Jorge
Carvalho do Nascimento*
O patriarca José Calazans de Carvalho, nascido em Macambira, Estado de Sergipe, no ano de 1898, casou-se com Maria Menezes de Carvalho (chamada pela família e pelos amigos de Dona Pequena) e foi pai de sete filhos.
Uma marca dos filhos de
Romualda e Tolentino foi a disposição de todos eles para viajar procurando
oportunidades de trabalho. Tolentino morreu muito jovem, mas Romualda foi
longeva e viveu por mais de 80 anos na propriedade da família, ao lado da sua
irmã, tratada pelos familiares como Denden.
Calazans
e todos os seus irmãos do sexo masculino fizeram muitas migrações. Como ele,
também viajaram para viver em outros lugares Ozéias, Emílio, Jaime e Juza. Calazans
morreu no Rio de Janeiro; Ozéias em Vila Velha, Estado do Espírito Santo;
Emílio em Santos, Estado de São Paulo; e, Juza em Vila Velha. Jaime desapareceu
viajando entre São Paulo e Minas, durante a chamada revolução constitucionalista
de 1932.
Em
Sergipe ficaram as irmãs Petrina Carvalho e Maria José, chamada pela família de
Bií. Petrina migrou para Maruim e de lá para Aracaju, onde viveu como
comerciante de roupas no mercado Antônio Franco. Com Petrina, viveu a sobrinha Santinha, filha da sua irmã Bií.
A
primeira experiência de trabalho de José Calazans fora de Sergipe foi no Estado
do Amazonas. Levado pelo seu tio Antônio que trabalhava como
empresário, construindo estradas de rodagem. A Amazônia vivia a efervescência do
Ciclo da Borracha. Aos 16 anos, ainda era menor de idade, mas sua mãe terminou
autorizando que partisse.
José
Calazans era letrado e sabia ler e escrever corretamente. Dominava o vernáculo
e era possuidor de uma boa caligrafia, o que era muito importante numa época em
que as máquinas de escrever ainda não estavam popularizadas. Essas habilidades
o fizeram ganhar dinheiro escrevendo cartas comerciais e de amor.
Calazans
fora um dos jovens de Macambira que atraído pela promessa de bom emprego na
Estrado de Ferro Vitória-Minas emigrou do interior do Estado de Sergipe para a
cidade mineira de Antônio Dias, em 1926. De lá para Antônio Dias, depois
Coronel Fabriciano, Resplendor e Teófilo Otoni.
José
Calazans mudou para o Estado de Minas Gerais acompanhado da esposa, Maria
Menezes de Carvalho, e pelos filhos Constantino e Cleildes. Em Teófilo Otoni
nasceu Emerson. Josefina e Maria Helena nasceram em Sergipe, depois que Calazans
resolveu retornar e retomar suas atividades de geração de renda na terra natal.
Considerou
que não fez a melhor das opções e resolveu regressar à sua cidade em Sergipe,
onde seus pais eram sitiantes e viviam da atividade agrícola em Macambira,
enquanto seu sogro, também proprietário rural no vizinho município de Campo do
Brito, era produtor de algodão.
Em Macambira, Calazans se estabeleceu no comércio e se transformou em um comerciante próspero, sempre com a ajuda do sogro que era homem influente em toda a região.
Calazans morava com a família em uma boa casa, em um espaço dos mais
privilegiados da cidade, a praça do mercado. O imóvel dispunha de três quartos
grandes, uma boa sala de jantar, um corredor comprido.
Com apetite para atividades da política e, também práticas esportivas, José Calazans terminou assumindo a presidência do clube de futebol local.
Ele exercia forte liderança social, o que lhe rendeu
alguns problemas de relacionamento. A fim de evitar conflitos, a família
entendeu que seria mais adequada a transferência de Calazans para o povoado
Terra Preta, no município de Itabaiana.
Em Terra Preta, José Calazans gerenciou um alambique pertencente ao empresário e chefe político Sílvio Teixeira, amigo de Roque, o sogro de Calazans.
Eram muitas as
atividades empresariais do líder do Partido Social Democrático – PSD na região
agreste de Sergipe. Os interesses de algumas das suas empresas fizeram de
Sílvio Teixeira comprador do algodão que Roque plantava. Daí nasceu uma sólida
amizade e um importante relacionamento político.
Um
acidente vascular cerebral – AVC afastou José Calazans do trabalho no
alambique. Era necessário cuidar da saúde. Sílvio Teixeira levou Calazans para morar
e ser tratado na cidade de Itabaiana, durante alguns meses sob os cuidados do médico
Gileno Lima. O tratamento funcionou e houve a recuperação completa, sem deixar
sequelas.
Depois de viver alguns anos em Itabaiana, a família fez nova migração e foi viver no município de Laranjeiras, importante centro produtor e exportador de açúcar de cana.
Em Laranjeiras a família morou em uma das principais ruas da cidade. O
acesso à casa, um imóvel confortável, se dava por uma escadaria.
Depois, a mudança para a cidade de Aracaju, capital do Estado de Sergipe, onde José Calazans também se estabeleceu como comerciante.
Quando mudou para Aracaju, a família morou em uma boa casa na rua São Cristóvão e Calazans montou um armazém de secos e molhados na esquina da rua São Cristóvão com a avenida Pedro Calazans, separado do imóvel onde residiam.
A casa da rua São Cristóvão, em Aracaju,
tinha sala, três quartos, sala de jantar, cozinha e banheiro, além de um
quintal amplo no qual existia um tanque para a lavagem de roupas.
*Jornalista,
professor, doutor em Educação, professor aposentado do Departamento de
História, do Mestrado em História e do Mestrado e Doutorado em Educação da
Universidade Federal de Sergipe, membro da Academia Sergipana de Letras, da
ABROL e presidente da Academia Sergipana de Educação.
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