Luiz
Eduardo Costa*
O
livro JACKSON BARRETO: TEMPO E CONTRATEMPO, escrito por Jorge Carvalho, no seu
lançamento, na última quarta-feira dia 18, transformou-se, pela aclamação
publica que recebeu, na própria comprovação da tese defendida pelo magistral
biógrafo: o biografado foi, efetivamente, a maior liderança popular em Sergipe,
desde os tempos do autoritarismo e a transição democrática, cujo clímax foi a
apoteótica chegada de Jackson nos braços do povo à Prefeitura de Aracaju, e à
vitória alcançada em 1994 no primeiro turno sobre o adversário Albano Franco,
em torno do qual se formara um poderoso esquema de poder liderado pelo
governador João Alves.
A
derrota de Jackson no segundo turno, assinalou uma fragilidade sua em firmar a
liderança no interior do estado. Mas outros fatores não exatamente políticos
contribuíram, revertendo tendencias. Jorge faz uma passagem primorosamente
minudente e analítica sobre a arquitetura política e social de Sergipe nesses
anos, mais de cinquenta, em que o menino de família pobre, nascido em Camboatá
Distrito de Divina Pastora, tendo enxergado, ao pisar na lama dos massapês, o
tamanho do fosso de segregação que separava o povo simples regando com seu suor
aquelas terras, da elite enfatuada dos Engenhos, tomou consciência de que a política
deveria ser o seu caminho, e a sua retórica inflamada, a denúncia contra a
tragédia social sergipana e brasileira.
O
livro é um documento valioso, uma vivência trepidante da nossa história
recente, e Jorge Carvalho, professor doutor na Alemanha, se mostra o jornalista
e pesquisador, visceralmente ligado ao teatro, as vezes do absurdo, da nossa
singular sergipanidade. Merece ser lido, pensado, repensado....
*Jornalista,
escritor, naturalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia
Maçônica de Letras e Ciências.
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