Jorge
Carvalho do Nascimento
Algumas
vezes, trocando ideias com o amigo jornalista Luciano Correia divergi de um
ponto de vista no qual ele sempre insistiu. Correia sempre afirmou que nós, moradores
das cidades litorâneas brasileiras, somos dotados de uma certa dose de
arrogância que nos leva a imaginar que o Brasil somente deu certo nas praias.
Claro
que admitimos exceções como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Goiânia. É
lógico que nesse julgamento, como em todas as formas de preconceito, olhamos de
soslaio importantes espaços de bom funcionamento da economia existentes no Brasil,
como Feira de Santana, Campinas, São José dos Campos, Londrina, Cuiabá, Campo
Grande, Manaus, Ribeirão Preto, Itabaiana, Arapiraca, Campina, Caruaru e outras
tantas.
Logicamente
Luciano nos fala de formas veladas de preconceito, não admitidas pelos que
assumem tal postura. Mas, de uma forma ou de outra, em qualquer roda de
conversa, quando alguém encontra qualidades no estilo de vida ou na forma de
organização da vida fora do circuito litorâneo brasileiro, sempre há quem diga
tratar-se de uma exceção e que tal feito não pode servir como exemplo de
sucesso.
As
visões da realidade andam fazendo com que eu perceba estar correto o discurso
de Luciano Correia. Atualmente trabalhando a serviço do Rotary International,
como governador do Distrito 4391, tenho viajado pelo Brasil profundo da região
Nordeste e me deparado com formas urbanas e complexas de organização da vida e
de disponibilização dos serviços que me surpreendem. E quando relato a alguns
amigos que vivem no litoral o que eu tenho visto, percebo que muitos torcem o
canto da boca numa expressão que objetiva espargir descrença quanto aos fatos
relatados.
Passei
parte da minha vida ouvindo informações sobre o interior do Estado do Piauí que
denotavam a mais absoluta descrença quanto a possibilidade de aperfeiçoamento
da qualidade de vida das populações do interior daquele estado. Recentemente as
minhas tarefas no Rotary me possibilitaram atravessar de carro a região semiárida
piauiense.
A
viagem pelos sertões do Piauí me surpreendeu e fez com que eu me sentisse uma
espécie de “Velhinha de Taubaté’ fora de tempo e lugar. A velhinha, para quem
não lembra, era personagem que nasceu na imaginação do escritor Luiz Fernando
Veríssimo durante a ditadura militar que governou o país de 1964 a 1984.
Semanalmente, Veríssimo publicava, nos principais jornais brasileiros, crônicas
acerca da Velhinha cuja principal marca de comportamento era acreditar em tudo que
o governo dizia.
De
2015 a 2022 o Piauí teve o atual senador da República e ministro do
Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate a Fome, Wellington Dias,
como governador. Ao deixar o governo para ser candidato ao senado, ele havia
colocado o Piauí nas primeiras posições de crescimento do Índice de
Desenvolvimento Humano – IDH, em crescimento econômico e o segundo estado do
Nordeste brasileiro a liderar o crescimento da geração de emprego formal, além
de ser também o vice-líder brasileiro no ranking de vacinação.
Quem
atravessa de carro o semiárido piauiense observa as conquistas e as mudanças
que Wellington Dias conseguiu promover. Se o clima semiárido sempre foi
utilizado nos discursos como obstáculo ao desenvolvimento regional, Wellington
Dias implementou políticas públicas que usaram as condições climáticas em
benefício das pessoas que vivem naquele ecossistema.
Com
tais políticas, Wellington Dias conseguiu inverter os indicadores de pobreza
com os quais o Piauí convivia historicamente. Buscou o desenvolvimento
sustentável da região e mudou a vida de mais de 36 mil famílias de agricultores
que foram qualificados e organizaram cooperativas.
Assim,
os homens e mulheres do semiárido do Piauí passaram a ter como atividades
econômicas sustentáveis a ovinocaprinocultura que já era explorada na região, a
apicultura, a avicultura e a suinocultura. Implantou também um sistema de
cisternas residenciais para garantir o abastecimento de água a todas as
famílias e às atividades econômicas de agricultura e criação de animais.
As
pessoas aprenderam a agregar valor às suas atividades através do sistema de
cooperativas e atualmente exploram pelo mesmo caminho diferentes atividades
econômicas tradicionais, agregando muito valor aos seus produtos, como acontece
com a apicultura, a avicultura e a suinocultura que aqui já foram referenciadas.
Os
moradores do interior piauiense aprenderam a comercializar os bens que produzem
para além da própria subsistência, aumentando a renda e passando a viver com
mais conforto. Trafegar de carro pelas estradas do semiárido piauiense é ver
que o poder público está fazendo o dever de casa, a partir da boa qualidade das
rodovias disponíveis.
Não
precisa buscar outros indicadores nos manuais estatísticos de economia. É
visível a diferença para melhor do padrão construtivo das casas, agora todas de
alvenaria e com bom acabamento. Da mesma maneira, parar em qualquer uma delas
permite verificar que as residências são confortáveis e bem equipadas com todo
tipo de aparelhos eletroeletrônicos e eletrodomésticos existentes no espaço
urbano.
Nem
só de praias se faz um país.
Comentários
Postar um comentário