seguida procurou o prefeito Jackson Barreto. Também houve uma reação adversa da
parte do chefe do Poder Executivo municipal. Contudo, ao final da audiência no
Palácio Inácio Barbosa, Clara Angélica havia também conseguido assegurar uma
significativa cota de patrocínio da parte do governo de Aracaju.
O
jornal começou a circular, mas logo nas primeiras semanas houve uma
reorganização da sociedade, da qual Hugo Costa pediu desligamento. Luiz Eduardo
Costa continuou liderando a sociedade comercial, porém houve um redivisão das
cotas que ampliou a presença de Clara Angélica como sócia.
Imediatamente,
Clara Angélica convidou os jornalistas João Barreto Neto e Araripe Coutinho
como colunistas sociais do semanário. Luiz Eduardo Costa convidou a advogada
Zelita Correia para escrever crônica política. A jornalista Marta Mari foi
contratada como repórter. O economista Antônio Newton Porto, que trabalhou como
jornalista esportivo no jornal GAZETA DE SERGIPE, foi convidado a atuar como
comentarista econômico.
Luiz
Eduardo Costa era o diretor geral do semanário e Clara Angélica a chefe de
redação. A ele cabia uma coluna de resenha política e também a escrita do
editorial, além de fechar a primeira página. Produzir as demais páginas do
semanário era responsabilidade de Clara Angélica.
Pouco
tempo depois, Clara passou a figurar no expediente do periódico como Editora.
Ela mantinha uma coluna política chamada Rodapé e assinava uma entrevista que
semanalmente ocupava as páginas centrais da publicação. O jornal O QUE circulou
durante 10 anos, até encerrar suas atividades.
*Jornalista,
professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e
presidente da Academia Sergipana de Educação.
Excelente profissional. Vou fazer uma pergunta a quem lê esse comentário: como você tem aproveitado o tempo extra que a pandemia talvez esteja lhe concedendo? Não seria bom usar esse momento para crescer profissionalmente? Venha conhecer o curso de elétrica predial e industrial da CTPG. Acesse: http://bit.ly/OfertaPalladio
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