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MEMÓRIAS DO JORNALISMO E DA COLUNA SOCIAL


  

 

Dilson Menezes Barreto*

 

 

Prezado Jorge Carvalho,

 

Li MEMÓRIAS DO JORNALISMO E DA COLUNA SOCIAL, mastigando as palavras por ser um assunto que, durante minha caminhada profissional, nunca dei grande importância por entender a coluna social simplesmente como fonte de fofocas e repertório e notas sobre a vida alheia, para muitos bastante prazerosa. Não levava em consideração, por preconceito, o contexto social em que tais conjuntos de informações estavam inseridas em cada momento da sua história, bem assim os valores por elas representados. Não obstante tal julgamento, sempre mantive boa convivência com muitos dos cronistas sociais citados, a exemplo da João de Barros, Pedrito Barreto, Karmen Mesquita, Luiz Adelmo, Dayse Monte, Clara Angélica (um doce de pessoa), Ilma Fontes, Didi Macedo e Paulo Nou (no período universitário); Dudu Cabral, Anderson Nascimento, Zelita Correia, Luduvice José, Luiz Daniel Baronto e Luiz Eduardo Oliva (este meu primo por adoção), os quais nunca imaginei como cronistas sociais, porém ligados a outras atividades profissionais; mais adiante, Amaral Cavalcante, Lânia Duarte e 1Sacuntala Guimarães (ambas detentoras de minha grande estima), Thais Bezerra (que muito admiro pelo seu determinismo, revolucionando o modo de fazer crônica social), por último, Maria Franco, amiga querida.

A leitura do seu magistral livro MEMÓRIAS DO JORNALISMO E DA COLUNA SOCIAL me fez entender o assunto com outro olhar, levando em conta as circunstâncias de cada momento de sua história, compreender o seu contexto, ficando claro que cada momento era um momento específico no cotidiano das pessoas. Por não valorizar quando da leitura dos jornais esta coluna específica, a leitura deste seu livro e, fruto também do meu próprio amadurecimento, mostrou-me uma verdade que na época eu resistia em aceitar. O conteúdo de MEDMÓRIAS DO JORNALISMO E DA COLUNA SOCIAL representa uma aula magnífica sobre o Jornalismo, fazendo a ligação entre o profissionalismo como função primordial e a ética como um dever moral, nele inserindo aspectos relevantes da coluna social, não como uma atividade de somenos importância ex, não como uma atividade de somenos importância excida por amadores, mas como uma atividade profissional relevante e bastante noticiosa, servindo inclusive de fonte de pesquisa para estudiosos em Sociologia e Antropologia que desejem compreender o passado e o futuro de uma sociedade em ascensão.

Após a análise teórica sobre questões específicas do Jornalismo e  da coluna social, você oferece ao leitor  num trabalho hercúleo de pesquisa, de forma resumida, a caminhada profissional dos mais diversos cronistas sociais de Sergipe e de outros Estados da Federação, tanto no  jornal impresso como na mídia televisionada, indo de A a Z, plagiando Thais Bezerra. Além disso, você nos brinda com uma lição de vida. Cada personagem aqui retratada desfruta de um modo de vida e de pensar que é construído a partir do próprio amadurecimento de cada um revelando seus valores intelectual, artístico e cultural e da consciência coletiva que adquirem à medida que os horizontes se abrem para eles. Assim é que vejo hoje com outro olhar João de Barros (Barrinhos) pela imensidão do seu coração revelado neste livro e por mim totalmente desconhecido, patrocinando obras sociais como a Ação Solidária Santo Antônio.

Infelizmente a internet e os blogs individuais estão mudando cada vez mais esse processo de dar ao público, mediante a leitura impressa nos jornais, das notícias sobre a vida comum das pessoas registradas nas colunas sociais, o prazer de acompanhar o seu cotidiano, rir, chorar, criticar, xingar ou enaltecer o responsável pelas informações. Como você bem o diz na página final do seu livro, com a polarização do uso da internet neste século XXI, “todas as pessoas foram transformadas em consumidores compulsórios da vida de todos, conhecidos e desconhecidos”. Dentro desta metamorfose que se acelera a cada dia, tenho a impressão que somente vai sobreviver a magistral Thais Bezerra que soube entender o momento de mudança, dando uma nova roupagem ao seu Caderno, transformando-o num veículo aprazível de leitura até mesmo para os mais resistentes à coluna social.

Parabéns grande escritor!

 

 

*Economista, Especialista em Desenvolvimento Econômico pela CEPAL E EM Planejamento do Setor Público. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe e professor aposentado da Universidade Tiradentes. Foi Diretor Presidente do Instituto de Previdência do Estado de Sergipe, Diretor Administrativo do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe e Secretário de Estado do Planejamento e da Educação de Sergipe. 

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